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Death Mag

Death: What is it?

“A vida é uma relação com a fugacidade, e a morte: uma revista para os entusiastas e não entusiastas também é uma revista bi-anual que fala para isto: um jornal curadiado que instiga escritores e artistas visuais a interpretar o tema como desejarem, em qualquer tom. Qual é, e – se eu me importar – porque me importo?

O mundo provoca regularmente associações escuras. Exames mais minuciosos revelam um espectro de cores e considerações, como natural, mundano e pressionando a vida em si. Death magazine não é somente relatórios sobre mortalidade humana, mas perspectivas em como esta arranja, aumenta ou ofusca uma vida – literalmente, metaforicamente, absurdamente. Na cama, no autocarro, num centro comercial, durante o trabalho; todos nós temos relações com a morte. Ao lado de cada gesto esquecido, o facto perdura: isto não vai durar para sempre. Death não é feita para gerar lucro, e está disponível grátis online“.  Forrest Martin

Esta revista sai fora do típico modelo popular de publicações num tema universalmente essencial, embora raramente abordado nos meios de comunicação. A ironia na publicação de uma revista que surge nas cinzas do desaparecimento de outros, quando relacionado com a morte de revistas, sendo muito comum hoje em dia o aparecimento e desaparecimento de revistas sobre diversos temas. A internet, embora muito útil, consegue ser mortal para a existência de revistas, havendo uma imensidão de blogs e revistas online, revistas em papel acabam por não durar muito no mercado se não tiverem algo para dar e se não mantiverem leitores e admiradores. Até existe um site sobre a morte de revistas; magazinedeathpool declara “Who will be next?” e apresenta uma lista de revistas que afundam.

No entanto, Death Magazine é uma “Self-Publish” (auto-publicação) correntemente na quarta edição, usando tecnologia print-on-demand e com um elenco de contribuidores como Lynda Barry, Experimental Jetset e Mirah Yom Tov Zeitlyn.

Primeiramente porquê a morte? De onde surgiu este projecto?

Há alguns anos atrás Nathan Cearley, um amigo, abordou-me com uma ideia para uma revista literária chamada Death, Morte, uma revista para os entusiastas e os não-entusiastas. Fiz uma capa e escrevi um artigo de #$%&, mas o projecto nunca foi a lado nenhum. Há dois anos atrás perguntei-lhe se podia reavivar novamente a ideia com um toque meu, porque descobri o Magcloud e subitamente o potencial para aprender sobre revistas pareceu completamente realista. Especialmente com o apoio de um tema universal, mas indiscutivelmente sub-representado, que foi totalmente aberto à interpretação.

Quanto ao interesse pelo tópico, ou o porquê da ideia ter ficado presa a mim em primeiro lugar – em grande parte é o resultado de uma ansiedade crónica em criança. Tomou a forma de um hipocondríaco, que, quando combinado com aquilo que eu considerava um racionalismo agnóstico, levou-me basicamente aos termos da minha iminente morte e a inevitável eternidade do nada absoluto, a minha actividade favorita. (Aos 9 anos eu já tinha “Sida”, e fazendo as contas, concluía que DEFINITIVAMENTE não iria chegar aos 16 anos. Também dei a mim próprio “Cancro da mama”. Eu sou um rapaz. E sim, rapazes também apanham – perguntem a Joan Rivers.)

24 anos depois aquela relação mudou, mas ainda tinha um traço escorregadio cravado no meu cérebro que me compele a focar na minha mortalidade. Embora um obstáculo, considero que é muito reconfortante, às vezes. Eu não posso saber o que este bip inesperado da consciência alojado em um corpo resultará. Há um sentido real de maravilha. E é útil para a perspectiva. Eu recentemente tenho passado por um período em que o primeiro sentimento que tenho de manhã é que estou feliz por estar vivo, por nenhuma outra razão de que eu não estou morto.

Qual a razão do subtítulo “for the enthusiast and non-enthusiast alike”?

Foi uma espécie de jogo de conveniência do conceito – não importa se estiver interessado no assunto – continua ligado a ele. Somos todos mortais e temos relações com a morte, embora a maioria a mantenha à distância, e aqueles que se focam nesta (os entusiastas) tendem a ser melancólicos e góticos. Eu gosto de criar um espaço para a morte que não seja particularmente um cliché, e que reconhece a maravilha que é. É o maior mistério das nossas vidas.

