Festival Raízes do Atlântico

O Funchal recebe mais uma edição dum Festival marcadamente tradicional.

Todos os anos o Festival Raízes do Atlântico promove as músicas tradicionais na Região Autónoma da Madeira. Este ano não é excepção, mas as actuações não se ficam pelos grupos locais. Da Irlanda, chega-nos Téada no dia de abertura e da Suécia chegam os Hedningarna que prometem tornar a noite de 23 a melhor de todo o festival.

O Festival “Raízes do Atlântico” é uma iniciativa da Associação de Música Tradicional da Madeira, sob os apoios da Direcção Regional dos Assuntos Culturais e da RTP-Madeira que, para além de assegurar a transmissão em diferido, inseriu o festival nas celebrações do seu aniversário.

Para além dos concertos, o festival promove ainda um ciclo de cinema e uma conferência sobre o instrumento madeirense Rajão pelo professor Manuel Morais da Universidade de Évora (dia 19, às 18h30). O ciclo de cinema tem como objectivo mostrar como a música tradicional é retratada em película. Para tal reúne no Teatro Municipal, às 16 e 19 horas os filmes “Lisbon Story”, de Wim Wenders, sobre o Fado; “Buena Vista Social Club” de Wim Wenders sobre a música cubana; “Underground”, de Emir Kusturica, que retrata os grandes agrupamentos ciganos da Europa de Leste; “World Festival of Sacred Music”, de Ryan Harper, um documentário sobre várias tradições musicais de todo o Mundo que têm a ver com ritos e religiões;”The saddest music in the world”, de Guy Maddin, com Maria de Medeiros; “Rock that Uke”, de Sean Anderson, sobre o Ukulele nos USA.

Para os interessados, aqui fica o programa completo e uma pequena biografia de cada uma das bandas que vão participar no Festival Raízes do Atlântico:

Dia 19: Téada da Irlanda, uma das grandes revelações da folk das ilhas britânicas.

A sua fusão entre instrumentos e vozes tradicionalmente Irlandesas tornou os Téada numa das bandas mais ocupadas da cena da música tradicional. Depois de terem chamado a atenção numa série televisiva irlandesa em 2001, os Téada iniciaram uma série de concertos nos E.U.A, na Finlândia e na Alemanha. Depois de vários concertos e participações em festivais do género, a banda é premiada com o prémio “Best Traditional Newcomers 2003” da revista Irish Music.

Dia 20: Homenagem ao Xaramba na Madeira com Borracheiros do Porto da Cruz e Tuna de Instrumentos Tradicionais do Gabinete de Expressão Artística da Madeira e ainda os marroquinos Nass Marrakech

Dia 21: os madeirenses Banda D’Além + Madeira Camerata.

Os Banda D’Além são o mais recente projecto de Mário André, compositor e professor de música no Funchal ligado à maior parte das experiências de recuperação da música tradicional na ilha da Madeira. Além do Mário na viola de arame e braguinha (duas guitarras tradicionais locais) e que empresta a voz na maioria das canções, o grupo inclui também alguns dos mais notáveis músicos das novas gerações. Com um grande número de instrumentos de corda, flautas e percussão e uma voz feminina admirável (Tânia), este grupo consegue baladas fortes e sons contagiantes.

Dia 22: as mui percutivas e respigadoras Tucanas e os madeirenses inventivos Melian

Grupo criado em 2001, as Tucanas apresentam um trabalho com sonoridades acústicas através de percussão e voz. São cinco mulheres que apostaram os seus argumentos criativos na construção de instrumentos e composição de temas inspirados nas tradições portuguesas, africanas e brasileiras e que são influenciadas pelas suas actividades em áreas tão diversas como o teatro, dança, música tradicional portuguesa ou o rock, as Tucanas são compositoras e autoras dos seus próprios temas interpretados com bidons, cabaças, baterias, surdos, djenbés, dumbas, entre outros.

Dia 23: Hedningarna, seguramente a melhor noite do festival.

Os Hedningarna constrói um mundo onde a música primitiva e tradicional choca brutalmente com o “sampling” e com a programação, dando-lhe uma sonoridade completamente diferente daquilo a que estamos habituados. Os seus trabalhos mais recentes são uma extensão da tradição viva.

A banda foi formada em 1987 por Anders Norudde, Hållbus Totte Mattsson, e Björn Tollin. Todos eles estavam ligados ao rock e a outras vertentes da world music, mas decidiram voltar ás suas origens e fazer música tipicamente nórdica. Desde o seu primeiro concerto até aos dias de hoje, a banda tem-se mantido fiel ao polska, uma vertente tipicamente sueca duma dança europeia do século 18. O polska era como que a música de dança da altura. Talvez esta seja a razão pela qual se espera que esta seja a melhor noite do festival.

Dia 24: Xarabanda A Cappella (com o Coro do Porto Moniz).

Os Xarabanda apareceram em 1981, sob o nome de Algozes. O grupo passou os 8 anos seguintes a promover por toda a Madeira e também fora dela as tradições musicais madeirenses, mesmo que em muitos casos, deparassem com muita resistência e indiferença face ao seu trabalho. Assim, só em 1989 conseguiram lançar o seu primeiro disco, “Tocares e cantares tradicionais da Madeira” que numa edição de autor, marcava igualmente a mudança de nome para Xarabanda. A década de 90 viu serem editados mais dois trabalhos discográficos (“Longe da vista me vai” – 1994 – e “Sete dúzias de mentiras”, em 1997). O grupo transformou-se também numa associação cultural e deu início a outros projectos, como sejam a “Revista Xarabanda” que sai semestralmente, editou colecções de postais com conteúdos tradicionais madeirenses; participou e criou o primeiro grande festival de música tradicional na Madeira, o “Ao encontro da música popular” que organizado desde 1994, deu lugar ao “Raízes do Atlântico” em 1999.



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