Festival Número
6ª edição do evento multidisciplinar.
A revolução digital já passou. De um momento para o outro, a sociedade mundial foi invadida por uma nova forma de comunicar, de exprimir e de criar. Durante os últimos anos foram desenvolvidos imensos suportes digitais que hoje em dia fazem parte da nossa vida e sem os quais já não sabemos viver. Estamos numa época de consolidação e de afirmação das tecnologias que abriram as portas ao século XXI e a 6ª edição do Festival Número vem comprovar esta mesma resolução.
Durante os dias 4 e 13 de Novembro, o Número vai assentar arraiais em diversos locais na cidade de Lisboa (Fórum Lisboa, Teatro Taborda, Club Lua & Musicais, Fonoteca Municipal de Lisboa) e aposta numa programação abrangente, multidisciplinar, com um claro intuito de mostrar, divulgar e debater o futuro cultural da sociedade, através da utilização das diversas tecnologias a que temos hoje acesso.
”Jogos Neurológicos” é o tema que a organização do Número decidiu explorar num ano de consolidação nacional e internacional do festival, que conta com uma maior visibilidade institucional, quer a nível de apoios quer a nível de exposição na imprensa.
Com um vasto e interessante programa, o Festival Número é um dos eventos mais importantes da cidade de Lisboa, que merece toda a nossa atenção e uma cuidada divulgação. Fiquem com os principais destaques da programação deste ano e façam o favor de sair de casa. A evolução é hoje.
Cinema – Fórum Lisboa (5 a 7 de Novembro)
Uma das temáticas obrigatórias das edições do número é a 7ª arte. Este ano a organização preparou dois ciclos distintos, a decorrer no Fórum Lisboa.
Coordenado e apresentado por João Mário Grilo, o ciclo “Arte e Ensaio” mostra-nos alguns dos vídeos de arte do Laboratório de Criação Cinematográfica para a Fundação Calouste Gulbenkian, onde são focados temas como a escultura e a pintura, através de documentários e entrevistas. A sua inauguração acontece no dia 5 de Novembro.
O ciclo “Ler Cinema” é uma antevisão daquilo que vamos poder descobrir a partir de Janeiro na Videoteca de Lisboa. “O Nosso Caso” é uma obra de Regina Guimarães e Saguenail, que através de 6 episódios visa (des)montar o novo cinema português. Esta obra faz parte do ciclo “Ler cinema”, que regressa à Videoteca em 2006, com o objectivo de reacender a discussão sobre o cinema nacional.
No Festival Número é feita uma introdução ao ciclo através da exibição do primeiro episódio (“A Génese”, dedicado a Manoel de Oliveira), bem como alguns filmes “montados” nesta primeira parte (“O Passado e o Presente”, “Vale Abraão”,etc). O ciclo decorre entre os dias 5 e 6 de Novembro, sempre no Fórum Lisboa.
Exposições & Performances Multimédia – Teatro Taborda (8 a 13 de Novembro)
Durante o Festival Número o Teatro Taborda transforma-se em Centro de Exposições, através de interessantes sugestões que visam alargar horizontes e experiências.
”Sem Gerações” é o título da mostra de vídeo da responsabilidade da editora Variz, que conta com vários artistas nacionais vindos de diferentes campos criativos (dança, música, artes plásticas, design).
Em “Private t’shirt”, vão ser exibidas 10 peças, desenvolvidas a partir da ideia de t-shirt enquanto recordação de viagem, criadas por artistas convidados pela directora do projecto, Sofia Ferreira, que afirma que este projecto “é uma conspiração contra os subsídios do Estado para a cultura, a crise económica e o desânimo geral dos criadores”. Da lista dos convidados figuram os nomes de João Pedro Vale, Nuno Alexandre Ferreira, Adriana Molder, entre outros.
Ainda no campo das t-shirts, são apresentadas duas performances bastante curiosas – “Person with t’shirt” de Maria João Garcia e Susana Mendes Silva e “Strip” de Nuno Alexandre Ferreira. Se no primeiro projecto a ideia é vestir as peças, em “Strip” a lógica é inversa. O projecto consiste num conjunto de dez camisolas brancas, que o próprio terá vestidas, sobrepostas, sendo que à medida que os potenciais interessados vão comprando, ele vai despindo uma a uma. Citando Nuno Alexandre Ferreira, “As pessoas pagam simultaneamente pelas camisolas e pelo acto de despi-las”.
