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Dominique Young Unique

A rebeldia de saias.

É uma rebelde sem causa, uma dona de casa emancipada, uma caixa de ritmos com acne. É Dominique Young Unique, uma jovem negra de Tampa, na Florida. E antes mesmo que a carreira lhe fosse benévola, foi largamente laureada pelos media do outro lado do Atlântico. Comparam-na a M.IA. ou à Santigold – comparações que muito lisonjeiam a jovem norte-americana -, a sua música é difícil de definir, mas não mais que sua causa.

Dominique lançou-se ao cruel mundo da Beachy Society com apenas 17 anos, esbanjando beleza como Naomi Campbell e irreverência como Merrill Beth Nisker aka Peaches, com a sua música de ghetto revestida de algum glamour e uma pitada de soul sarcástico que destituiu do ceptro de Ghetto Queen a formosa Santigold, segundo alguns críticos norte-americanos.

Dominique tem agora 19 anos, e a música que faz pode chamar-se de Electro Rap ou Electro Hop. No ano passado, com apenas 18 anos, lançou o promissor EP “Blaster”, no qual se faz alinhar o sugestivo tema «Show My Ass», em que a galante gazela dança e salta e canta como uma hardcore Chaka Khan, a piscar o olho à New Wave.

Este ano, chegou aos escaparates o LP “Domination”.

“Domination” é uma viagem aos ghettos onde nos anos 80 uma geração carregava um tijolo de pilhas e nas esquinas se dançava Break Dance. Fosse nas ruas de Nova Iorque ou de Los Angeles, porque as caixas de ritmos estão lá e os loops e as samplagens respiram a atmosfera dos teclados que desmembravam, pedaço a pedaço, cada corpo que os ousasse dançar.

No primeiro tema, «Hot Girl», instala-se logo a confusão ao ouvinte porque entramos num mundo paralelo de sons, já que esta música poderia muito bem ter sido composta por Afrika Bambaataa, mas também pelas Chicks on Speed. Confusão que se mantém em «Music Time», apenas mudando as atmosferas sonoras para as dos Colourbox e Prince pós-«Purple Rain».

Dominique segue o disco numa toada algo lisonjeira, algo provocadora. Aqui e ali o disco visita descaradamente o mundo de Salt-N-Pepa ou Run DMC, o que é estranho para uma artista oriunda de Tampa, Florida, onde os ghettos não passam de condomínios fechados para reformados viverem na paz do Senhor os seus últimos anos. Logo, Dominique encontra-se fora do seu elemento natural, o das grandes cidades norte-americanas, onde a sua corrente musical flui naturalmente.

Tudo isto leva-nos a pensar nesta jovem como uma majorete diabólica, capaz de mostrar o rabo para chocar o imperialismo norte-americano. Mas a música, essa, vem revestida de clichés demasiado juvenis e deverá ser consumida sem que se lhe dê demasiada atenção, pois toda a irreverência tem o seu preço, e por uma ninharia se cai na forja da fama que vai ataviando neste novo milénio tops de vendas e concertos em festivais de Verão.



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