Qual é a tua experiência criativa?

Estive a trabalhar nos últimos 3 anos em design de publicidade. Estudei desenho, pintura e animação experimental no colégio. Algures entre o colégio e onde estou agora, perdido nas florestas gays de Tennessee, o meu pai sugeriu que eu poderia gostar de design gráfico – sabem, se eu queria tentar fazer algo pela vida a algum ponto. Isto me levou, no ano seguinte, ao programa WK12 de um ano de Wieden+Kennedy’s, que abriu um grande mundo de oportunidades, stress, e divida adicional. Mas foi um verdadeiro ponto de viragem.

Montar uma revista parece dar muito trabalho! Sabias no que te ias meter quando começaste este projecto?

E é! E não, não sabia. Mas, como disse, não saber foi a razão pela qual o fiz. Adoro o “actual” prazo de validade das revistas, como reflectem a fugaz tendência e interesse e como inadvertidamente criam cápsulas de tempo cultural, mas não sabia nada sobre como estas funcionavam. Pensava especialmente neste projecto em termos de layout/design, mas rapidamente me apercebi que tinha que me recordar como escrever e editar Inglês correctamente, ou inventar uma razão para o ignorar. Emoldurá-la na minha mente como se fosse uma “revista de arte”, com todas as permissões que a arte visual permite, transborda liberdades para os escritores nas suas peças. Encorajo as pessoas a interpretar a “morte” como quiserem.

Como é o processo editorial? Direcção artística, design? És capaz de pagar aos seus contribuidores ou pessoal editorial?

Ninguém é pago. Tenho dois editores que são uma grande ajuda a manter a revista organizada e a apanhar inconsistências – John Wilmot e James Boyda. Tudo o que têm de mim é um número para cada, às vezes um dia grátis no Spa. Em termos de design, estou a aprender por necessidade, e agora sou muito mais observador quanto a outras revistas.

O processo de montagem é como um quebra-cabeças. A excepção é é-te enviado por email um pedaço de cada vez, e é o meu trabalho pedir às pessoas para mudar caso esse pedaço não se adeqúe. Montar tudo é a parte mais divertida para mim, tentando coadjuvar algo sobre a morte com interesse, entreter e ser profundo sem parecer demasiado intenso ou gótico. Cemitérios e riscos pretos não têm lugar no canto da morte; ninguém tem, certamente não a revista “Death”. Bebés gritam acerca dela assim que nascem, e todos nós namoriscamos com esta a todas as horas, mesmo os optimistas. Desta maneira, não é grande “estrilho”, permanecendo no maior negócio de sempre – um de que nós nunca fartamos até morrermos.

Tens uma grande lista de contribuidores. Como chegar até às pessoas que criam conteúdos para a Death Magazine? As pessoas estão ansiosas para escrever acerca da morte?

Email! Tenho uma lista de pessoas com quem arranjo desculpas para falar, e contacto-os. Por exemplo, conheci Tom Spanbauer através de festas e contactei-o através do seu email; Lynda Barry e eu tivemos os mesmo professores favoritos em Evergreen, e ela fez activismo político com o meu pai, portanto isto foi uma boa transição para apresentações. David Rees foi um email no escuro. Assim foi Ian Stevenson e Michael Zavros, e qualquer pessoa que ainda não era amigo ou conhecido. Ficariam surpreendidos o quanto isto resulta. Eu estou. Enquanto houver um plano de jogo e te certifiques que valorizas o seu trabalho, as pessoas normalmente respondem bem a estruturas e a temas.

Por vezes resultam de outra maneira e eu recebo submissões não solicitadas ou links, o que é interessante.

Como são os vossos leitores? Distribuis fisicamente a revista noutros sítios além de Portland?

Eu também estou curioso como serão os leitores. O que sei é que a maioria dos meus amigos já a leram – ou olharam. Eu coloquei um anúncio aleatório no facebook uma vez. Foi disseminado através do boca a boca e blogs, e as redes das quais os meus contribuidores fazem parte. De vez em quando vejo que alguém a encomendou em Ottowa ou Oakland e pergunto-me como a encontraram. Até agora a revista só está disponível fisicamente em três lojas; Reading Frenzy e Powell’s aqui em Portland, e Orca Books em Olympia. Tenho um “soldado” a trabalhar na Printed Matter em Nova Iorque, mas poderia ser print on demand para eles. Basicamente, é grátis não ser dependente de lojas de tijolo e argamassa – isto é a virtude de Magcloud: 12 dólares e 7 dias mais tarde está nas nossas mãos. É também a virtude da internet: instantânea.

