Espaço Brasil
Localizado na Lx Factory, foi inaugurado pela Ministra da Cultura do Brasil, Marta Suplicy, no âmbito do Ano do Brasil em Portugal
Hora| 20h00 em Lisboa, menos uma nos Açores, menos duas no Brasil.
Dia | Sexta-feira, 16 de Novembro
O Lx Factory abre as suas portas para um evento onde arte e entretenimento são átomos de um mesmo elemento. A fórmula resultante: Open Day.
Mês | Novembro
A month to remember.
Ano | 2012
Jogos olímpicos, presidenciais americanas, ano do Brasil em Portugal e de Portugal no Brasil.
Apesar da chuva que se faz sentir, não há quem arrede pé. Várias pessoas aguardam pacientemente a chegada da Ministra da Cultura do Brasil, enquanto trocam palavras de circunstância, histórias e experiências, admiram de forma detalhada o armazém com cenografia a cargo de Aby Cohen, premiada com a Triga de Ouro na Quadrienal de Cenografia de Praga e ilustrações de Derlon, jovem artista pernambucano.
Marta Suplicy chega a pé. Passa o portão que une Portugal e Brasil e, nesse exacto momento, sobre as nossas cabeças molhadas, passa o comboio na Ponte 25 de Abril. Está oficialmente aberto o Espaço Brasil, local que marcará a diferença pelas suas múltiplas referências culturais, designadamente concertos, espectáculos, palestras, workshops com importantes nomes da cultura brasileira e, num futuro próximo, sessões cinematográficas.
O Carnaval vai começar.
Entro na galeria de arte do espaço, onde se encontra patente a exposição “O Brasil na Arte Popular”, acervo do Museu Casa do Pontal. Entre sorrisos que se soltam e conversa que flui, Juliana oferece-se para me conduzir num giro completo pela exposição. Uma espantosa viagem ao imaginário popular de um Brasil com profundas raízes indígenas e forte ligação a casa, à minha, Açores. A mistura de tradições como o maracatu, de origem africana, que influencia sobremaneira a cultura brasileira, as esculturas e bonecos alusivos à festa, com registos profanos, cristãos e muçulmanos, em azul ou a vermelho, palhaços como imagem de folia, bumba-meu-boi, boi dançarino que morre e ressuscita na dança e que interage e brinca com o povo, guiado por alguém que, no centro da indumentária, encena e segue, o chamado tripa ou miolo.
Esta é “arte que se aprende assim, vendo o outro fazer”, diz Juliana enquanto me apresenta Mestre Vitalino, importante pilar, não só da narrativa, mas também da estética e plástica que empresta à arte popular. Passamos pelo Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, intensamente exposto às intempéries que determinam a alternância de violentas enchentes e secas rigorosas. Rico em gente, em minérios e em arte. A arte de aproveitar a diversidade de recursos de que é exemplo o barro e a palete de cores que dá vida a obras de inigualável beleza. Rio de Janeiro e favelas e morros! Dadinho escava profundas raízes de árvores transformando-as em cidades tentaculares, inspirado nestes três últimos vértices. Chega a vez do Mestre Galdino, o da arte fantástica e o seu vasto mix de seres imaginários, “uma coisa muito doida”.
O evento prolonga-se entre o Brasileirinho, bar do Espaço Brasil, concerto de Mariza e o espectáculo Baile do Simonal, concebido e produzido por Max de Castro e Wilson Simoninha, filhos de Wilson Simonal.
Numa tela em branco, a arte popular é representação de um mundo onde “imaginar é criar realidades, é apontar direcções, é convidar para novos caminhos”. Brasileira ou portuguesa, retrata a vida de cada um, a vida de todos nós.
Venham conhecer o Espaço Brasil no Lx Factory que, como diz António Grassi, “será uma óptima forma de intercâmbio de olhares sobre a produção artística dos dois Países”.
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