“Fado é Amor” | Carlos do Carmo

“Fado é Amor” | Carlos do Carmo

Troque-se a ordem, baralhe-se e volte-se a dar. “Fado é Amor”, o novo disco de Carlos do Carmo celebra os seus 50 anos de carreira. Uma celebração do seu amor ao fado em jeito de lição e partilha com 10 fadistas em dueto, connosco. Amor é isto, isto é fado. Continue-se

Carlos do Carmo lançou na passada semana o seu novo disco “Fado é Amor”. Onze fados cantados em dueto com os mais conceituados e promissores fadistas: Camané, Mariza, Carminho, Ana Moura, Ricardo Ribeiro, Raquel Tavares, Cristina Branco, Marco Rodrigues, Aldina Duarte, Mafalda Arnauth. O disco é por isso feito das diferenças, tons e percursos de cada um destes fadistas cruzados com os diferentes tipos de fado e com a carreira de Carlos do Carmo. Gerações, diferenças, como uma casa de fados, esta é a casa de Carlos do Carmo.

E nesta casa em que Fado é Amor ouve-se a começar a afinação e timbres únicos de Camané naquele que é também o single de lançamento, «Por Morrer Uma Andorinha», passa-se pelo estilo límpido e puro de Cristina Branco em «Calçada Portuguesa», segue-se o ritmo do «Desfado» de Ana Moura, aqui com um «Novo Fado Alegre”. Raquel Tavares entra a meio com «O que sobrou de um queixume» que no refrão vai buscar o título deste disco. No fim do registo um outro amor, de mãe, em que Carlos do Carmo junta a voz da sua mãe Lucília do Carmo, numa gravação original de 1960, fazendo um dueto póstumo no tema «Loucura».

Um disco também com versão em DVD com as gravações dos duetos de Carlos do Carmo com os convidados. Uma mostra visual do que se ouve em CD, de que o Fado é este trabalho de dar e receber, de conhecimento, crescimento, experiências, respeito e amor partilhados nestes duetos ensaiados na própria casa de Carlos do Carmo. Aqui pode ver-se que o ambiente é de intimismo, amizade e muita mestria deste Carlos do Carmo admirado por todos. “Vejo o Carlos como um professor presente a cada palavra que canta”, descreve a fadista Mariza. Carlos do Carmo vai contando a história e percursos destes fadistas e cruzando-a com a história do Fado e a sua própria. O que ambos admiram e aprendem uns com os outros. Duetos, afinal, explicados ao público.

O Fado é isto. Se eu repetisse títulos escreveria assim. Porque o Fado é o que de forma brilhante Carlos do Carmo fez com este novo disco. Pegou no conhecimento dos seus 50 anos de carreira e no amor que lhe guiou a vida, a música e o fado e fez o “Fado é Amor”, partilhado para seguir em frente mesmo que ganhe outros contornos de novas vozes e novos tempos. Para ir assim livre, em encontro, com trabalho e sentido, em duetos, bebendo do que se aprende e se ensina, crescendo para um Fado maior.

O Fado é Lisboa e a maioria dos Fados do disco são em homenagem a esta cidade amada pelo fadista. Carlos do Carmo com as suas escolhas de géneros e fadistas e temas faz-lhes também uma homenagem. Porque 50 anos de carreira parecem muito tempo. Mas é apenas tempo suficiente para fazer mais. Mais do que celebrar o passado, fazer para o futuro e unir dez fadistas esquecendo gerações antigas, do meio ou novíssimas gerações e entregando-se a esta, de agora e amanhã, para que tal como este disco se junte, colabore, sinta o que ama e o que os guia e se faça ouvir. Fado é seguirmos o coração. Faixa a faixa.



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