Electro
Gatas, rapazes dourados, raparigas psicadélicas e bactérias vitálicas. Tudo junto nesta nova tendência.
O electro é um dos géneros musicais mais em voga actualmente. Todos os que prestam a mínima atenção às lides musicais têm notado este revivalismo que tende a invadir qualquer pista de dança e que tem como grandes nomes Miss Kittin, Ladytron, Tiga ou Felix Da Housecat. Do Lux ao Clinic, do mais pequeno bar num qualquer recanto em Lisboa às festas veraneias na praia, o electro lá está para ir, aos poucos, roubando o espaço de géneros como o House, que já não encontra tantos adeptos como há cerca de cinco anos atrás.
Para que fiquem a conhecer toda a história por detrás deste género, aqui fica um pequeno resumo de como este tipo de som nasceu e como evoluiu até ao seu estado actual, bem como os seus maiores representantes a nível nacional e internacional.
A música electrónica, especialmente no final da década de 90, fracturou-se em vários géneros, estilos e sub-estilos, demasiados para serem enumerados aqui. Embora não haja fronteiras demasiado limitadoras, de uma forma geral podemos identificar os estilos experimentais e clássicos: a electronic art music, musique concrète; a música industrial e os estilos synth pop dos anos 80; estilos que foram inicialmente ligados à cena de dança, como o techno, house, trance, drum and bass e estilos que são mais veiculados como estilos experimentais ou para se ouvir em casa como a IDM, glitch e trip-hop.
A proliferação dos computadores pessoais que teve início na década de 80 trouxe um novo género de música electrónica, conhecido por chip music ou bitpop. Este estilo, inicialmente criado usando as placas de som dos pc’s como os Commodore 64, foi saindo de cena. As categorias mais recentes como o IDM, glitch e chip music possuem muito em comum com os estilos art e musique concrète que prevaleceram por várias décadas.
Dentro de todos estes géneros, o electroclash surgiu como um movimento para dar uma nova cara à música electrónica. Mas este estilo hoje em voga não se restringe apenas à música, sofrendo influências de imensas coisas. A essência das músicas são a cibernética, computadores, sexo, cultura punk, pop art, moda, new wave e ritmos influenciados pela disco dos anos 70. Há também alguma ligação com o detroit-techno e com ghetto-tech. O termo “electroclash” em si foi criado por Larry Tee e o seu trabalho com DJ Hell impulsionou a difusão do estilo.
Mas qualquer que seja o nome dado ao movimento que invade as pistas de dança hoje em dia, as raízes da pop electrónica e new wave do final da década de 70, inícios da década de 80 tornaram-se realmente fortes. Era um movimento intelectual quase clandestino que se tornou rapidamente num dos fundamentos da música pop dos anos 80 e que parece estar a reaparecer hoje em dia, mas com uma aproximação completamente diferente.
O electro mantem uma ligação muito directa com os anos 80, passando, como já foi referido, essa ligação também pela moda. Actualmente observamos uma mistura de imensos estilos retirados da altura sem qualquer fronteira entre eles, coisa que então era considerado no mínimo crime.
Hoje, países como a Alemanha, Holanda, Suíça e muitos outros encontram-se rendidos a estas sonoridades, e são estes os países que podemos considerar a Meca do electro e onde grande parte dos artistas aproveitam para realizar as suas tournées.
Quanto à sonoridade propriamente dita, é um som muito limpo ao contrário da actual música de dança. Um ambiente extremamente “happy” no qual as mensagens são passadas de forma extremamente glamourosas com um toque experimental e irreverente.
O panorama internacional actual é liderado por nomes como Vitalic, The Hacker, Miss Kittin, Golden boy, Larry Tee, Tiga, Ladytron, Dj Hell. Alguns deles já estiveram em Portugal e fizeram sem dúvida muitos seguidores deste movimento, como foi o caso do concerto de Miss Kittin no Lux que, mesmo cansada e com algum sono, não deixou de dar umas das melhores festas deste ano.
Quanto ao panorama nacional, encontramo-nos ainda muito longe da realidade destes outros mundos, mas já começam aparecer alguns nomes, como Dj Kitten, Disorder e Rui Vargas. Não poderíamos deixar de destacar as fantásticas actuações dos Disorder no Lux, que têm levado o público ao mais alto clímax nestas noites de Verão. Sem dúvida alguma algo a não perder.
A ruadebaixo desenvolveu uma compilação fictícia de músicas como sendo, na nossa opinião, algumas das melhores faixas do momento. Para os que não conhecem ainda muito do que se faz a este nível, este é definitivamente um bom passaporte de entrada no mundo do electro. Para aqueles que já não passam sem ouvir um bom electro, com certeza que reconhecerão todas as faixas. Encontramo-nos numa qualquer festa num futuro próximo.
RDB Electro vol.01
01. LCD Soundsystem – Yeah!
02. Dopplereffekt – Pornoactress
03. Miss Kittin – Meet sue be she
04. Ladytron – He took her to a movie
05. Miss Kittin – Requiem for a hit (featuring l.a williams)
06. Memory boy – There is no electricity
07. Larry Tee (DJ Mixed Compilation) – Vostok – Airplanes
08. The Radioactive Man – Do the Radioactive
09. Miss Kittin – Shari Vari
10. Tiga – Pleasure from the bass
11. Vitalic – La rock
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Sem dúvida um dos hypes mais cools e mais underground que passaram por Lisboa e Porto, pena esses tempos já estarem no fim…
Bons tempos…
Ahh, bem me parecia que algo estava errado, o artigo já tem uns aninhos !
Por esta altura eu era um habitué do Lux. Quintas, sextas, sábados e, por vezes durante a semana, só naquela de beber um copo.
Estou desejoso que Outubro chegue, para voltar à cidade mais linda do mundo e aproveitar o movimento hype do momento, que agora deve estar mais pela minimal !
Muito boa compilação !!!!!