8 ½ Festa do Cinema Italiano – Rescaldo
A quarta edição da Festa do Cinema Italiano trouxe muitas novidades e mais público ávido de novas estórias.
À quarta edição, a Festa do Cinema Italiano afirma-se como um festival importante que dá a conhecer bom cinema feito em Itália. A secção de competição albergou primeiras ou segundas-obras, excepção para “Notizie degli Scavi” de Emidio Greco. A longa vencedora foi “La Peccora Nera” de Ascanio Celestini. A secção de competição deste festival foi inaugurada o ano passado.
Houve ainda oportunidade para uma boa selecção de Curtas-Metragens e, em complemento de alguns filmes, videoclips de bandas italianas que também estiveram a concurso, tendo sido “A Sangre Freddo dos Il Teatro degli Orrori” o justo vencedor.
Paralelamente, o festival expandiu-se e contou também com alguns eventos paralelos como um dia dedicado ao laboratório de experimentação Fabrica, uma divisão do grupo Bennetton, que dá oportunidade a artistas de desenvolverem trabalhos nas áreas do vídeo, documentário, design gráfico e design de equipamento. O processo de selecção é rigoroso e a localização remota do laboratório permite aos artistas uma aprendizagem e experiência únicas que dão origem a trabalhos que são depois colocados à venda ou exibidas nas lojas da Fabrica espalhadas pela Europa. Em Portugal podemos visitar a loja no Chiado no último piso da loja-mãe da Bennetton. Esta tarde dedicada à Fabrica foi apresentada por Sam Baron que é o director da área de design numa conversa informal com, infelizmente, poucos espectadores.
A retrospectiva deste ano foi dedicada à comédia italiana. Oportunidade para ver ou rever grandes obras como “Tutti a Casa” ou “Una Giornatta Particolare”. A escola de documentário ZeLig foi também homenageada com a projecção de alguns documentários emblemáticos. Fora também de competição ficou a secção Panorama com algumas ante-estreias importantes como “A Solidão dos Números Primos” ou o excelente “As Quatro Voltas”, um estranho objecto quase-documental, estilizado mas cru, que já fez correr excelentes críticas na nossa imprensa especializada.
Mas o grande filme desta edição, se nos permitem, foi “Notizie degli Scavi”, um filme tão triste quanto cómico do enfant-terrible do cinema independente italiano. Uma simples estória de personagens atípicas pontuada com momentos de pura poesia e realizada de forma honesta que, infelizmente, não vai estrear por cá.
É por essas e muitas outras razões que 8 ½ é cada vez mais indispensável no cardápio de festivais em Lisboa e no resto do país, já que esta Festa passa também pelo Porto, por Coimbra e pelo Funchal. Não é um festival a precisar de afirmação, esta quarta edição provou que há falta de cinema italiano por cá, e provou também que há muitos espectadores ávidos destas estórias peculiares. Para o ano já sabem: não há fuga possível. Esperamos ansiosamente a quinta edição.
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