©Ana Viotti_Filipe Sambado-23

FILIPE SAMBADO @ B.LEZA (02.02.2023)

Jóias com várias rotinas.

Aquilo que Filipe Sambado assinou no início do mês na sala do B.Leza foi uma autêntica exibição de autor. Existindo especial entusiasmo por saber que iriam ser estreadas algumas das canções que estão prestes a escancarar as portas do estúdio, o público não terá ficado menos surpreendido pela forma como foram reinterpretadas as pérolas do catálogo conhecido.

Para além dos caminhos que vai desbravando e inovando nas suas produções de estúdio, Filipe Sambado é também sempre distinto em palco. Ora com banda, ora sem, ora com outros formatos intermédios (como nesta noite, em que se apresentou em palco acompanhado simplesmente pelo compincha Chinaskee), raramente olha para os seus temas da mesma forma. Como exemplo, o serão abriu com uma “Vida Salgada” repleta de sujidade, qual canção abandonada num sótão, amplificada por uma guitarra bem grungy. Ou uma «Jóia da Rotina» quase por completo assente em percussão, repartida entre o adufe de Sambado e a bateria (também ela com motivos tradicionais) de Chinaskee.

Comparsa que, para além de se ocupar sobriamente da bateria, foi ainda o responsável por diversos efeitos electrónicos e de voz, colocados sempre de forma cirúrgica, que lograram acrescentar ao cômputo geral do concerto. Já na recta final da noite, teve ainda tempo para se ocupar momentaneamente do microfone e da guitarra, assinando a sua própria rendição de «Gaja» (com Filipe Sambado a tomar as rédeas das baquetas).

Por seu turno, Sambado consegue simultaneamente interpretar de forma frágil as suas composições, e ainda assim (ou será por isso mesmo?) emanar a confiança de quem tem tudo sob controle, e que mexerá nas regras a seu bel-prazer, como um verdadeiro dono da bola. Por entre guitarra, teclados, adufe (e até na bateria quando Chinaskee assumiu a voz), Filipe foi reflectindo sobre todos os seus registos discográficos (ou quase), contando com bom auxílio da plateia nos coros de temas como «Jóia da Rotina», «Só Beijinhos», ou «É tão Bom», com os presentes a abraçarem de espírito aberto todas as novas roupagens que desfilavam à sua frente

No final, como espécie de cereja no topo do bolo, para finalizar um concerto de mão cheia, numa (re)aparição mais que apreciada e fugaz, irrompeu pelo palco Conan Osíris, para entoar conjuntamente com Filipe Sambado um dos temas que presumivelmente se enquadrará no álbum que aguardamos em breve.

Feito cuidadosamente à mão, o catálogo de Filipe Sambado é já composto por canções que são autênticas jóias com várias rotinas, por nunca serem abordadas exactamente da mesma forma, por entre as diferentes fases da carreira, tornando-as ainda mais valiosas.



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