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Faith No More @ Sudoeste

A reunião que salvou o Festival.

Antes do Festival Sudoeste começar já seria expectável que o regresso dos Faith no More a Portugal, doze anos depois do último concerto da banda (que curiosamente foi no Coliseu dos Recreios em Lisboa), iria marcar os quatro dias de concertos na Zambujeira do Mar. Mais do que um grande concerto, Mike Patton, Roddy Bottum, Billy Gould, Mike “Puffy” Bordin e Jon Hudson salvaram o Festival e presentearam o público com um dos espectáculos do ano.

Vestida a rigor (ver galeria), a banda pisou o palco alguns minutos após as 23:30 e abriu o concerto com “Reunited”, uma cover soul de Peaches & Herb, melancólica e pirosa o suficiente para este momento especial de reunião entre a banda e fãs. A calma foi rapidamente quebrada com “Land of Sunshine” e “Caffeine”, ambas de “Angel Dust”, onde se percebeu que iríamos a assistir a um espectáculo verdadeiramente notável, dada a entrega da banda, especialmente de Mike Patton que durante todo o concerto não deixou de fazer diversas incursões ao seu lado mais experimental utilizando um vocoder para criar efeitos com a sua voz.

Foi possível perceber a estupefacção na cara do público. Talvez o tempo nos tenha feito esquecer as extraordinárias qualidades de Mike Patton enquanto frontman de uma banda. Para além da impressionante capacidade vocal, este quarentão tem um carisma e uma presença em palco única. Com uma energia estonteante, conseguiu colocar um sorriso na cara de todos com a interpretação de “Evidence”, cantada totalmente em português e dedicada a Cristiano Ronaldo.

O alinhamento escolhido para o Sudoeste, um pouco diferente dos concertos desta tour, roçou a perfeição e a passagem de temas violentos (“Cuckoo For Caca”) para os mais “românticos” (“Easy”, original dos Commodores), foi feita com uma classe extraordinária. A faceta dos Faith No More de “conseguir comover o mais puro dos roqueiros” foi uma constante e todo o Universo artístico da banda coube no palco, por onde passaram todos os grandes sucessos, alguns deles em sequência: “Ashes To Ashes”, o último grande sucesso da banda, antecedeu a emblemática “Midlife Crisis” que por sua vez abriu caminho a mais um momento lamechas do espectáculo com “I Started a Joke”, original do Bee Gees.

“Epic” e “Just a Man” fecharam o concerto, com Mike Patton a descer do palco, roubar um chapéu de palha e colocar alguns fãs a cantar, sempre com um enorme sorriso no rosto que alastrava-se a todos os espectadores, muitos deles que foram ao Sudoeste apenas para ver e ouvir os Faith No More.

Ainda houve tempo para dois encores, culminando com a obrigatória “We Care a Lot”, com o Sudoeste a seus pés.

No meio do concerto Mike Patton quis saber quantas pessoas estiveram presentes no último concerto da banda em Lisboa. Muitos foram aqueles que levantaram o braço e que responderam que “SIM” à próxima pergunta: “Estamos a tocar melhor?”. Obviamente que a resposta não podia ser outra mas a verdade é que a actuação dos Faith No More no Sudoeste ficará na memória de todos e prova que nem todas as reuniões são negativas.



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