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FMM Sines 2019 (24.07.2019)

Inaugurando o novo horário nocturno do palco principal do FMM, Melanie de Biasio endereçou-nos uma actuação extremamente elegante.

Podem ler os artigos das reportagens dos restantes dias nos seguintes links: dia 23, dia 25, dia 26 e dia 27.

Quarta-feira foi dia de estrear o palco do Castelo, e a honra coube ao ousado projecto Ethno Portugal. Reunindo várias dezenas de músicas de 27 nacionalidades distintas, propuseram-se a oferecer novas roupagens a temas do cancioneiro geral de alguns dos países envolvidos neste desígnio, tendo os participantes ensaiado somente durante uma semana em Castelo de Vide. Interpretaram temas tradicionais de paragens como a Índia, Suécia ou Grécia, além do extraordinário trabalho feito ao tema “A Guerra é a Guerra“ de Fausto. Não se limitando à música, os Ethno Portugal imaginaram ainda danças para algumas das canções, sempre baseadas nos costumes e tradições dos países de origem. No final, atravessaram todo o castelo até à saída, sempre a troco de música.

Inaugurando o novo horário nocturno do palco principal do FMM, Melanie de Biasio endereçou-nos uma actuação extremamente elegante. Movendo-se pelo palco como uma pantera que planeia todos os seus passos de antemão, a belga e o trio de músicos que a acompanhou (teclados, bateria e guitarra/contrabaixo) partiram sempre de bases jazzísticas mais puras para posteriormente explanarem toda a atmosfera criada em especial pelos teclados, jogando de modo fenomenal com os silêncios (sempre respeitados por um público atento, como é hábito no castelo). Melanie nunca de desfez da sua flauta, com a qual foi alindado ainda mais os temas.

Ainda em território jazz, mas com doses extra de cafeína, chegou Nubya Garcia. Ladeada por bateria, teclas e contrabaixo, a saxofonista assinou uma autêntica oficina sobre a nova e efervescente cena jazzística de Londres. Cultivado neste caso em redor do saxofone desta britânica de raízes caribenhas, a sonoridade evolui agregando muitas vezes ritmos mais étnicos, elaborando uma mistura explosiva e que sacudiu a audiência. O trio de músicos que complementou os sopros de Nubya Garcia mostrou toda a sua classe, com diversos episódios de êxtase individual, com especial destaque para o baterista Sam Jones.

Dino D’Santiago era o nome que se seguia, e entrou a pés juntos com “Nova Lisboa”, tema forte do seu trabalho de estreia. Abrir com o primeiro single do único disco patenteia a confiança que tem no seu sólido repertório. Este primeiro disco não deverá tardar a ter companhia na discografia do cabo-verdiano, dado que Dino apresentou dois temas novos, os quais denotam um maior pendor da electrónica, ainda que sempre em fusão com os ritmos tradicionais e ancestrais da sua ilha. Embalado pela respeitosa comunidade de Cabo Verde em Sines, Dino confessou estar a cumprir um sonho ao pisar o palco do castelo de Sines, algo que o programador cultural Carlos Seixas lhe tinha prometido assim que tivesse obra feita. Terminou a enorme festa entoando a capella a deusa Cesária.

A noite, marcada por uma levíssima mas constante chuva, foi finalizada no castelo pela LaBrassBanda. E, como era esperado, os espíritos exaltaram-se prontamente graças aos frenético som dos metais deste agrupamento da Baviera. Inspirados pelas correntes musicais dessa região, LaBrassBanda, como a polka, junta-lhes outros sabores, como o ska ou um techno orgânico. Os alemães mostraram-se super comunicativos, explicando quase sempre a génese e conteúdo das canções, e apelando à dança de forma incansável, ora organizada, ora propositadamente caótica. Um estonteante ponto final, arraçado de exclamação, para a primeira jornada entre muralhas.

 

Podem ler os artigos das reportagens dos restantes dias nos seguintes links: dia 23, dia 25, dia 26 e dia 27.



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