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A arte de ‘cristalizar’ momentos!

FEA - Festival dos Espaços dos Artistas de Lisboa. 18, 19 e 20 de Maio 2018

FEA, Festival dos Espaços dos Artistas de Lisboa, desenvolve a cultura artística da | e na cidade, através de pequenos sítios duma grande rede. Os núcleos da arte pontuam o território urbano, e estão abertos em simultâneo, ligados num mesmo sistema vivo, de comunicação bem recíproca. Todos os lugares podem fazer parte, independentemente da sua escala, o que permite encontrar expressões mais espontâneas e de maior flexibilidade.

É uma vontade de expor o quotidiano ‘real’ da arte contemporânea e aproximá-lo do público de forma mais livre. Neste contexto, em 3 dias e a decorrer até hoje, pode passear-se num mapa rico em boas experiências.

Escolhi regressar ao bairro de Campolide onde tenho boas memórias, ainda vivas, na arte exposta na montra do Francisco Aires Mateus.

Depois demorei-me com um prazer imenso no RUI CALÇADA BASTOS STUDIO, que conversava na rua com o seu convidado Belga JONATHAN SULLAM e desci ao atelier de trabalho onde estava o curador SÉRGIO FAZENDA RODRIGUES a receber-nos com todo o empenho.

Sente-se essa partilha e identificação entre todos. Esta relação de troca que estabelecem, na acção de dar e receber, pode mapear com solidez o ponto 17.

Speech Acts, apresenta-se numa trilogia ilustrativa da obra do artista. ‘Eternally Temporary ‘, ‘Speech Acts . Microphone ‘ e ‘Rainbow’, foram a selecção e sintetizam o coerente percurso de JONATHAN SULLAM, reforçando e subvertendo a relação tempo-espaço.

Estes ‘Actos Discursivos’ procuram materializar acontecimentos, formalmente difíceis de imortalizar, de uma forma poética e conceptual. Experimentam representar momentos através de uma construção dramática e irónica, aproximando-os da sua mais profunda essência. Tentam ‘congelar’ memórias, naturalmente emocionais, criando tensões tão paradoxais quanto belas.

A mostra é resultado de uma ‘cristalização’ ou de um ‘suster da respiração’, como o autor descodifica ao longo da sua intimista e transparente apresentação. O imaterial ganha outro significado nas ligações que se estabelecem nas suas peças.

Os temas alternam entre a ‘glória’ e a ‘decadência’ numa oscilação cíclica, ora nostálgica ora de esperança. O diálogo surge neste contraste e nesta inversão, com humor e ao mesmo tempo alguma fragilidade.

A sinestesia dos trabalhos contribui para este apetecível movimento ‘pendular’. As ações são petrificadas e os meios tornam-se quase inúteis.

Sente-se esse desequilíbrio equilibrado e a sua preocupação com o estado do mundo bem como nas sucessivas críticas pouco ponderadas que o orientam. É um processo de pensamento claro e uma manifestação sensorial, que despertam valores e responsabilidade.

Alguns trabalhos em diferentes países do mundo, são manifestos fortes, em participação activa com os implicados mais directos, correndo o desejável risco na cultura de uma forma muito mais abrangente. É importante descobrir estas histórias.

A obra remete-nos para Jacques Derrida, pela proximidade com a sua teoria, onde se descreve a incapacidade da linguagem revelar o verdadeiro conteúdo. O método da descontração, a decomposição, leva a descobrir reveladoras partes escondidas, com a intenção de elucidar a autenticidade do discurso.

Sem entrar em particularidades para cada produção, o trabalho e a disponibilidade de Jonathan, aqui

http://www.jonathansullam.com/portfolio/

para sentir ao ritmo de cada vida!

Muito obrigada a todos, pela tarde de ontem…

http://www.ruicalcadabastos.com/

https://pt.linkedin.com/in/s%C3%A9rgio-fazenda-rodrigues-3b18a315

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