Final-Mente
Uma festa de palco.
Esta festa promete, parece diferente. Vais? Fui.
Quem organizou este evento gosta de brincar com as palavras, com a estética e com a criatividade, e esta é apenas uma das mil razões pelas quais dou nota 10 à festa Final-Mente, no Finalmente Club, em Lisboa, na última terça-feira de Fevereiro.
Em vez de enumerar as ditas razões apetece-me escrever apenas: vejam a galeria de fotos da festa aqui.
Imagens em troca das mil palavras e não ficávamos a dever nada uns aos outros, mas ficava, verdade seja dita, muita coisa por dizer sobre as Mente.
Fotos cheias de animação, cor, maquilhagem, muito corpo, travestismo, plumas, penas e brilhantes. Sim mas não vejam só (a galeria), vejam um pouco mais à frente.
No palco das Mente apresentam-se trabalhos criativos desde a dança, ao teatro, performance, música e artes plásticas sob a temática do género.
Sobre a temática do género?
Sim, do travestismo, que mais ou menos complexa, é descomplexando que se chega lá e as Mente querem ser essa montanha que chega a Maomé, e levar cultura dos seus locais tradicionais, às pessoas onde elas menos esperam e sob as formas que menos esperam. Mas chega de esperar. Finalmente as Mente aqui estão.
Primeira Mente que se preze faz-se no Finalmente, o club de diversão nocturna com mais história(s) de Lisboa. Confesso que foi a minha primeira vez e que atire a primeira pedra quem já foi muitas vezes, e que guarde a pedra no sapato quem nunca foi. Até aqui nada se desmente, o ambiente é apertado, espaço físico e núcleo de habitués, mas a porta abre-se a toda a gente para que não haja dúvidas: a noite LGBT e o espectáculo aqui são do melhor.
Men, Women, habitués, amigos, loucos, menos loucos, curiosos, novos, velhos, a menina da Rua de Baixo meio perdida: um ambiente ao rubro e à pinha entre as mais de 200 pessoas que a primeira Mente chamou ao club do Príncipe Real para ver o espectáculo de sete artistas.
Final-Mente é produzida por Luís Ferreira e Luiz Antunes e na aposta de “ultrapassar barreiras do espectável e invadir os espaços de lazer e consumo, fazendo o paralelismo com todos os movimentos artísticos surgidos da transgressão e da experimentação”. A sugestão é chamar ao palco artistas, cada um com seis minutos de apresentação para abordar em formato livre esse tal do género, o travestismo.
Mente, corpo, espírito, género, cromossoma, feromona, livre arbítrio. O ser e o estar, o querer e o gostar. Estes eventos não querem pôr ninguém a filosofar e, de uma forma inteligente e mais ou menos voluntária, a primeira Mente fez exemplo ao deixar de ser provocante, para ser actuante ao abrir-se à performance artística. E aqui quem brilhou foram os artistas André Santos, André e.Teodósio, João Villas Boas & Paulo Duarte Ribeiro & Vítor d’Andrade, Luís Guerra, Maria Bakker, Mariana Tengner Barros, Rogério Nuno Costa e Tânia Carvalho.
O espectáculo foi apresentado por Deborah Kristal, mítica porque não se importa com exageros, linda se comparada com a inteligência da Catarina Furtado, profissional até ao último grau. Uma mestre de cerimónias à altura do que se passou na hora seguinte num desfile artístico progressivo, da sugestão à fricção dos conceitos, da dança à música de Tânia Carvalho com arrepiante «Canção do En.Gate», até à exaltação da pila pós-dramática do pilossexual Rogério Nuno Costa.
Coisas demais para uma noite só. Coisas que só acontecem no Finalmente, mas agora começam a acontecer por aí com as Mente. Um evento que prometeu e não desiludiu. É estarem atentos às novidades na página Mente do Facebook e ir à próxima, porque há sempre a primeira vez, e se não fores tu comigo, vamos nós os três!
Fotografia por Ana Jerónimo
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