“Far from Afghanistan”
Um retrato do Afeganistão, depois de uma década em guerra
Inspirado pelo compromisso de colaboração Loin du Vietnam (1967), que uniu uma série de realizadores, operadores de câmara, montadores e técnicos, “Far from Afghanistan” procura contribuir para o esforço internacional de reorientar a política norte-americana da intervenção militar e política para o apoio verdadeiramente humanitário e ao desenvolvimento.
Este é um documentário que une “imagens de guerra, entrevistas, estilos intelectuais, incursões ficcionais e imagens documentais, numa maneira de interepretar a intensa cobertura mediática e propaganda, manipuladas pelo governo Americano”, “Far From Afghanistan” pretende contribuir para uma esforço internacional de redireccionar as políticas dos EUA do campo militar e político para uma intervenção mais humanitária, e a favor do desenvolvimento de um País. Este é um documentário que examina pormenorizadamente, num mosaico de abordagens, as questões de responsabilidade compartilhada, história e memória – “num esforço para ajudar a acelerar a resistência política à guerra”.
“My Heart Swims in Blood”, por John Gianvito, é o um dos segmentos que nos leva numa viagem ao mais escuro que existe na alma. Um homem tenta acalmar-se para dormir. Num outro ponto do mundo, os Americanos abraçam os seus prazeres. 7000 milhas afastados, as forças americanas e da coligação deixam para trás um rastro de morte, destruição e ressentimento profundo entre muitos do povo do Afeganistão. “Business as usual”, outro segmento do realizador, um discurso inflamado e de acusação contra uma década de abate e ocupação, e os “frutos” do excepcionalismo americano.
Em “Empire’s Cross”, de Jon Jost, temos uma evocação poética das circunstâncias instigantes dos ataque dos EUA no Afeganistão, os métodos e as origens culturais profundamente enraizadas de tendência da cultura ocidental para a guerra. Como contra-ponto usa discurso do presidente Eisenhower, “Farewell Speech” (1961) e um discurso anterior (1953) “Cross of Iron”. Irónico, como Eisenhower, um general muito glorificado e um republicano na política, ele seria hoje considerado um esquerdista radical pelas suas palavras nos seus discursos.
“Fragments of Dissolution” é um segmento pelo olhar de Travis Wilkerson, “Fragments of Dissolution” é um grito poético, angustiado com o “coração de um império podre”. Quatro mulheres descrevem os seus próprios infernos. Crianças, irmãos e amigos queimados vivos enquanto outros simplesmente tentam não morrer de frio. Maridos e filhos chamados para servir o seu País, uma e outra vez, que preferem o suícidio a voltar à guerra.
“Afghanistan: The Next Generation”, é-nos contado por Soon-Mi Yoo. “Serão 60 anos tempo suficiente para uma guerra ser esquecida? Mas então como é possível que a guerra americana no Afeganistão seja esquecida quando ainda está desencadeando morte e destruição? Eu também sou culpado de esquecer. Este filme é o meu pequeno gesto contra o esquecimento. Ele incorpora várias formas de imagens de arquivo – militar, notícias amadores, ficção de diferentes momentos históricos e procura expor a hipocrisia da ocupação americana”. E, por mim, “The Long Distance Operator”, um segmento de Minda Martin, uma narrativa experimental acerca de um piloto de um robot, em Palmdale, Califórnia, e que aprende sobre o impacto do seu papel na guerra do Afeganistão através de soldados no local, que procuram perceber o porquê de tantas mortes de civis, consideradas acidentais, a mando do robot guiado por este piloto.
“Far From Afghanistan” procura gerar um diálogo, e é, na minha opinião, um filme que não pode ter uma crítica. É um filme para pensar sobre a nossa vida, sobre a vida dos outros, sobre tudo o que se passa à nossa volta. É um filme que nos deixa a pensar no valor que cada um de nós atribui à própria vida, e à vida de todos que nos rodeiam.
“Far from Afghanistan”
John Gianvito, Jon Jost, Minda Martin, Travis Wilkerson, Soon-Mi Yoo | 129′ / EUA / 2012
Sessões Especiais
19 OUT. 16:15 – Culturgest – Gr. Auditório
27 OUT. 21:45 – Londres – Sala 1
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