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Field Music | “Plumb”

Já se faz pouca música assim: puro classicismo pop

Já “Measure”, o álbum anterior do duo inglês Field Music, ou seja, os irmãos David e Peter Brewis, sofria da mesma condição: às primeiras audições, “Plumb” parece forçado, requentado, até enfadonho. Nem é daqueles casos em que se pode escrever “primeiro estranha-se, depois entranha-se”, pois se, de facto, se entranha, a princípio enjoa.

Não sei se é da grandiloquência barroca à Sparks, se dos tiques do rock progressivo, se da compostura muito british dos Brewis. expressada num falsete muito correcto (se bem que longe de britpops e das réplicas do pós-punk da década passada). Há-de o leitor pensar que estas características, tão díspares, não podem casar bem umas com as outras. Ora, é isso que o ouvinte sente. Até lhe passar a parvoíce.

Um gosto adquirido, a música dos Field Music não é forçada, é antes contida, comedida, um concentrado potentíssimo (apesar das influências, nenhuma canção chega aos quatro minutos), que só revela os seus sabores depois de alguma insistência; não é requentada, pois não se limita a aquecer as óbvias influências (juntam-se às já citadas, os XTC, por via destes, os Beatles, e alguma pop de sintetizador dos anos 80), recolhe os diversos ingredientes para servir novos pratos; não é enfadonha, a produção é muito seca e afiada, esparsa, não há obsolescências, continuando a analogia culinária, não tem molhos, nem outros exageros para o palato.

O ouvinte paciente, que der tempo aos Field Music e a este “Plumb”, será recompensado com uma bela refeição (pensando bem, se os Field Music fossem uma refeição seriam o lanche; um cházinho e uns scones servidos numa daquelas salas acolhedoras forradas com bonitos papéis de parede). Já se faz pouca música assim: puro classicismo pop.



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