Festival FUMO 2014 | 21 de Junho
A menina dança?
Salgar, azeitar, descabeçar, lavar, enlatar, não necessariamente – e pouco provavelmente – nesta ordem. Foi por entre estas palavras que carregam o peso do trabalho que Celina Piedade se apresentou, no Museu do Trabalho, para o terceiro dia do Festival FUMO.
Lugar que, diga-se, assenta que nem uma luva a uma artista que, nas suas canções, homenageia o lado mais campestre e primaveril da existência, sobretudo as gentes que trabalham incansavelmente, seja na cidade ou nos campos.
O concerto atravessou maioritariamente “O cante das ervas”, rodela lançada este ano onde Celina resgatou ao cancioneiro popular a sua ligação à terra, fazendo de cada canção um perfume ligado a uma erva aromática.
Mas nem só de alecrim, cidreira ou camomila se alimentaram os nossos sentidos. Para lá do lado mais festivo de Celina, correspondido por um público que não se cansou de aplaudir e mesmo bailar, houve uma revisitação ao lado mais negro da música popular; como em «Toada», tema de despedida de uma mulher que vê o marido partir para a sempre incerta vida do mar. E é neste lado mais negro que a música de Celina ganha um maior fulgor e encantamento, aliando a tristeza da voz à melancolia do acordeão.
Pena que a qualidade sonora tenha estado uns furos abaixo do desejado, muito por culpa da amplitude do espaço, numa noite de homenagem ao canto popular por uma artista que, para lá da qualidade vocal e dos dotes de composição, tem em si mesma uma das qualidades maiores que a música – e uma pessoa – pode oferecer: a genuinidade.
Programa do último fim-de-semana:
27Junho – Quartel do 11 (Setúbal)
Ash is a Robot + Trono de Sangre + Black Bombaim
28 Junho | Fórum Municipal Luisa Todi (Setúbal)
Linda Martini
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