EDP Paredes de Coura 2012 – Dia #4 (16.08.2012)
O primeiro dia de Sol trouxe uma cada vez mais composta enchente às margens do Tabuão. Calcula-se que a grande enchente decorra durante o fim de dia de hoje, para assistir ao primeiro concerto dos Ornatos Violeta em mais de dez anos
Ontem, 16 de Agosto, ainda o sol raiava quando subiram ao palco EDP os Gang Gang Dance. O regresso da banda, depois da actuação no Serralves em Festa em 2011, mereceu a atenção de uma reduzida audiência que, meio sentada, meio de pé, os recebeu suavemente. Uma vez mais, foi uma aposta ganha para o fim de tarde no anfiteatro natural do festival. A banda liderada por Luzzi Bougatsos confirmou o hype e veio oferecer uma música experimental perfeitamente dançável.
Simultaneamente, tomavam conta do palco Vodafone FM (secundário) os britânicos I Like Trains. Visivelmente satisfeitos pela recepção do público (de resto, uma constante neste festival), o seu post-rock com mutações indie não foi suficiente para um entusiasmo por aí além. Apesar de não termos conseguido assistir ao concerto por completo (estavam ali entalados entre os Gang Gang Dance e os Of Montreal), ficou a sensação de que não se respira por aqui muita inovação.
Entretanto, os Of Montreal subiam ao palco principal. Um conjunto caricato de personagens pegava nos seus instrumentos quando surge o mestre-de-cerimónias Kevin Barnes. Após onze discos editados em quinze anos, a banda cresceu e proporcionou dos momentos mais bem-dispostos do festival até ao momento, actuando para uma audiência a meia-luz.
Seguiram-se, no mesmo palco, os The Whitest Boy Alive. Erlend Øye andou a passear pelas margens do rio à tarde, desta vez sem a companhia do seu parceiro dos Kings of Convenience (não houve direito a ouvi-lo tocar Pink Floyd num barco insuflável, desta vez), e há até quem diga que ele se encontra acampado com os restantes festivaleiros. Verdade ou não, é certo que a sua banda assentou bastante bem no mood que se reunia à frente do palco. Tocando para uma multidão cada vez mais composta, a sua simpatia teve no público uma resposta sem reservas.
No palco secundário, começavam entretanto os School of Seven Bells. O duo nova-iorquino (convertido em quarteto, ao vivo) foi, porventura, uma das grandes surpresas do festival até ora: uma equilibrada mistura entre pop e os velhos dias do dream-pop, tocada para uma audiência infelizmente muito pouco numerosa. Sejamos realistas: Alejandra Deheza não é Elizabeth Fraser, nem tão pouco Bentamio Curtis é Kevin Shields; mas a banda não deixa de ter proporcionado uma envolvência poucas vezes materializada nestes quatro dias de festival.
Depois, era a vez de Anna Calvi no palco principal. A artista inglesa, pela terceira vez em Portugal, tomou conta da gigantesca multidão que então invadia a colina: não de uma forma entusiasta, mas mais ao jeito da sua música. Há quem tenha dito que as músicas da artista poderiam facilmente ter saído directamente de um filme de David Lynch. Não chegaríamos tão longe, evidentemente, mas ainda assim a sua voz foi suficiente para embalar, de uma forma desafiante, a multidão. Sempre à guitarra, Anna Calvi foi desfilando as suas músicas soturnas (por vezes mais agressivas, mas sempre bem sonantes), tendo ainda tempo para uma investida em «Wolf Like Me», dos TV On The Radio. Muito bom.
A banda mais aguardada do dia seria, naturalmente, Kasabian. O grupo, eleito pela NME como a melhor banda britânica e primeiro lugar no top de vendas, obteve nos festivaleiros uma resposta francamente positiva. Seria ainda assim com temas como «Shoot the Runner», retirado do disco “Empire”, que se levantaria mais pó (ainda escasso. Afinal, a chuva só tinha cessado no dia anterior). Com um alinhamento equilibrado q.b., a banda não apresentou grandes surpresas na sua performance, ainda que houvesse lugar para reinterpretar «Everybody’s Gotta Learn Sometimes».
Tempo então para o After-Hours. No fundo de palco já se lia Crystal Fighters, e não foi particularmente longo o compasso de espera até à aparição da banda. O septeto londrino veio ao palco secundário apresentar a sua electrónica, munida de instrumentos bascos e de ritmos bastante díspares, importados das mais variadas partes do mundo. O seu álbum “Star of Love”, de 2010, foi o pretexto, mas conclui-se que a banda tem uma energia contagiante em palco que supera a produção. Uma grande surpresa.
O final da noite ficou a cargo da dupla InFlagranti.
Por ora, os festivaleiros cantam espontaneamente excertos de músicas dos Ornatos Violeta, com particular êxtase no sound-check, ouvido no campismo. Daqui a umas horas, é hora de correr ao palco principal.
Reportagem do primeiro e segundo dia do EDP Paredes de Coura 2012 aqui; terceiro dia aqui.
Fotografia por Ana Sousa Dias. Reportagem do segundo dia aqui; terceiro dia aqui; quarto dia aqui.
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