Filho da Mãe @ Lux (11.04.2013)
“Fazer para Desistir”: Um encontro entre Rui Carvalho e os seus colegas de Linda Martini, If Lucy Fell, Paus e Riding Pânico
A noite estava promissora. Havia pessoal que já tinha chegado e aguardavam os restantes entre piadas e conversas de meter em dia. O que os levara até ao Lux na quinta-feira passada, dia 11 de Abril, era um encontro quase secreto: o espectáculo “Fazer para Desistir”, uma tertúlia musical onde participam Rui Carvalho, mais conhecido enquanto Filho da Mãe, e os seus amigos de longa data.
Dez minutos depois da hora de início marcada, Filho da Mãe sobe ao palco, já cercado por um público expectante. O músico senta-se, dá uma golada de whisky e começa a trinar com a sua guitarra, dedilhando lirismos que acalmam todos os presentes. Feitas as honras da casa, entram os convidados que assumem as suas posições. João Pereira, nas teclas, Cláudia Guerreiro e Makoto Yagyu nos baixos, João Nogueira na guitarra eléctrica e Hélio Morais na bateria. Todos juntos formam uma meia lua; e bem brilhante, por sinal.
“Fazer para Desistir” não tem vocais mas tem muitas vozes. As vozes dos baixos graves e eloquentes de Cláudia Guerreiro e Makoto Yagyu, as vozes das guitarras clássicas e eléctricas de João Nogueira e Rui Carvalho que nos envolvem numa ladainha inebriante, e as vozes da bateria de Hélio Morais e das teclas de Shela que atiçam os restantes. Era vê-los cada um ensimesmado com o seu brinquedo, tecendo um barulho que nada tem de acaso e que hipnotiza a turba embevecida.
Os seguidores dos Linda Martini, Paus ou do próprio Filho da Mãe, conseguem reconhecer uma linguagem transversal ao universo musical deste grupo de amigos que vem desaguar no espectáculo “Fazer para Desistir”. O contínuo hipnotizante das guitarras, a par com os dois baixos, uma bateria que não só acompanha como provoca, e um sintetizador psicadélico, que compõe o quadro de universos tanto quotidianos como estratosféricos, calcam uma marca original no cenário musical português.
O espectáculo no Lux foi marcado pela passagem sucessiva de músicas inomináveis apenas intervaladas pelo respirar fundo dos músicos e das palmas agradecidas do público. No final, o palco foi invadido por um tornado musical provocado pelos animais invertebrados que o compunham. Findo o turbilhão, Filho da Mãe e amigos levantam-se, agradecem e vão-se embora como se não tivesse sido nada com eles toda a gente ter ficado de língua de fora e de rabo a abanar como que dizendo “quero mais disto”.
“Fazer para Desistir” começou há cerca de um ano, quando o Teatro Maria Matos convidou Rui Carvalho, o Filho da Mãe que já roubou o coração de muitos de nós com o seu primeiro álbum a solo – “Palácio” -, para um espectáculo especial. Ele aceitou de bom grado e convidou uns amigos para se juntarem à festa. Cláudia Guerreiro (Linda Martini), Hélio Morais (Linda Martini, Paus e If Lucy Fell), Makoto Yagyu (Paus, If Lucy Fell), João Nogueira (Riding Pânico) e João Pereira (Riding Pânico, If Lucy Fell, Paus) compõem o projecto que se define como uma “mania” e que “usa, como uma bela desculpa, a guitarra do Filho da Mãe”.
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