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Éme @ Sala Lisa (13.04.2024)

Éme em família.

Há uma sala cheia na Lisa e um atraso a la ZDB de outros tempos para receber Éme e Banda, mas isso pouco importa. A entrada de Éme e da banda é casual, pela frente do palco e a descontracção reina quando se atiram a «Chama Chama». Há um espírito quase familiar e isso sabe mesmo bem. Sentimo-nos de imediato em casa, cortesia de João Marcelo, Moxila, Lourenço Crespo, Miguel Abras e Francisca Aires Mateus. Obrigado.

O magnífico “Disco Tinto” foi o pretexto para a reunião esteve presente em força com se queria. «O Filho Mais Velho do Embaixador» surge com um toque ainda mais melancólico nos arranjos, e «O Actor» tem o condão de nos conseguir colocar a cantar a alto e bom som “Zé Lopes não mente!!”, enquanto recordamos o Estádio com saudade, e de beber imperiais e Favaios em copos riscados até mais não. «Não é o que parece» traz a voz frágil de Moxila para primeiro plano, mas as fragilidades terminam aí. Não é de todo o que parece.

No «Purgatório» e em «Ratitos», as palavras são certeiras e as melodias na mouche. O álbum tem apenas umas semanas de vida, mas as letras já estão todas na ponta da língua.  «Escolhe o teu Veneno». É uma canção com 10 anos e que continua bem viva. É como um hino de nicho e isso é tão bom. Aquele segredo delicioso que é só nosso e de outros, mas poucos. «Onde é que foi toda a gente?» tem mesmo o título em forma de pergunta. E tem o berimbau de boca que o “João Oliveira do som odeia”, como Éme fez questão de frisar uns momentos antes. Segue-se a fantástica «Fã n°2».

É uma nova folk portuguesa. Não no sentido de estarmos perante algo novo, mas sim perante algo fresco e cheio de personalidade, histórias, de vida; em que as palavras casam magnificamente entre si, e os arranjos tornam cada canção mais deliciosa que a anterior. E por isso «Branco Maduro» e «Dores Laborais» são entoadas como uma oração de contemplação boémia. Uma enorme celebração.

“Suave como o sol a bater no rio espelhado”. Assim arranca, «Relaxado», canção do álbum homónimo de Éme e Moxila, daquelas que está no coração de muita gente, uma boa parte ali presente. Já «Lisa», uma das canções maiores do “Último Siso”, é amor, frustração e obsessão, capaz de pôr o sangue a pulsar nas veias.

«Estocolmo 84», ou como Fernando Mamede venceu a prova que lhe/nos valeu o primeiro recorde mundial do atletismo português, numa bonita homenagem, ao mesmo tempo que depois se olha para a pressão de ganhar e de falhar, com humor, mas sem nunca desrespeitar. Esta prova, ao contrário das restantes de Fernando Mamede depois da sua conquista, foi cumprida até ao final e com cintilante distinção.



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