“B.B 2” é a segunda parte da “homenagem” iniciada em 2001 à personagem norte-americana Betty Boop e consiste num espectáculo de música e canções, interpretadas por Carlota e Bárbara Lagido, com música de Rui Viana (com a colaboração de Fernando Fadigas).
Ainda no Teatro Taborda, é apresentado um perhaps (obra de arte que fica na fronteira entre a performance e o happening), da responsabilidade de Miguel Bonneville, com o título “Minnie Mouse”, bem como uma viagem pelos objectos e mente de Rafael Alvarez, numa performance denominada de “Última Chamada”
Música – Club Lua (11 e 12 de Novembro)
Mais uma vez, as escolhas musicais do Festival Número são o prato forte da edição deste ano, conseguindo aliar as novas tendências electrónicas em duas noites recheadas de excelentes motivos de interesse.
A primeira noite de festividade no Club Lua apresenta alguns dos mais recentes projectos na vertente “electro” nacional e um dos nomes mais imponentes de todo o cartaz deste ano, o sueco Jay Jay Johanson.
O projecto MAU (Man And Unable), composto por elementos de vários países, tem estado em crescente destaque na música nacional. Praticantes de uma sonoridade electrónica que se pode comparar aos belgas dos Vive La Fête (com uma vocalista bonita e tudo), os MAU estão ainda a dar os primeiros passos na música nacional e ainda a trabalhar no primeiro disco de originais.
Mais melódicos, mas não menos electrónicos, os U-Clic são mais uma das esperanças da música portuguesa. Aliando uma componente visual bastante forte a ritmos estranhamente pop, a banda de Tomar promete ser uma das surpresas de um futuro muito próximo. Depois de editarem o EP de estreia (já esgotado) e terem actuado ao vivo um pouco por todo o país, a banda já está a preparar o primeiro registo de originais, “Console Pupils”.
Para completar o ramalhete electro nacional de dia 11, surgem os The Lithium, um projecto de Almada, que tem como principal referência o electro-rock, extremamente dançável e contagiante. Com dois EP’s não editados e um álbum à beira de o ser (“Electropolis”), os The Lithium são mais um projecto interessante a surgir neste universo musical, que vem comprovar que existe muita música de qualidade a ser produzida em Portugal.
A encabeçar o cardápio do primeiro dia de música do Número, surge Jay Jay Johanson, que regressa a Portugal depois de um concerto menos conseguido na Aula Magna, que deixou muitos amargos de boca aos fãs do músico. O sueco tem disco novo, “Rush”, e vem apresentá-lo acompanhado da sua banda. Esperemos que o synth-pop do músico não tenha problemas e ele possa compensar os muitos seguidores portugueses.
Ainda no dia 11, estão presentes duas duplas que misturam a música com a imagem – os nacionais Producers (Miguel Sá e Fernando Fadigas, da editora Variz) & Hana BI e os alemães Schneider TM & Rechenzentrum.
O segundo dia de música no Club Lua é bastante mais eclético que o primeiro.
A representação nacional está a cargo dos Bangguru (projecto electro-rock do ex-Ghost in The Machine, João Pico), do experimentalismo sonoro dos Mecanosphere de Adolfo Luxúria Canibal e do hip-hop de Nel’ Assassin.
Da Dinamarca surge um dos projectos mais emblemáticos da música electrónica escandinava, os Opiate. O projecto de Thomas Knak reflecte de uma forma perfeita, através de sons minimais e ambientais, o espírito melancólico da música electrónica da região.
Reconhecido pelos seus dotes de turntablist, o inglês Dj Rupture é um dos nomes mais aguardados do cartaz de dia 12 de Novembro. Mestre na arte de misturar música urbana, residente e respeitado na cidade de Barcelona, o músico transforma os seus sets numa viagem pelo hip-hop, breakbeat e drum n’ bass, tendo surpreendido todos, quando, este ano, durante o Sónar, surgiu acompanhado da Orquestra sinfónica Nacional da Catalunha, ao lado de Richie Hawtin e Dose One.
Ainda no alinhamento da segunda noite de música do Número, encontramos um projecto de Bip Hop francês (DJ/ip bip-hop.com), a música e vídeo da dupla nacional Dub Video Connection & Fadigaz e as imagens de No Linx colectivo formado por Miguel Pissarra e Justin Campbell que, após o seu arranque em 2002, conseguiram introduzir no panorama vídeo nacional uma nova era nas performances Real-time Video.
Paralelamente às actuações existe uma programação multimédia da responsabilidade do colectivo Musa (no dia 11), da FireGirl (11 e 12) e da Microsoft, com apresentações de alguns jogos de X-Box.
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