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Dishonored 2 | Análise

Alguns pássaros não nasceram para viver em gaiolas...

É o caso de Corvo, o protagonista de Dishonored, que por muito que o tentem subjugar e enjaular, arranja sempre maneira de dar a volta por cima e libertar-se da opressão dos seus inimigos. O mesmo se pode dizer de Emily, a filha de Corvo que, um pouco à sua imagem, contra tudo e contra todos luta para que se faça justiça em Dishonored 2. Para ajudar Emily e Corvo, os jogadores terão que superar vários obstáculos e transformar, à sua própria maneira, o mundo steampunk de Dunwall, para bem ou para o mal. Dishonored 2 é espectacular!

Todos aqueles que adoraram o primeiro jogo já devem mais ou menos saber o que esperar de Dishonored 2. Não obstante, há algumas surpresas à vossa espera, já que situado quinze anos depois do primeiro jogo, o lançamento deste ano mostra-nos Emily Kaldwin agora como imperatriz e Corvo novamente como seu guarda-costas. Mas rapidamente, aquele que parece um início calmo, torna-se agitado e os protagonistas vêm-se novamente envolvidos numa crise de conspirações e volte-faces, levando o jogador a conhecer novas zonas para além de Dunwall.

Antes de mais há que afirmar que, a nível visual, Dishonored 2 é brilhante. Os cenários deste mundo steampunk são construídos de uma forma muito inteligente e ao mesmo tempo violenta e sombria que lhes dá um certo charme característico e gera curiosidade no jogador para os explorar. Pelas ruas, podem encontrar os guardas nas suas rondas por entre os cidadãos, enquanto uma nova praga parece surgir e a propaganda se espalha pelas paredes numa grande panóplia de temas sombrios que enriquece o mundo de Dishonored. Apesar de tudo, a iluminação muito bem executada atribui a este segundo capítulo toda uma nova sensação de claridade que lhe assenta muito bem. O trabalho de textura é, também ele, exímio e por todo o lado podemos encontrar objectos dispostos de uma forma que parece muito natural, um trabalho nem sempre fácil de alcançar e que aqui é tão bom que em alguns momentos sentimos que estamos verdadeiramente a dar um passeio por uma espectacular peça de arte impressionista. Apesar de não ser extremamente realista a nível de direcção de arte, como também aquele estilo artístico não pretendia ser, também não estamos a falar de um jogo com cel shading. O estilo de Dishonored é muito característico e único e assenta perfeitamente no mundo steampunk que representa. Um trabalho que tem de ser enaltecido e que é do melhor que já chegou ao mundo dos videojogos neste ano de 2016.

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Ao nível da jogabilidade, Dishonored 2 cresce a partir do primeiro jogo, como era natural, e os jogadores vão poder contar com muitos poderes místicos para se tornarem no melhor dos assassinos. A grande novidade, para além do regresso de Corvo, é a possibilidade de podermos controlar Emily, a filha do protagonista da primeira entrada na série. Assim, após poucos minutos da história, o jogador pode seleccionar entre um deles para iniciar a sua aventura, sendo que depois de dar por terminada uma das versões, pode sempre recomeçar com a outra personagem e experimentar novos poderes e uma nova versão da narrativa. Apesar de possuírem algumas capacidades semelhantes, cada uma das personagens possui o seu leque específico de poderes. Jogar com Emily implica um uso maior das capacidades sombrias que a “mark of the outsider” oferece, enquanto que Corvo, apesar de também as possuir, aposta mais no equipamento que traz consigo.

O primeiro jogo caracterizava-se pela liberdade que atribuía aos jogadores para tomarem decisões e abordarem as várias situações que iam enfrentando, da forma que bem entendessem e esse factor continua bem presente em Dishonored 2. Logo para começar, o jogador pode optar por não usar os poderes de Emily ou Corvo, uma opção que abre toda uma nova campanha hardcore da qual, os puristas da jogabilidade, não perderão a oportunidade de experimentar. Da minha parte, depois de ter iniciado a minha primeira passagem pela história com Emily (apesar de adorar Corvo, a curiosidade para descobrir as possibilidades que a nova personagem trazia era irresistível), para além de usar os poderes de assassino na sua plenitude, optei por adoptar uma táctica mista entre a acção furtiva e a desgraça total. Isto porque, apesar de sempre ter adorado este género de jogos, o meu talento para a acção furtiva sempre foi bastante questionável. Por isso, por muito que tentasse a início cumprir todos os objectivos sem grandes espalhafatos, a verdade é que acabava sempre a cortar cabeças e braços e a deixar verdadeiras chacinas por onde passava.

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Surgem também alguns inimigos novos em relação ao primeiro jogo, agora sem os famosos walkers mas com a grande novidade que consiste na introdução de inimigos mecanizados, os clockwork soldiers, que não vamos querer encontrar em espaços fechados. Um tipo de oponente que, sem dúvida, trará sérias complicações nos primeiros encontros, sobretudo se não tivermos evoluído o suficiente as capacidades da nossa personagem. Após alguns confrontos, as batalhas ficam mais mecânicas e o processo para os derrotar torna-se mais fácil. A inteligência artificial dos inimigos é igualmente notável, com vários confrontos a ganharem contornos desesperantes, no bom sentido, para o jogador. Não foram raras as vezes em que fui confrontando por dois inimigos, onde um me abordava de frente ao mesmo tempo que o segundo dava a volta e me tentava apanhar desprevenido. O sistema de combate é muito suave, dos melhores neste momento no mundo dos videojogos graças à sua simplicidade mas no qual, dependendo da criatividade do jogador, se podem conseguir coisas bastante complexas. Entre a acção furtiva e a chacina total, o jogador pode abordar os cenários da forma que melhor entender.

Jogar o primeiro jogo é praticamente opção obrigatória antes de qualquer jogador se envolver a sério em Dishonored 2. A narrativa entrelaça-se em vários momentos com o primeiro lançamento e o conhecimento dos acontecimentos anteriores é essencial para perceber o que está agora a acontecer neste novo capítulo. Escolher Corvo ou Emily para começar dependerá sempre da vontade pessoal de cada jogador. Seja como for, se preferirem a abordagem furtiva ou mais directa à acção, preparem-se para entrar num dos mundos mais bem construídos que alguma vez fará parte da vossa biblioteca de videojogos e que será muito complicado de largar.



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