Fantômas
A banda de Mike Patton regressa a Portugal em Maio. O Senhor do Terror invade a Aula Magna a 21 deste mês.
Fantômas.
What did you say?
I said: Fantômas.
And what does that mean?
Nothing… Everything!
But what is it?
No one… And yet, yes, it is someone!
And what does this someone do?
Spreads terror!
-Opening lines of Fantômas
Antes da primeira Grande Guerra eram muito famosos uns romances criminais thriller/suspense/terror intitulados Fantômas. Nestes romances franceses, a personagem principal, Fantômas, o Senhor do Terror, não é ninguém e no entanto é alguém; está em todo lado e em lado nenhum, levando avante uma implacável guerra contra a sociedade burguesa na qual se move.
Era o autor dos crimes mais horrendos: substituía o conteúdo dos perfumes, que estavam em armazém à espera de ser comercializados, por ácido sulfúrico ou obrigando a sua vítima a ver a sua própria execução virando a cara do infortunado de frente para a guilhotina.
Fantômas tornou-se rapidamente uma obra obrigatória para quem gostasse do género. Os ambientes macabros, a angústia e realidade, associada a toda a imaginação daqueles crimes eram espantosos. Fantômas passou a ser um romance criminal de culto e a sua personagem principal proclamada herói.
Foram várias as tentativas de projectar o romance para além do papel, todas elas sem êxito. Foi preciso meio século para que fosse feita uma adaptação digna do seu nome. Desta vez, Fantômas passou, não para o cinema, mas para a música, e pela primeira vez, após tantas tentativas falhadas, conseguíamos finalmente sentir todo o ambiente criado pela obra sem ser no papel.
Depois do fim dos Faith No More, nasce do cérebro de Mike Patton Fantômas. O nome vinha dos novels franceses, assim como o ambiente pesado e complexo que passou a caracterizar o som da banda.
Influenciados pelas mais diversas coisas, desde filmes a cartoons, os Fantômas são uma mistela de estilos musicais que culminam num som brutal, explosivo e surpreendente. Um som verdadeiramente único!
Além de Mike Patton (Mr.Bungle, Peeping Tom, Tomahawk) na voz, os Fantômas contam com a participação do guitarrista Buzz Osborne (Melvins), do baterista Dave Lombardo (Grip Inc., ex-Slayer) e o baixista Trevor Dunn (Mr. Bungle). O primeiro registo tem data de 1999. O álbum homónimo teve pesado impacto no panorama musical e as performances ao vivo deixavam bem claro o objectivo de tentar entrar noutro mundo e com eles levarem a audiência, muitas vezes baralhada mas simplesmente extasiada.
“The Director’s Cut” de 2001 contava com covers de bandas sonoras de filmes de terror/suspense, como “Cape fear” ou “Twin Peaks” ou mesmo “The Godfather”. Muito original e extremamente brilhante, o segundo álbum da banda deixa-nos com um sorriso nos lábios. “The Director’s Cut” transmitia mais uma vez o fabuloso processo criativo a que Patton e companhia há muito se deixaram submeter.
“Delìrium Cordìa”, o último álbum dos Fantômas chegou às lojas já este ano e consegue ser o mais poderoso e surpreendente dos três álbuns. Explosivo, dinâmico, cheio de sonoridades novas e ritmos frenéticos, com ambientes verdadeiramente assustadores e uma atmosfera profundamente religiosa, “Delìrium Cordìa” parece saído dum filme de terror. Sentimos o medo, a angústia, a perturbação e todas aquelas outras coisas que aparentemente não gostamos mas que não conseguimos recusar. É uma chapada sem mão a todos os que dizem que a música está a perder qualidade, sentimento ou originalidade; é uma ode à música contemporânea. Um álbum que deve funcionar muito bem ao vivo e que vai arrebentar com os ouvidos e mentes de todos os presentes na Aula Magna no dia 21 de Maio mas preparem-se pois o Senhor do Terror chegou…
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