Durutti Column
Uma das maiores referências “vivas” de Manchester e da Factory Records regressa a Portugal para dois concertos a não perder.
Para todos aqueles que gostam de música e se interessam pela história e pelo percurso da mesma ao longo dos tempos, “The Durutti Column” é um nome incontornável. Se o nome da banda não vos diz nada, certamente os nomes de Vini Reilly ou de Tony Wilson fazem-vos lembrar alguma coisa. Não? Se a isto tudo, juntarmos as palavras “Factory” e a cidade de Manchester, conseguimos reavivar as vossas memórias?
O recente filme “24 hours party people” foi, para muitos, o primeiro contacto com uma realidade que marcou para sempre a história da música mundial. Manchester tornou-se numa verdadeira mina de talentos e de oportunidades no fim dos anos 70 onde bandas como os Joy Division e os New Order começavam a dar os primeiros passos. Uma época de glória para a música que ficará para sempre na história e que será abordada num futuro próximo aqui na Rua de Baixo, de forma mas alongada.
Os Durutti Column nasceram em 1978, após um convite feito por Tony Wilson, director da editora Factory, a Vini Reilly para se juntar ao guitarrista Dave Rowbotham, ao baterista Chris Joyce, ao vocalista Phil Rainford e ao baixista Tony Bowers. Este alinhamento viria a ser a primeira formação dos The Durutti Column, cujo nome é baseado nos anarquistas de “Buenoventuri Durruti” dos anos 30 que conduziram uma brigada na guerra civil espanhola que se propunha libertar Espanha. A segunda fonte para o título vem das actividades do “Situationists Internationale” em Estrasburgo em 1966. Num principal gesto de anarquismo eles empapelaram as paredes da cidade com um slogan intitulado “The Durutti Column”.
Com este alinhamento, gravaram o mítico “A Factory Sampler EP” e, logo de seguida, a banda separou-se. Sozinho, Reilly prosseguiu com o projecto e, em 1980, o primeiro longa-duração da banda surge através da Factory. “The return of The Durutti Column” foi gravado principalmente por Reilly tendo contribuições do antigo produtor Hannett e apoiado por Peter Crooks (baixo) e Toby (bateria).
O interesse gerado pelo álbum pressionou Reilly a seguir para os próximos dois LPs: LC (1981) e Another Setting (1983). Marcaram presença no ano de 1982, no mítico festival de Vilar de Mouros onde actuaram os U2, ficando para sempre com Portugal no seu coração e transformando-se na primeira banda a repetir a sua presença em território nacional, desta feita na Aula Magna em Lisboa. A sua amizade pelo nosso país foi transposta para disco quando, num só dia e numa viagem relâmpago, gravou um álbum inteiro de título “Amigos de Portugal”. Decorria o ano de 1983.
Mas o génio criativo de Reilly não parou de compor temas e os registos discográficos continuaram; desde gravações ao vivo, a incursões pela electrónica, foram vários os álbuns editados pelos The Durutti Column.
Em 1988 foi a vez de Reilly oferecer os seus préstimos criativos a Morrissey, quando colaborou no álbum de estreia do ex-vocalista dos Smiths, “Viva Hate”. Um ano depois apareceu “Vini Reilly”, no qual Vini integrou as vozes de nomes como Ottis Redding, Annie Lennox, Tracy Chapman e Joan Sutherland. O início da década de 90 ficou marcado pela edição de “Lips That Would Kiss Form Prayers”, alguns meses antes de Reilly deixar as lides discográficas devido à falência da sua editora de sempre, a Factory Records.
Felizmente, em 1994 Reilly encontra a nova “Factory Too”, etiqueta sob a qual editou “Sex and Death”, lançado em 1995, que marcou o regresso dos Durutti, um ano antes de “Fidelity”, com o qual Reilly voltou às composições repletas de visões electrónicas, em conjunto com uma forte componente acústica.
O último registo de originais da banda, “Someone Else’s Party”, foi editado em 2003 e provavelmente fará parte da lista de temas a serem apresentados nos dois concertos em Portugal. Mas obviamente que não serão esquecidos os grandes hinos da banda, dos tempos em que Manchester era como um barril de pólvora prestes a rebentar. Uma banda de culto e um nome que ficará para sempre na história da música, Vini Reilly. O homem que afirmou que tomava LSD porque o seu psiquiatra lhe receitava.
Não percam um pouco da história da música em dois concertos que serão de certeza uma grande celebração. Dia 23 de Janeiro no Santiago Alquimista em Lisboa e no dia seguinte no Rivoli no Porto.
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