“Procuro deixar espaço ao espectador para que ele possa pensar”
Luís Vicente, actor, encenador e director da Acta- Companhaia de Teatro do Algarve, é o protagonista de “Um gajo nunca mais é a mesma coisa”, o texto de Rodrigo Francisco.
Andar por um Festival de Teatro é uma espécie de festa, de uma alegria atenta, sempre disponível para produzir sentidos. E se te atribuis a ti mesmo a função de relatar, de dar conta, de reportar, estás sempre a organizar o tempo em função do que não queres deixar escapar. É o Joseph Nadj de cuja intensidade me apercebi quando vi Omma, é o Castanheira com quem mais uma vez não consegui entrevistar porque estava entre Almada e Almagro. E depois há as coisas que não pensaste fazer e que se impõem.
Uma delas, a mais forte, foi esta conversa com o Luís Vicente. Um actor com uma longa carreira no cinema, no teatro e na televisão, e que embora seja muito popular por causa de algumas séries televisivas, recusa o lado glamouroso e social da sua profissão, confessará no decorrer da conversa que “ não faz parte da minha idiossincrasia, tenho uma atitude mais discreta.”.
Percebi que tinha de falar com ele quando o vi a jantar quase sempre sozinho, agarrado ao livro de Carlos Fale Ferraz, talvez o Nó Cego, já não me recordo. Cruzámo-nos no dia da estreia também, por volta das seis horas já ia a entrar no teatro, concentrado, a lavrar o chão, ou o corpo, para a representação. Stanislawski fala da instalação da personagem sobre a instalação do actor enquanto pessoa, eu lembro-me sempre da síntese de Herberto Hélder, “ o actor é um tenebroso recolhimento de onde brota a pantomina”, que condensa, no trabalho da representação, este estado de esvaziamento antes do parto.
Também Luís Vicente podia trazer-nos aquele saber pragmático que um actor tem sobre as realidades, sobre os fenómenos, sobre a vida, um conhecimento a que muitas vezes ele só acede em acção. Vou deixar esta conversa fluir tal como ela surgiu, naturalmente extirpando dela os excessos, e são muitos, em que me deixei cair. Aprender a fazer uma pergunta sem dar uma resposta é um caminho árduo, assumo.
eu tenho tido a felicidade de no teatro fazer personagens de peso, de tratar essas personagens em profundidade(…)
Ele começou a fazer teatro aos seis anos, na escola primária, no campo, nos arredores de Setúbal, uma escola primária que por ser subvencionada pela CECIL tinha práticas pedagógicas inovadoras. Por isso diz que foi perfeitamente natural ter escolhido fazer teatro, deixando o curso de engenharia, do qual aliás não de lembra de ter frequentado, foi a mãe que o inscreveu. Um dia veio à Academia Almadense fazer um espectáculo com o TAS e no final Joaquim Benite desafiou-o para vir para o ainda Grupo de Campolide, que tinha acabado de ser profissionalizar.
Não teve uma relação direta com a guerra colonial, fez a tropa, reconhece por isso alguns dos códigos da vida militar, mas se não tivesse havido o 25 de Abril iria exilar.
– Tinha uma forte consciência política, mesmo sem ter uma implicação partidária, estava ligado a círculos culturais da vida sadina, lembro-me de Tito Lívio e Zeca Afonso. Se não tivesse havido o 25 de Abril provavelmente não iria para a guerra, iria exilar-me, já estava tudo planeado, vivi na clandestinidade desde 73, iria para Paris com dois amigos.
No entanto tinha conhecimento desta realidade. Um familiar falecera lá, em Angola, tinha conversas com pessoas regressadas depois de lá terem estado, tinha conversas com pessoas que viviam lá, tinha uma visão da guerra de África que não era, de maneira nenhuma aquela que o regime propagava.
Digo-lhe que me impressionou muito o peso dos espaços de representação sem palavra, a composição com a bengala, o tempo de resposta, o tempo, às vezes, em que a resposta não tem palavra. Falei-lhe da forma como o vi a ler, a preparar-se.
