Dissidia: Final Fantasy NT | Análise
Brilhante gráficamente, escasso em conteúdo.
Apesar de brilhante na componente gráfica, de ser um jogo único e divertido, deixa grandes questões quanto ao seu foco no multijogador e a falta de um modo história consistente.
Primeiramente lançado nas arcadas Japonesas, a Square Enix dá-nos agora Dissidia: Final Fantasy NT para a PlayStation 4, permitindo-nos jogar a terceira obra da série derivada de Final Fantasy.
Em 2011 a produtora teve a ideia de pegar em 13 jogos da série principal e submetê-los num spin-off para a PSP com um estilo de jogo completamente diferente daquilo que é o típico Final Fantasy, um jogo de luta muito único, entre vários personagens da saga, com mecânicas que obedeciam aos seus poderes e habilidades icónicas!
Sem sombra de dúvida que o sistema de combate foi algo único e que a forma de como os dois jogos com a etiqueta Dissidia misturaram os elementos da saga foi deliciosa, com um modo história consistente, algumas componentes típicas de um RPG onde temos o sistema de níveis e parâmetros base de cada personagem e ainda um arsenal de equipamentos que mudava drasticamente o rumo do combate.
Transformado num jogo de luta de 3 vs 3 pelas mãos da Team Ninja (Conhecida por jogos como Dead or Alive e Ninja Gaiden), Dissidia NT é um novo conflito entre os heróis e os vilões dos 17 jogos principais da série Final Fantasy da Square Enix em vários cenários do mesmo. Ainda que seja um jogo de luta é importante ter a noção de que este é muito peculiar, com muitas regras próprias e outros contextos que o separam radicalmente daquilo que é o conceito tradicional do género.
Honestamente e devo alertar antes de prosseguir com esta análise, Final Fantasy é um título pelo qual eu tenho um grande carinho. Desde que consegui meter as minhas mãos na 10ª entrada do mesmo que acompanho a série e que me dei ao trabalho de procurar várias outras entradas da saga, entre as quais a série Dissidia. Posto isto sinto-me na obrigação de vos explicar muito bem o porquê de este jogo ser uma obra que não atingiu as minhas expectativas!
Cada equipa pode ter até três personagens presentes na luta, no entanto, só terás o controlo de 1 deles por combate, deixando os outros dois entregues a uma AI que parece estar a lutar mais com os controles do que com o teu inimigo. Durante o combate, os personagens podem usufruir de um arsenal de habilidades icónicas de um JRPG (Regen, Blind, Confuse e muitas outras), destruir cristais para invocar um Summon, grandes bestas sagradas que fazem parte do universo da saga. Mas a parte mais interessante de dissidia não se enraíza nem no Final Fantasy nem nos jogos da Team Ninja: Existem 2 tipos de ataque, no qual só um deles irá afetar o HP dos inimigos; Hp Attack e Bravery Attack. A maior parte do tempo de combate foca-se em utilizar ataques brave, que, à medida que os executas com êxito no inimigo, irás acumular alguns pontos, estes pontos por sua vez correspondem ao número de vida irá tirar o teu ataque de HP. Geralmente terás que o reduzir a 0 a qualquer inimigo 3 vezes para que ganhes o combate.
Apesar de só puderes equipar 1 ataque letal por personagem durante o combate, existem combos muito simples que podes executar com os ataques de bravery (utilizando o botão círculo mais as direções do analógico esquerdo) e com um ataque especial. Cada personagem é dotado de um dash que facilmente te faz voar de um canto ao outro do cenário, um bloqueio que pode quebrar com demasiados ataques consecutivos, uma esquiva rápida e 2 habilidades EX que como já referi consistem em várias habilidades relativas a um JRPG. O modo de combate do NT apresenta várias semelhanças aos títulos anteriores da série, algo que de certeza que cativará os fãs que os jogaram. É preciso, no entanto, ter em mente que existem várias novas maneiras de explorar estas mecânicas.
Não dá para simplesmente começar a carregar em todos os botões sem levar uma sova dos inimigos.
