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Exóticalia

Conversa em Barcelona com os responsáveis de um estúdio de design português "nómada e sem fronteiras"

A presença de portugueses no OFFF continua a ser muito grande mas não se fica apenas pela audiência. Muitos deles já são presença habitual no Mercadillo, o local onde os offfers podem descobrir e adquirir produtos de merchandising, ilustração, catálogos, brinquedos, peluches e muitas outras coisas. A equipa da RDB decidiu falar com o André e o Vasco, que se foram revezando nas respostas, e perceber como têm vivido este festival nos últimos anos e que diferenças encontram nas diversas edições. Fica aqui um pouco da nossa conversa com a equipa Exóticalia.

Exóticalia, segundo eles, não existe! Este colectivo junta um designer gráfico e um sound designer que criam, sem limites, imagens e sons que se influenciam mutuamente. Embora dêem resposta a trabalhos comerciais, apresentam no OFFF os seus trabalhos pessoais. Ilustração, fotografia e som, juntos para proporcionar novas experiências comunicativas.

Antes de mais, o que é a Exóticalia e quem faz parte deste colectivo?

Exóticalia é um lugar imaginário…um continente voador e acolhedor, cheio de florestas tropicais, animais coloridos que fazem sons agradáveis e curiosos. De vez em quando vamos lá explorar um bocadinho mais pois gostamos muito de ver coisas bonitas e partilhá-las com os outros através das nossas obras pessoais.

Exóticalia é também o nome do nosso pequeno estúdio independente, algo nómada e sem fronteiras.

Quando Exóticalia deu os primeiros passos, por volta de 2006, trabalhávamos à distância desde Barcelona e Lisboa, depois desde Bilbau e Amesterdão e actualmente desde Barcelona e Amesterdão… basicamente andamos com o estúdio às costas, o que é bastante positivo.

A Internet permite-nos essa liberdade e os nossos clientes também.

Além disso somos amigos de longa data com uma relação bastante forte, também ela sem fronteiras, o que faz com que possamos estar meses e meses sem nos vermos mas quando nos vemos sentimos como se estivéssemos estado juntos na semana anterior. A cumplicidade é muito grande e o skype também ajuda bastante para estarmos em contacto directo.

 

A cumplicidade é a grande base para a criação do vosso trabalho, onde as imagens e os sons se influenciam mutuamente. Não havendo limites para a criação, estão sempre em sintonia quando se trata de dar o projecto por finalizado?

Basicamente cada um respeita o trabalho do outro, falamos sobre o que nos parece bom e menos bom e tentamos encontrar a melhor solução possível. O mais agradável é que são áreas que se complementam e não interferem entre si, logo não há qualquer tipo de conflito, apenas uma eterna busca pelo prazer intrínseco ao acto criativo.

Vocês são, possivelmente, os portugueses que participaram em mais edições do mercadillo do OFFF. Ao longo das várias edições, como sentiram a evolução do festival e do vosso trabalho?

Pois é, talvez seja mesmo assim como dizes. A primeira vez foi em 2005 e até agora temos participado em quase todos, com vários projectos pessoais.

Talvez a melhor edição tenha sido a de 2006 em que estava sol e o Mercadillo era aberto a toda a gente… o facto de estar no centro da cidade e não ser preciso o bilhete do OFFF para entrar fez com que o público fosse bastante heterogéneo. Mas infelizmente isso só aconteceu esse ano, se a memória não nos falha, o que é uma grande perda para o Mercadillo em geral, na nossa opinião…

O festival em si vai crescendo cada vez mais, o que faz com que tenham novos desafios em termos de organização, etc… este ano parece que fizeram um esforço grande para corrigir erros que foram sentidos por grande parte do público na edição passada na qual houve muita gente descontente por não ter espaço na sala para ver as conferências que queriam ver…

Por isso este ano notou-se menos gente no Festival, ou pelo menos ficámos com essa sensação.

Em relação ao nosso trabalho… aos nossos olhos parece-nos que continua a evoluir de forma natural com o passar do tempo. Continuamos a divertir-nos bastante com o que fazemos e é sempre uma alegria quando descobrimos pela primeira vez a última coisa que fez o outro para o projecto… uma nova música ou uma nova ilustração acabadinha de fazer.

 

 


 

Decerto que há muitas pessoas que vos conhecem das edições anteriores. Os visitantes têm “memória curta” ou sentem que de edição para edição estes vos reconhecem e já vos olham como parte do festival?

Depende. Há pessoas que vêm muitas vezes e voltam para dizer “olá” e ver as novidades e outras que vêm apenas uma e depois mantêm contacto através da net…

Lembro-me de umas quantas pessoas que apareciam sempre nos primeiros 3 anos, por exemplo, e depois nunca mais voltaram… ou de outras que só vimos mesmo uma vez, mas que por serem bastante simpáticas nos ficaram na memória.

Embora portugueses, nenhum de vocês vive em Portugal neste momento. Estando fora, como apreciam o design português na actualidade?

É curioso porque foi através do OFFF, principalmente do Mercadillo, que conhecemos muitos projectos novos que apareceram em Portugal, através dos próprios autores ou de alguém que nos falou deles.

A verdade é que ficamos muito felizes por ver que cada vez mais se fazem coisas cada vez melhores em Portugal e que há cada vez mais variedade e pessoas novas a aparecer e a quebrar as regras ou a provocar mudanças positivas.

Ao contrário do que alguns querem fazer acreditar e sentir, não acreditamos que os Portugueses sejam tristes ou pessimistas… muito pelo contrário, sempre notámos que temos uma loucura muito nossa, muito própria… e é essa loucura que nos faz diferentes (nem melhores, nem piores, apenas diferentes)… e a nosso ver, é essa loucura que está nas entrelinhas da Criatividade “Tuga”. Essa loucura transborda de Alegria que as entrelinhas não podem conter.

E já agora, para terminar, que se saiba que os Designers Portugueses no geral são muito bem vistos por aqui, prova de que o Design que se faz, que se pensa e que se sente por aí tem credibilidade sem fronteiras.



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