“ – Eu preparo o terreno, sim. Sinto, se quiseres, que é um dever ético, quando se pega em determinadas personagens, e eu tenho tido a felicidade de no teatro fazer personagens de peso, de tratar essas personagens em profundidade, quer dizer, questionar o que há em nós que possa dar corpo à personagem, ou através de leituras, sim, eu faço leituras, leituras que estejam relacionadas com o assunto que estou a trabalhar. Por exemplo, no caso desta peça, fiz inúmeras leituras, algumas antes, ainda o Rodrigo estava a escrever o texto, mandou-me uns quantos objectos de leitura.”
Acompanhaste a realização do texto?
“- Fui acompanhando de perto, quer dizer, o Rodrigo ia escrevendo e ia-me enviando. Enfim, opinei aqui ou acolá mas não foi significativamente. O Rodrigo tem uma forma muito característica de escrever e com a qual, enquanto actor, tenho alguma dificuldade em relacionar-me.”
– Porquê?
“- Por exemplo, ele embirra com os advérbios de modo e eu, com frequência, vou aos advérbios de modo. Mas eu gosto dos textos dele, gosto, sinceramente, dos textos dele. Acontece que ele tem uma escrita que não se coaduna muito com aquele meu pulsar imediato: tenho de ler e reler para começar a interiorizar daquela feição, percebes? O que, às vezes, torna difícil a elocução, uma vez que ele limpa muito o texto. Por exemplo, há uma fala na peça, na última cena, que é: “ para estar aqui a jogar à sueca comigo, ainda por cima meu parceiro, tinha de ser da companhia” e eu, quando a dizia era assim, “ para estar aqui a jogar à sueca comigo e ainda por cima meu parceiro, tinha de ser da companhia” e ele embirrava sempre pelo e. Percebes? E tem razão, tem razão!
– Essa estranheza em relação ao texto ajudou-te?
“- Claro, evidentemente. Isto funciona mais ou menos como um relógio suíço. Por exemplo, no espectáculo de ontem, houve ali um momento em que o ponteiro andou um bocadinho depressa demais. E este espectáculo funciona como um relógio suíço, numa rigorosa observação do texto e dos tempos do texto, percebes? Foi claramente identificado onde um determinado fenómeno começa e onde ele acaba, e depois, salta-se para outro. Há muitos momentos que são elipses, viagens, flashbacks, portanto, tudo isso tem de estar muito ajustado. Tudo isso passa-se dentro da cabeça da personagem que eu represento, uma personagem que decorre do cruzamento de pessoas concretas. Foi um trabalho muito bem feito pelo Rodrigo porque ele conheceu, e nós hoje também conhecemos, essas pessoas. Ele cruzou a informação que teve, por via de duas, três pessoas, objectivamente, e depois essas pessoas levaram-no ao conhecimento de outras experiências. E vamos lá ver, são raros os casos, muito raros mesmo, em que os intervenientes directos na ação falam sobre aquilo que se passou com eles. No caso deste trabalho, houve um interveniente directo na ação que, a dada altura, para se ver livre de uma série de aspectos que o atormentavam, resolveu passá-los a escrito.”
– Qual é o teu juízo sobre a tua personagem? Ela é tratada como um fascista na peça. É tratada como um tipo que está ligado a uma visão muito conservadora da história.
“- Eu não a julgo, defendo-a nas características que tem, que lhe foram configuradas; defendo-o o melhor que sei e posso, não estando contra nem a favor dele. Procuro ser ele. Se, depois, quando saio daquilo, tenho uma atitude crítica em relação a ele… é evidente que tenho. Mas há determinados aspectos aos quais uma pessoa não se pode escapar. Por exemplo, quando o filho o inquire insistentemente “vais votar nesses gajos de direita?” a certa altura ele responde que “ na tropa, ao recebermos uma ordem de façam fogo, ou não disparem, a forma como a passamos aos soldados, é exactamente igual a quando um gajo está na cabine de voto, com uma caneta na mão” isto põe-nos a pensar. Esta ideia está relacionada com o que Carlos Vale Ferraz defende no livro que escreveu, onde diz que, a maior parte das coisas que nos acontecem, não são provocadas por nós; nós apenas estamos implicados nelas e, por isso, elas tocam-nos. Eu, neste trabalho, faço o que sempre fiz em todos os trabalhos: procuro defender a personagem que me cabe, o melhor que sei e posso.
