Festival Med 2010
Fusão de estilos e géneros, para provar que o Algarve não tem só sol e mar. De 23 a 26 de Junho em Loulé.
É oficial: chegaram os Festivais de Verão. Portugal recebe mais de 500 concertos inseridos nestes eventos, um pouco por todo o território. Existem Festivais caros e com cartazes péssimos (que estão sempre cheios e onde a palavra “crise” muda de significado para “fazemos mais um empréstimo. Eu quero é ir ver a Shakira” ); os que são caros mas que apresentam boas propostas; aqueles que continuam a apostar em tudo menos na música e por fim aqueles que aliam um diversificado cartaz musical com a própria localidade, região e cultura. Claramente, o Festival Med encaixa nesta última classificação. Realiza-se no centro histórico de Loulé entre 23 e 26 de Junho.
À uns anos, a expressão “World Music” surgia sempre aliada, na opinião pública, a sonoridades “estranhas”, vindas do Mali ou de um qualquer pais da Ásia central acabado em “ão”. Depois surgiu a Mariza e os prémios da BBC. Foi nessa altura que as pessoas começaram a entender que o rótulo “World Music” abrangia um leque muito maior de sonoridades e que na realidade os artistas que encaixavam nesse género são aqueles que, de alguma forma, expressam na sua música, tradições do seu pais, região ou continente.
A descoberta de novos sons é um dos factores tem que impulsionado o crescimento de Festivais como o Med. Mas existem outros. A saturação do conceito de Festival de Verão tal como o conhecemos tem também ajudado ao aumento de público. A excessiva comercialização dos Festivais descaracterizou-os e todos aqueles que cresceram com as primeiras edições dos mesmos procuram outro género de evento. Tal como o FMM de Sines, o Med ainda tem uma outra condicionante. O Festival decorre em diversos espaços históricos da cidade e promove a cultura, gastronomia e turismo da região.
A edição 2010 do Festival Med decorre entre 23 e 26 de Junho. Pelos 5 palcos do Festival vão passar dezenas de propostas musicais, representando praticamente todos os estilos e que de certa forma estão relacionados com o Mediterrâneo. Na opinião de Joaquim Guerreiro, director do Med, “a localização privilegiada” e a aposta em “outras manifestações artísticas, como as artes plásticas, a gastronomia, o artesanato, o teatro e a animação de rua”, diferenciam o festival de Loulé de todos os outros que se realizam em Portugal.
A par do Carnaval, o Med é o evento mais importante do ano em Loulé e é “bem acolhido pelos louletanos” sendo “um dos momentos altos do ano para o comércio local”, disse-nos Joaquim Guerreiro. Para a região a sua realização é tambem de extrema importância e o apoio da autarquia tem sido fundamental. “Temos como objectivo trazer novos públicos a Loulé, demonstrando que o concelho tem muito mais para dar para além da conhecida oferta de sol e praia”, concluiu.
DO HOMEM TIGRE AOS BALCÃS
Quando se analisa a programação deste ano do Med encontra-se um nome que não é habitual estar presente nos cartazes de festivais dedicados à “World Music”. Legendary Tiger Man actua no dia 25 de Junho (23:30) no Castelo de Loulé e a escolha do projecto de Paulo Furtado surge numa linha programática que nos foi explicada por Vasco Sacramento, consultor artistico do Festival:
“O Festival Med é um festival extremamente aberto em termos programáticos. O único limite que sempre tivemos em relação ao programa foi a qualidade dos artistas participantes. No passado, já tínhamos escolhido outros nomes que não eram, à primeira vista, óbvios, mas que pela sua criatividade e originalidade traziam um cunho diferente ao festival. Parece-me que o Legendary Tiger Man vem nessa linha e o que esperamos dele é exactamente que ele traga ao festival uma proposta artística diversa dos restantes artistas que vão estar presentes”.
A aposta em artistas portugueses é clara: Anaquim, Virgem Suta, Cacique 97, Diabo na Cruz e Macacos do Chinês são apenas alguns exemplos. Destacamos os Andersen Molière, um projecto de Lisboa que une o “tom burlesco das lides teatrais satíricas de Molière aliado ao jeito de contar histórias de autores como Hans Christian Andersen”. Actuam no dia 24 de Junho no Castelo (23:30).
Em relação aos artistas internacionais, as escolhas podem ser classificadas de duas formas como nos disse Vasco Sacramento: “recebemos nomes consagrados e queridos do público nacional, como a Orchestra Baobab, Goran Bregovic, Femi Kuti ou Amparo Sánchez, bem como novidades do que de mais excitante se faz por todo o mundo, casos de King Khan & The Shrines, Boom Pam, Watcha Clan”.
Sem dúvida que é difícil destacar um nome deste excelente leque de propostas mas acreditamos que a festa estará garantida quando Goran Bregovic e a sua orquestra para casamentos e funerais subir ao palco. Para quem não sabe, este Sérvio já trabalhou com Iggy Pop e Cesária Évora e é responsável por dezenas de bandas sonoras onde se inclui “Underground” de Kusturica. A festa dos balcãs está agendada para 24 de Junho (22:45) no alco Matriz.
A RDB estará em Loulé para efectuar a reportagem. Se quiserem estar presentes aproveitem o passatempo que estamos a promover AQUI. Aproveitem estes 4 dias de Junho para aproveitar o Algarve antes da “invasão” de Julho e Agosto.
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