Filho da Mãe @ Culturgest (16.03.2022)
Uma guitarra pode ser a salvação, não só para quem a toca, mas também para quem a escuta de braços e coração abertos.
Ao centro há uma cadeira, duas guitarras, uma eléctrica e outra acústica e muitos e preciosos pedais. A sala começa a ficar preenchida, mas está claro que não vai encher, o que é pena. Teria sido mais do que merecido. Estamos ali para escutar “Terra Dormente” pela primeira vez. Não nos conhecemos, apenas «A Um Osso», primeira e bonita canção que nos foi apresentada no início de Março. Por isso não vamos falar em nomes de músicas; vamos descrever sentimentos e sensações. Vamos deixar os acordes fluírem por nós.
Quando o Filho da Mãe se atira à guitarra acústica, logo uma estrada se começa a desenhar, com curvas, mas eis que surgem contracurvas, que permitem que a guitarra eléctrica, coexista. Temos profundidade. São composições pessoais, estas. Há uma angústia quase palpável. É belo, mas é doloroso e por vezes parece que nos falta o ar, para depois, mesmo no último segundo, conseguirmos recuperar o fôlego. Há uma necessidade de voltar a viver e de partilhar estas composições, quase como um exorcismo pessoal. Mas também está presente uma vontade constante de se desafiar e sair da sua zona de conforto. E como não gostar disso?
Deste lado, o silêncio é reverente, apenas interrompido entre canções para os merecidos aplausos. É a forma simples, mas singela que temos para retribuir o que nos está a ser oferecido ali.
As canções de “Terra Dormente” são densas. As guitarras falam, cantam, gritam, sorriem, abraçam, sacodem, empurram, saltam. No fundo elas são como uma extensão dos nossos sentimentos. As palavras proferidas do palco foram poucas, mas sinceras, com uma dedicatória especial à sua cara-metade, porque “não sabia o que fazer sem ti, oh miúda”. Amor. Essencial para nortear dois anos difíceis, que resultaram num disco magnífico e com uma tremenda carga emocional.
Uma guitarra pode ser a salvação, não só para quem a toca, mas também para quem a escuta de braços e coração abertos.
“Terra Dormente” será editado no próximo dia 8 de Abril pela Omnichord e se não foram um dos felizardos que pode sair da Culturgest com uma cópia do álbum, tratem de o descobrir quando a data chegar. Merece. Mesmo muito.
There are no comments
Add yoursTem de iniciar a sessão para publicar um comentário.
Artigos Relacionados