EDP Paredes de Coura 2012 – Dia #3 (15.08.2012)
Na ressaca da chuva, o primeiro dia completo de festival (só ontem teve lugar a inauguração do palco principal, ou EDP) deu cartas
A arrancar o dia de concertos, Willis Earl Beal apresentou-se no palco Vodafone FM. O músico de Chicago pareceria, a ouvidos distantes, munir-se de uma banda completa, mas a frente de palco revelava uma one-man-band. Apresentando o seu álbum de estreia, “Acousmatic Sorcery”, a mistura entre loops e investidas em guitarras e teclados do artista norte-americano encontraram no público uma resposta inegavelmente positiva. Através de músicas simples e directas, o músico ia perdendo e recuperando os seus óculos-de-sol, numa atitude que só demonstra que a música vem primeiro que tudo. Um início sentido.
No palco principal (EDP), entretanto, estreavam-se Kitty Daisy & Lewis, apresentando o seu blues manchado de country e com traços de R&B. Sempre bem-dispostos, os irmãos britânicos distribuíram, a espaços, uma calma e alegria bem propícios ao pôr-do-sol no anfiteatro natural da praia do Tabuão. Houve ainda quem aproveitasse o momento par dar um pezinho de dança.
Seguiram-se Midlake no mesmo palco. A banda norte-americana, composta por estudantes de música jazz, estreou-se no festival a apresentar o seu disco de 2010, “The Courage of Others”, criando um folk atmosférico que não teve recepção especialmente entusiasta por parte da audiência.
No palco Vodafone FM, já tocavam entretanto os Dry The River. O folk dos britânicos recebeu uma resposta inesperada pelos festivaleiros (os próprios eram os mais surpreendidos), com uma mutação folk que talvez pecasse por ser demasiado cuidada. Mas com sinceridade.
Pela terceira vez em Portugal, apresentaram-se os The Temper Trap no palco principal. Repetentes no festival (fizeram a estreia aqui em 2009), os australianos demonstraram o mesmo interesse que nas anteriores prestações: nenhum. Ao segundo disco, a banda continua a sintetizar os sinais de cansaço de uma música de falso sentimentalismo disfarçado de rock alternativo.
Patrick Watson apresentou-se, às 21h45, no palco secundário. O músico do Quebec, bem conhecido do público português, obteve deste a recepção esperada: as suas músicas estão na ponta da língua. O músico gerou ainda novos admiradores na plateia, com o seu novo disco “Adventures in Your Own Backyard”. “Este gajo põe o Bon Iver no bolso”, ouvia-se entre a audiência. Não chega nem perto, mas animou bastante os ânimos.
Às 22h30, subiram ao palco principal os Sleigh Bells. Estreantes em palcos portugueses, os nova-iorquinos conseguiram um dos arranques mais triunfantes a que assistimos nesta edição do festival. Ao segundo tema, pareciam ter o público de Paredes de Coura na mão (uma multidão agitada avistava-se de bem longe), mas à medida que avançaram no desequilibrado alinhamento tenderam a perder a recepção eufórica. Desfilando temas de “Treats”, de 2010, e o novo “Reign of Terror”, ficou a sensação de que a banda teria sido mais bem sucedida no palco ao lado.
Um dos nomes mais esperados desta edição, dEUS, entraram em palco sensivelmente meia-hora depois. Os belgas, repetentes nas margens do Tabuão, trouxeram na bagagem o recente sexto disco “Keep You Close”, do passado ano. O vocalista dirigiu-se ao público sempre em Português (talvez uma resposta às suspeitas de que o grupo tem casa no nosso País), e obteve uma reacção sempre francamente positiva por parte da audiência. O desfile pelo extenso repertório da banda foi aplaudido pelo público português, e ainda que as iniciais reacções eufóricas não tenham persistido (no início com «The Architect», retirado de “Vantage Point”, por exemplo), conseguiram uma actuação competente, mas sem grandes surpresas.
Seguiram-se Digitalism. O duo alemão, formado em 2004, apresentou um set em que tiveram presença temas dos dois álbuns do grupo, evidenciando a fragilidade do segundo disco. No entanto, encontraram resposta nos festivaleiros: por todo o lado haviam corpos em movimento, uma dança que culminaria com «Pogo», ainda um dos temas mais fortes do grupo.
Voltando ao palco Vodafone FM, para o After-Hours, subiram ao palco os Totally Enormous Extinct Dinosaurs. Orlando Higginbottom, vestido de dinossauro, é o protagonista de uma quase banda-de-um-homem-só. Pontualmente dançado por dançarinas de vestuários extravagantes, o britânico foi uma aposta ganha para este palco. Seria com os singles «Garden» ou «Trouble» (já no final) que viriam as mais ruidosas recepções.
O fim da noite ficou a cargo de Kavinsky, com desfiles de êxitos de nomes tão distintos como os Justice ou Daft Punk, ou mesmo Lana del Rey.
Reportagem do primeiro e segundo dia do EDP Paredes de Coura 2012 aqui.
Fotografia por Ana Sousa Dias. Reportagem fotográfica do segundo dia aqui; terceiro dia aqui.
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