É explícito que a parte mais empolgante do jogo é precisamente o combate. O problema deste Dissidia está precisamente nos outros dois modos de jogo, que estão muito menos estimulantes, é um lado que te faz sentir que NT é mais um jogo incompleto, fica óbvio que é um jogo multijogador online e que a parte offline foi algo no qual não houve grande ambição. Fãs de títulos antigos podem até mesmo ficar chocados no primeiro contacto com o jogo!
As personagens apresentam também classes diferentes, 4 para ser exato: Assassin, Marksman, Vanguard e Specialist. Estas ditam que algumas classes têm benefícios sobre outras, se atacam à distância, se são fracos e velozes ou lentos e fortes, estas componentes forçam a que este seja um jogo de luta que deve ser levado com precisão, que é precisar entrar no flow. Não dá para simplesmente começar a carregar em todos os botões sem levar uma sova dos inimigos.
Assim que começas deves cumprir todos os tutoriais para descobrir todas as mecânicas deste gameplay, não são muitas e nenhuma é complicada de entender. Ao concluí-los deparas-te com 3 opções de jogo: Online, História e Offline. Logo aí, é possível sentir-se o quão “nu” o menu se apresenta, em especial ao verificares que tanto o modo online como o offline só apresentam duas opções, mas calma! Este ainda não é o calcanhar de Aquiles do NT!
Claro que eu como o bom apreciador das histórias e universos criados pela SE tive enquanto primeiro instinto abrir primeiro o modo história para ser interrompido por uma mensagem que me impedia de jogar, pois para avançar na história, que é maioritariamente constituída por uma sucessão de cinemáticas com meia dúzia de combates pelo meio, é necessária uma espécie de pontos chamados “memoria“. E agora chegamos à parte que a meu ver desilude um pouco… Estes pontos só podem ser adquiridos jogando no modo online ou offline. Ao evoluir o nível de jogador, este é recompensado com GIL, um tesouro com skins e um ponto de memoria, que servirá então para desbloquear um dos mais de 30 pontos da cronologia do modo história. Isto força-te completamente a jogar os outros modos de jogo para que possas completa-la, uma decisão muito estranha da parte da produtora. É quase como se fossem dois jogos em separado, apenas com o mesmo conteúdo. É demasiado estranho ver uma ou duas cinemáticas e depois não poderes continuar, torna-se aborrecido.
qualquer jogador (…) ficará deslumbrado com a representação dos seus personagens e locais favoritos da série
O modo offline oferece duas opções de combate, o modo core ou o modo básico. No modo básico o jogador é remetido numa sucessão de seis combates enquanto a sua dificuldade vai crescendo. O modo Core é uma espécie de “Capture the base” no qual uma equipa terá que destruir a “core” da outra, um cristal. No modo online tens também duas opções de combate, um contra um ou três contra três. Isto e apenas isto! Dissidia NT é focado no modo online ao ponto de não existir um multijogador offline!
Algo que merece somente elogios é a vertente gráfica e sonora do jogo, qualquer jogador, fã da saga ou não ficará deslumbrado com a representação dos seus personagens e locais favoritos da série. A banda sonora, totalmente rearranjada pelos compositores da SE, é de temas vindos diretamente dos 17 títulos principais, são peças de alta qualidade que dão um toque sublime aos combates
Dissidia: Final Fantasy NT é, portanto, um jogo muito peculiar, muito único! É um jogo luta diferente de qualquer outro do género. Apesar de a sua homenagem à serie ser aparamente bem concebida o seu foco não é a história (ao contrário dos outros jogos) mas sim o modo online que aparenta demonstrar a capacidade de dissidia NT para figurar como um potencial jogo na lista da eSports.
A componente gráfica e a banda sonora fazem um excelente trabalho no que toca a celebrar a saga e qualquer fã ficará encantado nesse aspecto sendo esse, na minha opinião, o seu coup de grâce.
Se és fã da saga posso afirmar que não irás ficar desapontado com o NT, mas deves ter em conta a sua escassez de conteúdo.
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