Elsa Cornevin
Conversa com a directora da Festa do Cinema Francês.
Antes de iniciarmos a entrevista a Elsa Cornevin, o fotógrafo tira-lhe algumas fotos junto ao cartaz da edição deste ano da Festa do Cinema Francês, a directora do festival mostra uma expressão séria e contida envolta na sua elegância francesa. Elsa Cornevin é directora da Festa do Cinema Francês desde 2007 e adida para o audiovisual da embaixada francesa em Portugal.
“Este festival surgiu há onze anos. A ideia inicial era apoiar o trabalho dos distribuidores na antestreia de filmes franceses e começou com sete filmes. Naquela altura pretendia-se dar a conhecer o cinema francês e apoiá-lo. Esta filosofia perdurou ao longo dos anos e nesta edição, das vinte antestreias que serão exibidas, doze dos filmes foram comprados pelos distribuidores portugueses”, disse-nos Elsa Cornevin sobre a história do Festival.
“Os bons resultados que a Unifrance (entidade que promove o cinema francês no estrangeiro) está a ter em Portugal são visíveis no sucesso da Festa do Cinema Francês, que tem a duração de um mês, e vão permitir assegurar durante algumas semanas uma boa saída comercial, embora ao longo do ano trabalhemos também com os distribuidores no acompanhamento das apresentações dos filmes franceses e divulgação a nível da comunicação”, disse Elsa Cornevin sobre o trabalho da Unifrance.
“Acho que existe uma necessidade profunda de ver no cinema outro tipo de filmes que não sejam os grandes blockbusters americanos. Estou convencida que existe um problema a nível da oferta dos cinemas e realmente é importante trabalhar este público. Mas um festival é também diferente de ir ao cinema num qualquer dia da semana. O festival é algo mais festivo, com um certo glamour, com a possibilidade de interagir com os convidados e participar nos debates.
Em 2007 a Festa do Cinema Francês teve 14.500 espectadores e na edição do ano passado o festival recebeu 36.500 espectadores. “A cada ano o número de visitantes aumenta e tem superado as nossas expectativas”, comenta a directora sobre o sucesso do cinema francês em Portugal.
“Os jovens realizadores impressionam-me muito”
“A cinematografia reflecte a sociedade francesa. Os diálogos são muito ricos e têm uma certa poesia, como por exemplo na comédia política “Le Nom Des Gens”, do realizador Michel Leclerc, que está na secção Cannes em Portugal. Tenho grandes expectativas na Katell Quillévéré, que vai apresentar, em antestreia, no dia 12 de Outubro, “Un Poison Violent”. Os jovens realizadores impressionam-me muito pela sua disponibilidade em partilharem ideias e emoções. Obviamente que a presença de realizadores veteranos são também grandes momentos, como a do André Téchiné, que apresentou a retrospectiva integral da sua obra na Cinemateca Portuguesa na edição do ano passado. Este ano a madrinha da Festa do Cinema Francês, Carole Bouquet, apresenta “Impardonnables”, em antestreia, dia 15 de Outubro. Outro dos grandes encontros foi com Xavier Beauvois, realizador da obra “Des Hommes et des Dieux”, apresentada na 11ª edição do festival do e que fez dele um dos monstros do cinema francês, e claro a Agnes Varda foi também um grande momento porque já estava a tentar trazê-la ao festival há bastante tempo”.
Os dois filmes da sua vida …
“É difícil… (risos), acho que um filme pode estar ligado ao momento da vida de cada um e é algo muito afectivo. São muitos, mas houve um filme que gostei muito, foi exibido na edição de 2007, “Le Scaphandre et le Papillon”, realizado por Julian Schnabel. Dos mais recentes que vi, “Un Poisont Violent”, de Katell Quilévéré, foi realmente uma boa experiência. Um filme extraordinário que fala de um tema universal: a passagem para a idade adulta”.
Seis sugestões para a 12ª edição da Festa do Cinema Francês
“The Artist” de Michel Hazanavicius – galardoado este ano no Festival de Cinema de Cannes com o prémio de melhor actor atribuído a Jean Dujardin, já exibido nos primeiros dois dias do festival. “Un Poisont Violent” da realizadora Katell Quilévéré, “La Source Des Femmes” de Radu Mihaileanu, que na passada edição estreou “Le Concert” e foi premiado com o prémio do público. “Incendies” de Denis Villenneuve, um filme que foi rodado quase noventa por cento no Líbano e traz uma história peculiar, pessoal, mas também sobre o conflito entre gerações. “Tous Au Larzac”, documentário de Christian Rouaud e por último “Impardonnables” de André Téchiné.
A 12ª Festa do Cinema Francês já está aí a dar cartas e a encher salas de cinema, não percam tempo e corram para a bilheteira. Elsa Cornevin agradece.
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