Festival Rescaldo 2013 – Reportagem

Festival Rescaldo 2013 | Reportagem

Um Festival que veio para ficar

Com o intuito de nos convidar a conhecer os projectos de música mais interessantes do ano anterior, o RESCALDO está, também ele, cada vez mais reconhecido pelo público português. Um Festival que veio para ficar.

“Se houvesse uma sala com mais espaço, talvez este festival não fosse considerado alternativo”. São as palavras de um jovem entusiasmado com a noite que se adivinha memorável. Prepara-se para entrar no pequeno auditório da Culturgest, para assistir ao projecto Almost a Song, do duo Joana Sá – pianista – e Luís José Martins – guitarrista. Não é difícil entender o significado daquela afirmação: os Almost a Song estão prestes a actuar no RESCALDO, um Festival que procura projectar artistas no sentido de alargar e enriquecer os horizontes da criação musical contemporânea em Portugal. Aos palcos, traz nomes que ainda estão a trilhar caminho no nosso País e, por isso, como todos os festivais que vão buscar novos projectos, é considerado um festival alternativo. Mas pegando na afirmação daquele jovem, será que continuaria a ser alternativo se houvesse uma grande sala para recebê-lo? Estaremos perante uma procura cada vez maior de artistas independentes de grandes editoras discográficas e com novas interpretações musicais, cada vez menos comerciais? E nesse caso, será o RESCALDO um festival cada vez menos alternativo?

Um Festival que abre cada vez mais portas

Presente em Lisboa desde 2007, o RESCALDO surgiu com o intuito de distinguir alguma da mais significativa produção nacional no panorama das músicas de vanguarda, nos mundos da electrónica, da livre improvisação, do rock e do jazz. Para além de celebrar alguns dos projectos que considera merecedores de destaque, o Festival abre também espaço para projectar artistas aos quais reconhece capacidade para alargar e enriquecer os horizontes da criação musical contemporânea em Portugal.

Como todos os anos, a selecção não é fácil e exige do fundador e programador do festival – Jorge Trindade Travassos – uma busca cada vez mais constante e exigente, para encontrar nomes que realmente valham a pena figurar no cartaz desse festival, que tem cada vez mais projecção. A edição de 2013 contou com 12 concertos de artistas que fazem parte das novas tendências da música nacional, mas que já não são propriamente uma novidade para os mais atentos dos registos considerados mais alternativos. O pequeno auditório da Culturgest e a Trem Azul foram os espaços anfitriões da festa e receberam nomes como Diamond Gloss, Filho da Mãe, Bruno Béu, Almost a Song, Radial Chao Opera, Rodrigo Amado Hurricane, Tropa Macaca, Pop Dell’Arte, Go Suck a Fuck, Albatre, Luís Lopes noise solo e Black Bombaim. Como actividades paralelas, o RESCALDO contou ainda com uma exposição de Zé Burnay e um DJ Set de Flack, que marcou o encerramento do festival. No pequeno auditório da Culturgest os projectos que mais chamaram público à sala foram os Almost a Song e os Pop Dell’Arte e, na Trem Azul, os Black Bombaim.

A visibilidade do RESCALDO este ano superou todas as expectativas de Travassos: “Comparativamente com a edição anterior, o público evolui de 65% para 95%. Quero acreditar que as pessoas estão cansadas de festivais associados a marcas que não passam de meras campanhas publicitárias altamente viciadas, e que procuram outras propostas”, partilha o fundador do festival.

Um indicador muito forte de que o RESCALDO abre cada vez mais portas a projectos menos conhecidos e que, fazendo jus ao objectivo inicial, contribui para que a criação musical contemporânea em Portugal seja cada vez mais alargada e enriquecedora.



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