David-Berman

doismil19 !!!

2019 já vai com dois terços do caminho percorrido e esta é uma altura tão boa como outra para relembrar o que este ano já nos trouxe.

O ano já passou a sua primeira metade e muito coisa boa foi feita e novidades estão a pairar sobre o panorama musical.

Neste balanço comecemos pela língua de Camões, pela língua que se distancia de tudo e todos.

Era injusto começar em português e não falar da outrora diva portuguesa da música pop: Lena D’Água. A artista reinventou-se em “Desalmadamente” e volta a fazer um álbum pop, fresco e dançável. Outro grande valor nacional, mas deste século, Luís Severo traz-nos “O Sol Voltou”, um disco seguro, à sua maneira e canções simples («Primavera»).

Regressados de São Paulo, no Brasil, os Capitão Fausto apresentam a “Invenção de um dia claro” e ao contrário do que diziam não têm os dias contados. «Sempre bem» dá o mote para a clara influência brasileira que o grupo de Alvalade foi buscar, «Amor, a nossa vida» mostra-nos o romantismo da rapaziada e «Boa Memória» é o puro indie rock lusitano.

Do indie de terras lusitanas para o indie dos meninos crescidos: Vampire Weekend. O disco “Father Of The Bride” de Ezra Koenig e companhia é longo, com muitas camadas e outras tantas influências. «This Life» é o single alegre, divertido e bem disposto, «How Long» uma espécie de inspiração vinda da primeiro álbum e «Hold You Now» é a prova da diversidade do disco, tendo um coro especial e a belíssima voz de Danielle Haim.

Cass Mccombs e Bill Callahan. Dois artistas, sozinhos na composição e recheados de talento. O primeiro faz o disco “Tip of The Sphere” bem à sua imagem, qualidade provada num single habitual, «Sleeping Volcanoes» e pela balada característica, «Absentee». O segundo com o bonito disco “Shepherd in a Sheepskin Vest”, encanta com a sua voz trovadora e um mundo imaginário (utiliza a natureza, a morte, a vida, entre outros). Nos dias de hoje Bill é um dos verdadeiros poetas do século.

Matt Berninger e os seus The National trazem-nos um álbum diferente. “I Am Easy To Find” traz uma abordagem mais experimental, mais arriscada, com muitos duetos mas, com poucos frutos. No entanto, a banda norte-americana mais portuguesa (corrijam-me se estiver enganado) consegue criar uma balada à la National em «Light Years». Oh Matt até podias fazer um álbum só com baladas que o pessoal não se chateava contigo!

Não podem entrar no campeonato de melhor álbum de 2019 (convenhamos que era injusto), mas os Spoon compilam e lançam “The Best Of Spoon” provando mais uma vez que são os grandes gigantes do indie rock. Possivelmente, a banda mais menosprezada pelo nosso país (Coliseu estavas tão vazio nesse dia) lança apenas uma nova música «No Bullets Spent», mas à medida da qualidade da banda norte americana.

Cage The Elephant mostram-nos que força e garra são com eles. “Social Cues” é um disco mais do que competente, num contexto difícil para o vocalista Matt Shultz, mas é uma prova do sangue que corre na veia de um rockeiro. «Night Running» tem uma ajudinha de Beck, «House Of Glass» e «Ready Let Go» são a alma trazida do disco anterior e existe ainda «Love’s The Only Way», que mostra o lado sensível do vocalista.

“Oh My God”!!! O disco que não pode escapar a qualquer balanço de 2019. Obra vinda do divino, absolutamente monstruoso este disco com rock and roll puro, «OMG Rock n Roll» e ainda a misteriosa «Nothing Sacred/All Things Wild» que mistura a voz do artista com um coro gospel capaz de arrepiar a pele a cada pessoa.

O punk revolucionário continua vivo e renascido. Os IDLES lançaram apenas dois singles «I Dream Guillotine» e «Mercedes Marxist» que entoam a boa voz do vocalista, a revolução e a energia levada ao extremo. A chama mantém-se ainda acesa por causa dos Viagra Boys. «Sports» e «Just Like You» são os verdadeiros exemplares de “Street Worms” acentuando o movimento pós-punk.

Bon Iver. O músico do odeia-se ou adora-se traz-nos mais um álbum excelente. O seu génio criativo está vivo e «Hey, Ma» e «Naeem» expressam a sua qualidade.

A desilusão deste ano vai para os The Black Keys. “Let’s Rock” é um álbum banal da banda de Patrick Carney e Dan Auerbach que tornam as guitarras silenciosas e a ausência de criatividade de uma «Lonely Boy», torna este disco fraco para quem se espera muito.

Se “Oh My God” tem de estar presente em todas as listas de melhores do ano, “Serfs Up!” deve ser coroado o rei do ano. Os Fat White Family entram em 2019 como a última e deliciosa bolacha do pacote num álbum completo e repleto de qualidade. Uma balada com saxofone «Vagina Dentata», músicas dançáveis como «Feet», «Fringe Runner» e a magnífica «Tastes Good With The Money». Esta última vai seguramente para a lista de melhores músicas de 2019 e para a lista de melhores videoclips de sempre.

Tim Bernardes, o terno poeta brasileiro que escreve e encanta com a sua simplicidade, com a sua paixão que impõe nas suas composições. Existe ainda a leve impressão de que o artista imprime uma certa saudade, vinda do nosso fado. «Recomeçar» é a música mais simples e bonita que poderíamos desejar, sendo ainda o título do disco do artista brasileiro.

Por diversas razões e tantas outras, a figura do ano é David Berman. Há 10 anos que as suas aparições eram raras devido ao combate contra a sua doença. Sem avisar, junta os seus Purple Mountains cria um álbum homónimo e projecta refrões maiores que a sua própria vida deixando sempre um rasto de tensão. Não há boas despedidas mas «All My Happiness is Gone» deixa-nos satisfeitos. Mais do que um artista, David Berman era o poeta dos seus Silver Jews e nos Purple Mountains. Vivia há anos a lutar contra a sua doença e quando juntou os pedaços e partículas que restaram, deu-nos uma última alegria para provar-nos a sua felicidade.

 

Próximos lançamentos:

Lana Del Rey – Depois do grande concerto no SBSR 2019, Outubro traz-nos a artista que Portugal não esquece e de quem esperamos tudo em bom. “Norman Fucking Rockwell” é esperado com grande ansiedade.

Foals – 2º álbum do ano a caminho. Neste novo, tendo em conta, o primeiro single, o rock vai marcar uma presença mais força e “Mountain At My Gate” vai ter sucessores à altura. “Everything Not Saved Will Be Lost – Part 2” sai a 18 de Outubro de 2019.

The Hives – Os suecos dos fatos a duas cores renascem e vão provar-nos que o adormecimento desde 2012 foi só para retemperar forças. Pelo single “Good Samaritan” o êxtase característico e a garra mantém-se no seio do grupo.



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