Falei-lhe na interligação entre o elenco. Todo ele é constituído por gente muito nova, no entanto notei uma grande ligação entre todos eles.
“- O grupo aderiu muito bem, não é a primeira vez que trabalhamos juntos. Sim, nós, de vez em quando fazemos co-produções e, fora a Lara e o Afonso, já nos temos cruzado.
Falo-lhe muito especialmente na ligação entre o homem e o seu filho na tal cena que eles chamam das Gaivotas.
“- Nesse momento, trata-se da relação entre pai e filho, em que o filho está a fazer um esforço para compreender o pai. Tem vindo a fazer esse esforço e isso é expresso nessa cena. E, então, o pai dá-lhe um pequeno espaço de persuasão, não é de convicção, é de persuasão, porque, logo na cena seguinte, ele volta à guerra e, portanto, a situação é complexa… repara, há um momento forte nessa cena, quando o filho lhe pergunta se na guerra ele chegou mesmo a matar alguém?”
– E a resposta do pai?
“- A resposta é dada, num primeiro momento, com um silêncio, um longo silêncio, que conduz os olhos do pai aos olhos do filho e, aquilo que vai na cabeça do pai é o seguinte:“- Finalmente fizeste essa puta dessa pergunta, que andas há anos a querer fazer. E agora, como responder a isso?: “ -Olha, este Inverno tem chovido à brava.” Como é que um gajo pode responder a isto, não é? Por acaso, eu perguntei directamente a uma das pessoas que entrevistámos e ela disse-me que sim. Mas, das cinco que matou, só falou de uma e não foi às outras. Só falou da que ele matou por piedade. Isto mexe…” Há coisas que, às vezes, parecem não ter importância nenhuma, mas depois aquilo fica a trabalhar dentro de nós e produz efeitos! Por exemplo, aqui há uns tempos, o Pepetela disse ao Lobo Antunes: “-Via-te todos os dias; só não te matei porque não quis”. O Pepetela estava como comissário político do MPLA exactamente onde o Lobo Antunes estava, como médico do exército português. E o Pepetela disse-lhe: “- Via-te todos os dias; só não te matei porque não quis.” Isto foi entre eles, mas tocou-me cá de uma maneira! E depois há outras coisas que aliviam. Por exemplo, o Pepetela contou-me que quando chegou ao mato, jovem comissário político, tinha sido morto, numa emboscada, o comandante daquele grupo de guerrilha, pelo que ele reuniu as pessoas para lhes explicar o que acontecera e como o homem tinha sido assassinado, tendo um dos guerrilheiros tomado a iniciativa, levantando-se, contando como tudo se tinha passado. Ao terminar, todos os outros aplaudiram. E, perante isto, o Pepetela, sei isto porque ele próprio me contou, num primeiro momento pensou “não percebi, o que leva estes homens a aplaudir a morte do comandante? E só depois percebi que estavam a aplaudir a representação que o outro gajo tinha feito da morte do comandante.”
(..) É impressionante, tu em cena és um autêntico velho, sais de cena, lavas a cara e mudas de roupa e pronto, estamos na presença de um homem maduro.
