Ermo
Portugalidade e algum estoicismo
Fernando Pessoa é (e pelos vistos há-de continuar a ser) um dos poetas mais influentes na música portuguesa. Contudo, são poucos os que pegam na “Mensagem” e a retratam em forma de canções. Foi com base na premissa d’O Quinto Império e em toda a simbologia histórica que lhe está inerente que o duo bracarense Ermo (António Costa e Bernardo Barbosa) se dedicou a criar melodias soturnas, mas hábeis.
Portugalidade e algum estoicismo são alguns dos ingredientes líricos que Ermo transpõe no seu EP homónimo e que conta com um prefácio de Adolfo Luxúria Canibal. Dia 30 de Novembro, às 21 horas, temos oportunidade de vê-los e ouvi-los em Lisboa, na Baixa-Chiado PT Bluestation, num concerto à borla.
Como surgiu a ideia deste projecto?
A ideia para este projecto surgiu nos idos do ano de 2011 quando o Bernardo, supostamente, iria produzir algumas músicas minhas (António Costa) a solo, mas o resultado não foi o melhor. Durante o processo surgiu a possibilidade de nos juntarmos sob o denominador comum de Ermo e decidimos seguir em frente.
O que pretendem transmitir com as suas composições?
No que toca a este EP, a linha charneira é o conceito de Quinto Império de Pessoa e todas as letras têm uma espécie de Portugalidade que lhes é inerente. No entanto, não temos pudor em pegar noutro tipo de temáticas, como podem verificar noutras músicas mais antigas que gravámos em casa e lançámos apenas através da internet e noutros temas novos que estamos de momento a apresentar ao vivo e que vão mais tarde construir um longa-duração.
Quais são as vossas influências?
As nossas influências são para nós, provavelmente, o ponto mais irrelevante para a compreensão do projecto. Posso dizer-vos a música de que gostamos, mas não creio que tenham uma influência directa em nós, de maneira a isso ser evidente no que fazemos.
Qual a ligação que têm com o Adolfo (do ponto de vista artístico – como é que surge o contacto com o Adolfo e este apoio da parte dele, se é gratificante este apoio)?
O Adolfo é um artista que admiramos imenso. Já sentíamos isso mesmo antes de criarmos este projecto e, nessa medida, é uma ambição tornada realidade, o facto de ele colaborar connosco neste EP e de partilharmos um “palco” no dia 10 de Novembro. Conhecemo-lo no contexto da compilação “À Sombra de Deus” e desde então, temos vindo a contar com bastante apoio dele. Este apoio é, obviamente, gratificante, na medida em que é uma realização de uma ambição nossa, como já referi.
Como surge a oportunidade de participar no “À Sombra De Deus” e qual a sua importância para vocês?
O convite para participar na compilação veio de parte do Miguel Pedro, depois de lhe termos mostrado o nosso trabalho, uns meses depois de termos começado a fazer música e desde logo essa incursão no projecto tomou uma grande dimensão para nós, pois já conhecíamos o disco pelo valor etnográfico que tem para a cidade de Braga e para o País.
E que planos têm daqui para a frente, visto que o EP saiu recentemente…
Os planos que temos para o futuro são os planos que qualquer banda tem depois de lançar um registo de estúdio. Vamos fazer algumas apresentações ao vivo, tentando dar concertos que primem pela originalidade e intimismo durante o espectáculo, mas, acima de tudo, o plano é continuar a fazer música, gravá-la e compilá-la em discos.
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