Festival Bons Sons 2012
O Bons Sons foi tudo o que prometeu
O Festival Bons Sons começou há três edições, em 2006, e é já um dos festivais de música mais falados na boca de quem o conhece. O facto de ser um festival de música portuguesa, de ser inserido numa aldeia com cerca de mil habitantes, muito mais apelativo a nível financeiro, e também por não ser demasiado conhecido, faz com que este seja um festival especial.
O valor do bilhete tem vindo a aumentar ano após ano, mas continua a ser bastante apelativo. Continuará a ser bienal. Apesar de haver um País convidado diferente em cada edição, prometem que continuará a ser um festival de música portuguesa. Confessam que este ano atingiram a dimensão que pretendiam, entre 40 e 50 mil pessoas, e é esta a escala ideal para o futuro. O cartaz continuará a ser constituído por projectos contemporâneos e não repetirão bandas de cinco em cinco edições, ou seja, de dez em dez anos.
Tudo começou porque tinham amigos com projectos de música com qualidade mas que não eram conhecidos. Todas as bandas portuguesas têm algo em comum, uma empatia, que não é necessário definir, mas que cria um elo de ligação, que a este festival agrada. Foi a necessidade de dar a conhecer ao público bandas portuguesas que o fez crescer.
Começaram por andar de porta em porta, na missa e nos cafés, a explicar a essência do festival. A ideia agradou muito a uns e menos a outros. O barulho que o festival provoca aos mais idosos não faz com que vejam o festival como uma mais-valia. Os moradores têm que andar com uma pulseira também, têm que deixar o carro mais longe do que costume, ,e talvez o que incomoda mais, é terem a sua própria aldeia fechada. A maioria dos moradores entende que este é um projecto que traz mais-valias à aldeia e possibilidade de ajudar a associação SCOCS que organiza os Bons Sons, nos diversos projectos ao longo do ano. Para além da comunidade que trabalha como voluntária no festival, também trabalham pessoas vindas de fora da aldeia, jovens na maioria. Sem patrocinador, é com a ajuda de quem ajuda que o festival é possível.
Este ano o festival propôs ao público ser mais ecológico e deu a possibilidade de usar uma caneca de metal. Eram poucas as pessoas que não tinham a sua caneca presa ao cinto e, assim, o recinto notou-se bem mais limpo que na última edição.
Uma outra novidade foi que disponibilizaram cerca de 6 computadores ao público com internet. A mim chocou-me o facto de 95% das vezes entrar na sala e em todos os ecrãs ter a imagem do Facebook.
A organização do festival está satisfeita porque tiveram o público que esperavam, um público interessado e disponível a descobrir novas bandas. Apesar de haver muita diversidade em estilos, agrada-lhes que o público seja o mesmo em diversos concertos.
Quanto a mim soube-me bem chegar a Cem Soldos, uma aldeia a 5 quilómetros de Tomar, e sentir que sou bem recebida. É acolhedor descobrir que muitos voluntários são moradores da aldeia e que há um trabalho de comunidade bem eficaz. A possibilidade de conhecer diversas bandas novas é mais uma das oportunidades que Bons Sons possibilita a quem participa no festival, e isso a mim agrada-me muito. Vou mais interessada pelos concertos de novas bandas do que para ver os grandes nomes do cartaz, porque esses já conheço.
Cem Soldos disponibiliza ainda o seu lindo Céu, onde é possível ver estrelas cadentes sem fim a caminho do campismo. Se para uns é uma aflição ir até ao campismo sem luz, para outros é tão maravilhoso que se deitam no solo a observar as maravilhas da natureza possíveis naquela localidade.
Não é fácil falar de todos os grupos que passaram este ano no Bons Sons. Há bandas que já não precisam de apresentação e muito menos de tentar descrever o quanto o público aderiu; Nuno Prata a abrir o festival, Linda Martini, A Naifa, Maria João & Mário Laginha e Vitorino.
António Zambujo e Aldina Duarte, além de surpreenderem o público que ainda não os conhecia, encantaram-nos com a emoção de estarem em palco neste festival. O recinto onde actuaram estava cheio de pessoas sentadas no chão encantadas com a música que se fazia ouvir. Já a Celina Piedade fez o público dançar com danças tradicionais europeias ao som da sua música, no pequenino espaço que ainda havia.
O Festival disponibilizou ainda o Palco Acústico para quem tinha originais a apresentar, onde havia constantemente concertos ao longo dos quatro dias de festivais.
Abaixonado foi provavelmente o mais falado no festival. Definido pelo público como “divertido”, surpreendeu todos quando acendeu um cigarro na igreja e disse “que se fodam as criancinhas”.
Os grupos espanhóis, El Naán e Vigüela, foram bem recebidos como todas as outras bandas.
Já as “Curtas em Flagrante” e os vídeos da MPAGDP esgotaram o auditório, mas foi a Joana Sá que deixou mais público às portas do edifício.
O primeiro dia foi ficando mais cheio conforme a noite caía, com um público bastante interessado no festival e na aldeia. Mas foi no segundo dia, com o melhor cartaz, que esgotou todos os palcos. No sábado sentiu-se ainda uma subida no número de público, principalmente no concerto de Maria joao & Mário Laginha. No último dia Vitorino finalizou o festival com o recinto bem composto.
As tardes em Cem Soldos eram bem mais tranquilas; enquanto uns andavam no recinto do festival com borrifadores para aguentar o calor, outros preferiam ir para a piscina de Tomar ou para o Rio Nabão logo pela manhã.
Obrigada a todos os voluntário que possibilitaram o Festival, a toda a aldeia pela coragem no projecto e a Bons Sons. Daqui a dois anos lá estaremos.
Fotografia por Liliana António. Galeria do primeiro dia do Festival Bons Sons 2012 aqui.
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