Festival do Crato 2011
Um festival com anos de História, ou não fosse esta a 27ª Feira de Artesanato e Gastronomia, o principal motivo da sua existência.
Numa vila no interior de Portugal situada no alto Alentejo, bem perto de Portalegre, decorreu entre 24 e 27 de Agosto um festival com anos de História, ou não fosse esta a 27ª Feira de Artesanato e Gastronomia, o principal motivo da sua existência.
Mas com os anos, esta feira tem vindo a actualizar-se e a criar um novo conceito de festival/cultura regional. Cerca de metade do recinto é ocupado pela “feira” com artesanato e gastronomia, onde podemos vivenciar a cultura em todo o seu esplendor e degusta-la. Tudo a um preço bem acessível, mesmo em época de crise, mas tendo em conta a contensão dos gastos, claro.
Ao chegar ao Crato no dia 23, antes do grande festival acontecer, existia uma corrida de toiros, na sua pequena – mas não menos interessante – praça de toiros, onde pude conviver e falar um pouco com os habitantes que demonstravam ser aficionados pelas toiradas e permitiram-me alargar os meus conhecimento sobre o tema; pessoas simples e sem preconceitos, amigo do amigo da sua terra, e com um enorme sentido de humor.
Após esta experiência fui conhecer a “zona dos bares/café” que não deixa nada mal vista a terra.
No primeiro dia dos espectáculos, da parte da tarde, aproveitamos para conhecer melhor a vila, e fazer umas compras. Altura em que constatamos que essa estrutura era demasiada pequena para colmatar as necessidades da população extra, principalmente os bens básicos; o que falhava mais era o pão.
Para mim foi fácil integrar-me, pois estava acompanhado de pessoas da terra, o que também me favoreceu em relação às dormidas. Em vez de acampar no parque de campismo improvisado para o festival (com poucas sombras), fiquei numa habitação junto ao recinto com vista privilegiada para a frente do palco – o handicap foi o Soundcheck, que actuava como despertador todos os dias perto das 10 horas da manhã, e aí compreendi o porquê das pessoas não gostarem a 100% do festival, (associado ao quebrar das suas rotinas, o desassossego não só provocado pelas pessoas de fora, mas também pelos preparativos para a noite). A salientar dos concertos as belíssimas actuações de Marco Rodrigues e sua convidada, e do estrondoso espectáculo de Expensive Soul.
No segundo dia do festival, obrigado a acordar cedo devido ao soundcheck, fui dar uma volta pelas proximidades, conhecer melhor a terra e, ao tentar ver o seu museu, apesar de dizer que nessa hora estaria aberto, certo é que pelas três tentativas feitas (em dias diferentes) vim a descobrir a posteriori que está fechado por motivos de obras, mas um simples papel daria a conhecer tal situação… Fui então procurar a rede wireless disponível 24 horas, como referenciado no site do festival, não encontrei sinal algum, pelo menos aberto.
Da parte da tarde fui conhecer o estádio de futebol, e aproveitei, já que mesmo em frente estavam as piscinas municipais, espaço incrível, com condições e bastantes qualidades, distribuída em três tanques – um para saltos, outro para banhos e outro para natação e escorrega – ainda contemplava duas pequenas “depressões” para crianças. Junto a este via-se o parque de campismo improvisado e bastante “solarengo”.
Neste dia é de relatar os óptimos concertos dos Homens da luta e Deolinda, que o público bem gostou, pela forma emotiva e efusiva que os acolheu.
Já no terceiro dia do festival, aproveitei para dar uma volta pelas terras de periferia, e ver como as pessoas viviam sem a confusão temporária do festival, e conhecer um pouco mais o concelho do Crato.
À noite tentei compreender os espectáculos, mas não gostei muito. Sou um grande fã dos Clã, mas o último álbum para os concertos não me parece muito bem, não acorda, mas mata o público, e notou-se pela forma como os trabalhos anteriores tinham mais relevância e motivação de aplausos. Gabriel O Pensador, foi mais um. Sem muito a salientar, apesar de não gostar muito, o trabalho é audível, mas o telemóvel constantemente a gravar o público e as interrupções devido a umas gravações para incluir num outro trabalho matava o espectáculo.
Ao quarto dia o cansaço teimava em aparecer. Nada melhor que uma tarde de piscina. Descanso é descanso.
Passámos pelo mini-mercado e, sem pão alentejano, sem pão de qualquer tipo, comprámos o que poderia colmatar a falta dele, o único saco de croissant (tipo fast-food) que havia na loja. Depois do jantar lá fomos para o grande dia/noite.
Como não conhecia ao vivo Legendary Tigerman, foi uma belíssima experiência, um espectáculo incrível, estranho é que sem os normais apertos junto ao palco. Havia espaço e foi o único dia que consegui estar bem perto do palco.
Depois foi a vez dos esperados Gotan Project. O ambiente seria o mesmo, com espaço, mas não foi por isso que foi menos aplaudido e mais uma vez se confirma a magnitude deste grupo que trazem consigo o “novo” tango.
Chegados ao último dia, altura das despedidas de uma vila que me marcou. Apesar de algumas falhas, será uma experiência a repetir, pelas tasquinhas da comida tradicional, ou para voltar a ver o artesanato, mas principalmente por uma terra, um povo e seus costumes, e sempre sem esquecer os nomes do cartaz e dos anteriores espectáculos em anos passados.
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