Escreves no site, “para ser acessível como possível, Death não é feita para gerar lucro, e está disponível grátis online.” Então, para onde vão os fundos da venda da revista?

Esta será a resposta mais aborrecida, mas aqui fica: Cada revista vendida online está marcada por 2 dólares. Catorze páginas com a opção de perfeita ligação custam 9 dólares para imprimir, que é marcada até aos 11 dólares, e verifica-se um pouco acima dos 12 dólares para o consumidor com transporte e manuseio – dependendo onde vivem. O dinheiro extra que vem das vendas online é usado para comprar e enviar números aos contribuidores, pagar e manter o website, e as estranhas despesas de marketing e promoção. A maior parte provém do meu próprio bolso.

Ler no iPad ou online é grátis, tal como download em PDF para a imprimir. Eu gosto de ler revistas na minha casa-de-banho, e se é realmente boa eu levo-a para a minha cama, portanto isto é o sítio mais lisonjeiro para manter uma revista.

Esta revista não poderia existir sem os serviços de MagCloud “print-on-demand”. “It’s a ad-free magazine about, uh, death” afirmas. O que achas destes novos meios de publicação de revistas que permitem revista sem anúncios?

É uma paisagem mais ampla! E uma que permite acessibilidade e experimentação, que, a meu ver, cria novas possibilidades de coisas – neste caso de revistas. Não digo que o Magcloud é o tudo e o nada de impressão, mas é decente. Eficiente meio de molhar os pés. Eventualmente, eu gostaria de trabalhar com dimensões e estilos de papéis e tintas, mas por agora este sistema permite-me fazer o trabalho necessário, e parece-se e lê-se como uma revista actual, o que significa que a é. Somente não existe código de barras ou publicidade, ou gastos em subscrições, ou, infelizmente, as amostras de perfume.

Porque é que a Death Mag é uma revista e não um blog, uma série de vídeos ou simplesmente uma revista caseira? Porquê o formato de revista?

A recompensa de um objecto limpo, brilhante, auto-suficiente, perfeitamente vinculado. A legitimidade de uma revista numa casa-de-banho. Uma revista diz-me que pretendo ficar na margem da cultura, e um blog é muito limitado; eu gosto de princípios e de fins.

A última edição, a quarta, intitulada “The Animal Issue”, concentra-se nos animais e como estes lidam com a morte e os grandes mistérios no mundo animal, com tópicos como: Os pinguins perdem-se de propósito? É ético deitar fora a rã do seu filho e substituí-la por outra? Os elefantes são os animais que mais sofrem nos funerais? Além de outros temas que prevalecem no mundo animal relacionados com morte e esta inevitável sequência de eventos que perfaz suas vidas. Este número completa-se com visões de artistas sobre a morte animal, esculturas e fotografias, uma visão artística da morte.

“Death: a magazine for the enthusiast and non-enthusiast alike is an existential hipster art and writing journal about the facts and fictions of being alive.” – Forrest Martin

A revista Death está apenas disponível para os portugueses online ou através da MagCloud. Mais uma pequena relíquia vinda do outro lado do oceano. Atreve-te a conhecer mais sobre este tema que faz parte de cada um, quer queiramos quer não. A conhecer uma visão interessante e perspicaz, artistica e filosoficamente, perscrutando o nosso interior e a nossa própria existência e mortalidade. Agradecemos a Forrest por nos apresentar esta nova visão, e por continuar a sustentar e manter esta revista que lançou em Fevereiro de 2010, lançando somente dois números por ano e que se mantém como uma pequena caixa de curiosidades, como os famosos “Cabinets de curiosité” que surgiram no século XVI e continuam a existir nos tempos de hoje, embora não como salas privadas com coisas estranhas que os reis e burgueses coleccionavam, no século XIX fundaram as galerias e museus, e hoje é mais popular ver estes em revistas, blogs e outros meios que perduram no século XXI.



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