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Dave Matthews & Tim Reynolds @ Coliseu dos Recreios (10.04.2017)

Dave Matthews tem um princípio sobejamente conhecido que determina que as suas actuações ao vivo da sua banda nunca sejam inferiores a três horas. A passada Segunda-feira confirmou que nem o formato acústico desta nova digressão, feita de mão dada com o seu eterno companheiro Tim Reynolds, demoveu Dave Matthews dessa filosofia.

Foram quase três dezenas de músicas aquelas que a dupla apresentou a um Coliseu dos Recreios bastante ansioso por esta prestação, facto que levou a cânticos entoados pela multidão antes da hora do concerto, como que clamando para que os heróis antecipassem a entrada no palco. As gargantas continuaram afinadas ao longo da noite, não desperdiçando a chance de cantar em uníssono temas como «Satellite» ou «You and Me», para citar dois dos exemplos mais notórios. Em certos temas, além das palavras, a plateia entoou inclusivamente alguns dos acordes que ecoavam do duo de guitarras.

Algo que se evidencia imediatamente é a extraordinária sincronização entre Dave Matthews e Tim Reynolds, nada que não fosse previsível dados os anos de trabalho em conjunto, mas o nível da mesma é tão elevado que acaba por merecer destaque. Dave Matthews executa a espinha dorsal dos temas, ao passo que a guitarra mágica de Reynolds vai enriquecendo os mesmos com pormenores, emulando várias vezes outros instrumentos, como em «Crush», quando executou o magistral solo de violino com que Boyd Tinsley irrompe a meio do tema.

Outro dos aspectos mais notáveis destes dois músicos é o facto de nunca demonstrarem um esgar de frete durante o duradouro concerto, algo que talvez explique o porquê da filosofia de Dave Matthews acerca da duração das suas actuações. E igualmente o elevado número de registos ao vivo que a sua banda tem em disco (a série “Live Trax” conta já com 41(!) volumes). Mesmo neste registo acústico a voz sai-lhe com a mesma garra que quando impulsionado pela força da banda inteira.

Uma surpresa a meio do concerto com a chamada ao palco de Carlos Varela, um convidado que a dupla conheceu em Havana e com quem terminou a tocar canções uma noite de muito rum em solo cubano. Os restantes momentos em que o concerto fugiu do conceito estabelecido foram as duas composições instrumentais interpretadas por Tim Reynolds a solo, nas duas vezes em que Dave Matthews abandonou momentaneamente o palco. Sublinhe-se também a beleza extrema de «Virginia in the Rain», no momento único em que Dave Matthews trocou a guitarra pelas teclas do órgão.

Relativamente ao referido conceito apresentado aquando da marcação do concerto, de realçar que faltou a parte de storytelling que era um dos pontos que gerava alguma curiosidade. Dave Matthews comunicou aqui e ali com a audiência, mas num registo tradicional, agradecendo o carinho e lançando uma ou outra tirada mais cómica acerca de algum detalhe do concerto. Quase sempre as músicas saem enriquecidas quando os seus criadores partilham connosco as histórias de bastidores ou as traves mestras que as ergueram, portanto foi pena não ter acontecido.

Foi um verdadeiro serão em família (até Dave Matthews trouxe a sua em digressão) em que os fãs do músico tiveram uma oportunidade sui generis para celebrar e cantar o rico e vastíssimo catálogo com que nos tem presenteado ao longo da carreira.

 

Alinhamento

–  So Damn Lucky
– Satellite
– Bartender
– Crush
– Samurai Cop
– Lie in Our Graves
– When the World Ends
– Walls and Doors
– Cornbread
– Healing Notion
– Virginia in the Rain
– Warehouse
– #41
– Say Goodbye
– Save Me
– You & Me
– Rooftop
– Grey Street
– Summer Night In December
– The Stone
– Recently
– What Would You Say
– Two Step

(encores)

– So Much to Say
– Ants Marching
– Jimi Thing
– Dancing Nancies
-Crash Into Me



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