– Uma das coisas que me impressionou nesta peça, em concreto na tua representação, é que eu vi, claramente, duas camadas: a da personagem a constituir-se no corpo do actor, e também o corpo do Luís Vicente a lutar, no bom sentido, a apoderar-se…
“- É uma característica do meu trabalho. Sei que, e faço isso de uma forma consciente, tiro algum partido dos silêncios, exploro os silêncios. Quando digo uma frase procuro, eu actor, deixar espaço ao público para pensar sobre as várias possibilidades e implicações que aquela frase pode ter, no conjunto da narrativa. São frases que identifico como momentos-chave. Por exemplo, quando, no princípio, digo ao colega que está a fazer o homem do restaurante: “- Oiça lá, o que é que você acha que leva um gajo a divorciar-se?”. Acho que é importante preparar o espectador para acompanhar o actor num certo tipo de reflexão. Naquela cena, a problemática do homem é ter-se divorciado e ao questionar-se do porquê, está a convocar o espectador para a reflexão desse problema. Depois há momentos em que tudo flui e as palavras voam, mas aí já está construído um clima, já o espectador está lá no sítio e aquilo chega-lhe como balas, ok, mas calma lá, ainda há uma outra possibilidade. Eu procuro fazer isso no meu trabalho e, quando dirijo procuro que os meus colegas também tirem partido disso, desses momentos em que nós andamos à procura, objectivamente à procura, a personagem anda à procura e o actor que o está a interpretar tem que mostrar ao espectador o que é que o personagem está à procura. E a procura não se faz com uma avalanche de palavras, faz-se com uma interioridade.
– Com uma perplexidade?
“- Dizes bem, com uma perplexidade. Como actor procuro isso e, quando dirijo, procuro fazer com que os meus colegas sintam essa perplexidade.”
– Tu aqui também diriges os teus colegas com a contracena…
“- Percebo o que queres dizer…é curioso, já me disseram isso. É normal, também sou mais experiente do que eles. Mas se isso acontece é porque eles também o permitem.”
– Como é que vês esta erupção de textos sobre o colonialismo que está a surgir no nosso teatro?
“ – Segundo Matos Gomes, ainda vai haver mais. Estamos nos 60 anos da guerra colonial e nos 50 do 25 de Abril, pelo que isto vai ser um período muito fértil na abordagem a esta problemática. “
– Tem sido gente mais nova a trazer esse olhar…
“ – Gente mais nova que quer resolver coisas e que vai ao contacto com os pais ou com os avós. Porque há coisas que são difíceis de resolver. Repara, o meu filho veio ver o espectáculo, tem 46 anos, veio ver o espectáculo e ele não tem referências em relação a isto através de mim. Tem por via de um tio, irmão da mãe. E ainda que de vez em quando ele faça perguntas ao tio, sobre o assunto não se fala. O sogro da nossa figurinista foi militar de carreira. Também não fala acerca do assunto.”
– O não falar. Há um texto muito engraçado do José Gil, “ Salazar, a retórica da invisibilidade”, sobre a forma como o Salazar trouxe a retórica do não dizer, do não falar.
“- E agora as pessoas querem, realmente, abordar o problema. E como te digo, Matos Gomes acha que vão surgir mais materiais destes, que vão ser tornados públicos. Espero bem que sim, porque isto é um problema que está por resolver e nós não temos consciência disso. Vou contar-te um episódio: há uns anos fiz um trabalho, que era para ser encenado pelo Joaquim Benite, mas ele adoeceu e faleceu e portanto, acabei por ser eu a dirigir o espectáculo e também a interpretar uma das duas personagens. Era um texto chamado “Laços de Sangue”.
“Laços de Sangue” de Athol Fugard, um dos mais importantes dramaturgos contemporâneos, conta a história de dois irmãos, filhos da mesma mãe, um de pele clara e o outro de pele escura, que se vêm envolvidos numa história passada na África do Sul.
– Só entrei naquela aventura porque conhecia muito bem o companheiro com quem ia trabalhar, o Mário Spencer. Conheço-o mesmo bem, consigo identificar o significado de um sorriso do Mário e fazer a leitura dos risos, entre outras coisas. Nessa altura tivemos que lidar com o material que o texto nos propunha e eu parti do princípio que entendia aquilo tudo, mas a dada altura dei conta de que não. Eu avançava por determinado caminho e o Mário corrigia-me. E eu aí comecei a pensar numa observação que o Mário me andava a fazer há algum tempo: “- Tu um dia ainda hás-de perceber.” E foi com aquele texto que eu percebi. No nosso dia a dia há coisas que nos passam completamente ao lado, estamos tão à vontade com nós próprios e com o nosso meio, que não temos a percepção de elas poderem acontecer. Certo tipo de fenómenos, que parecem não ter importância nenhuma e que têm um significado do caraças, que são duros…”
– Como, por exemplo?
