Dersu Uzala
A força da liberdade na Sibéria. O regresso da obra-prima de Akira Kurosawa,
Vencedor de um Óscar da Academia de Hollywood para melhor filme estrangeiro, “Dersu Uzala” vai estar em exibição a partir de 4 de Agosto no Cinema Nimas, em Lisboa.
“Dersu Uzala” é nome de liberdade e dos 4 elementos naturais. Por vento, fogo, água e terra, o caçador Dersu Uzala sobrevive apenas no seu meio ambiente. Depois de uma vida na floresta siberiana, faz amizade com militares russos que tinham como missão fazer a topografia da região.
No seu misto de ingenuidade e sapiência, Dersu Uzala confunde-se com as forças da natureza no respeito ético pelos seus elementos essenciais. A sua sabedoria vinda da experiência e da intuição é a luz que ilumina a acção de homens em busca de delimitar uma fronteira que parece não terminar.
Depois de viver anos a fio na floresta, volta a encontrar-se com o capitão russo que tinha salvo anos antes, quando este se tinha dirigido à mesma zona com o mesmo intuito. Anos depois reencontram-se no mesmo território da floresta siberiana, com o seus ursos, tigres, veados, gelo, aridez, numa vida abandonada ao inóspito. Incapaz de sobreviver sem a natureza que o fez nascer, regressa para o derradeiro confronto com o seu destino. Um grito de liberdade depois de uma curta estadia na casa do capitão guia-o de regresso à floresta onde irá conhecer o seu fim.
Esta obra prima de Akira Kurosawa, realizada em 1975, plena de texturas gélidas e de narrativa magistral, transporta o cinéfilo para uma dimensão onírica e real da luta pela sobrevivência. O herói siberiano encarna o espírito da floresta e luta até ao fim para ser ele próprio, livre, fora da cidade, fora do mundo dos homens, caídos na mera contemplação dos seus destinos sem sentido. A espiritualidade está assim presente durante toda a narrativa no exuberante minimalismo da cinematografia.
Irrepreensível, esta obra de Akira Kurosawa faz dele um dos senhores da guerra do seu tempo, na direcção das imagens em movimento que extrai dos seus sonhos para a mais pictórica das viagens ao mundo da Sibéria; enfim, ao nosso mundo.
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