“- Dou-te um exemplo concreto. Fomos fazer este espectáculo numa cidade do interior. Era fumador na altura, fumava cigarrilhas, e perguntei onde podia encontrar cigarrilhas daquela marca. Fui ao café que me indicaram, de carro, no meu carro, com o Mário, que ia ao meu lado. Deixei o carro estacionado à porta, entrei e fui reconhecido, em festa, por um grupo de jovens que me abordou e que me acompanhou até à rua, quando saí entro no carro e há um que pergunta: “ – É você que vai a conduzir?” Olhei para o Mário e vejo um dos sorrisos dele, percebes? Se fosses tu ao meu lado, esta observação não teria lugar.”.
A conversa já ia longa, ele tinha que ir preparar-se para o espectáculo. Disse-lhe que ontem o tinha visto muito envelhecido e agora estava ali, fresco que nem uma alface.
“ – Um colega meu da companhia, que esteve a trabalhar na preparação do espectáculo, disse-me: “- É impressionante, tu em cena és um autêntico velho, sais de cena, lavas a cara e mudas de roupa e pronto, estamos na presença de um homem maduro”
Contei-lhe que no dia anterior, no espectáculo, tinha assistido a um momento muito curioso. Ele estava sentado numa cadeira de rodas, levanta-se com o seu andar normal em direção à saída de cena, percebe-se que é uma indicação cénica, mas depois, já ao sair, veio novamente o peso da personagem.
“ – Veio…”
– O que aconteceu?
“– Aconteceu ali, porque eu, quando saio dessa cena, vou interiormente abatido e é um momento em que vou um bocado mais abaixo para depois vir para cima. Não consigo, é difícil despir-me imediatamente, quando saio de cena. Já houve um espectáculo, que fiz há anos, em que só conseguia despir-me para aí ao fim de meia hora. Era o Zoo Story. Foi uma experiência dura, estive 9 dias sem sair do teatro e ao fim de 9 dias estreámos. Quando o espectáculo terminava, ficava muito agitado, não queria ver ninguém.”
Estávamos mesmo no final. Gosto destes momentos em que parece que desmontamos a conversa. Por alguma razão olhámos os dois ao mesmo tempo o espaço, caiu um silêncio. Disse:
“- Este lugar…o actor tem de tratar este espaço por tu, tem de se sentir ali como se fosse ele próprio. Cada centímetro, percebes?”
– Não te arrependes de ter vindo para o teatro?
“- Nunca, eu seria um péssimo engenheiro. Ou psicólogo, a uma determinada altura também pensei em estudar psicologia.”
Estava a gastar os últimos cartuchos, perguntei-lhe a brincar, porque é que homens e mulheres feitos, gente crescida, se entrega a este devaneio de fazer de outras pessoas?
“- Um enigma, não é.”- respondeu com ironia e continuou, mais sério. – “ Eu tenho a ideia… a principio não era nada disto, foi-se formando a consciência de que neste espaço, no espaço do teatro, tudo que fazemos tem um resultado e uma correspondência com a sociedade, e isso é uma coisa que me interessa explorar. Interessa-me mexer nisso, são materiais que me interessam investigar. Por exemplo, quando leio um romance, pode ser da Lídia Jorge que é uma escritora de quem gosto muito, ela tem frases que eu sinto só poderem estar no livro, se eu vou dizê-las vou corrompe-las, mas depois há este lugar que é um outro espaço da realidade humana que precisa de nós aqui, precisa de palavras, palavras que não devem ficar pelos livros, nem a mexer na nossa cabeça, porque às vezes elas andam por aqui soltas e a gente não as consegue ordenar.”
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