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FMM Sines 2019 (25.07.2019)

Era a vez de Diego Baliardo subir ao palco e promover uma revisão ao espólio dos seus Gipsy Kings, para gáudio de um castelo a transbordar de gente, num detalhe que raramente ocorre numa quinta-feira.

Podem ler os artigos das reportagens dos restantes dias nos seguintes links: dia 23, dia 24, dia 26 e dia 27.

De Compostela a Sines é um pulinho, e foi com extrema facilidade que a Bandas das Crechas alimentou saltos por entre o público do castelo. As tradições musicais da Galiza, Bretanha, e até de Portugal (através de uma versão de “A Formiga No Carreiro” de Zeca Afonso) foram demonstradas com vivacidade, pontuadas aqui e ali por danças com igual historial, lideradas por Davide Salvado, vocalista do grupo, que já havia actuado a solo no fim-de-semana em Porto Covo. A prestação da banda galega foi abrilhantada na recta final por um quinteto de vozes femininas, que ofereceu à plateia umas cantorias sem a banda em palco.

O início da noite estava bem fresco, daí que a caminhada proposta pelos irmãos palestinos que forma Le Trio Joubran tenha vindo a calhar, de forma a aquecer os sentidos. O foco esteve no mais recente disco, “The Long March”, que podemos descrever como uma espécie de post-oud, no qual os três alaúdes tecem paisagens e trilham caminhos de esperança, acicatados pela percussão, violoncelo e ocasionais samples e salpicos de electrónica que os seguem. A harmonia do trio com o público foi notória desde o acorde inicial, algo que certamente inspirou ainda mais os manos Samir, Wissam e Adnan.

Era a vez de Diego Baliardo subir ao palco e promover uma revisão ao espólio dos seus Gipsy Kings, para gáudio de um castelo a transbordar de gente, num detalhe que raramente ocorre numa quinta-feira. O sexteto de guitarristas, pertencentes às míticas famílias Baliardo e Reyes, cobriram todos os sucessos universais que se sabem de cor e salteado, num registo que somente largou a mão da rumba para executar uma versão de «My Way», popularizada por Frank Sinatra, cantada em castelhano.

Entrou seguidamente na área Branko, com o poderoso “Nosso” na bagageira. Sempre em representação do emblema da Enchufada, Branko trouxe ao castelo de Sines um set dinâmico, concentrado logicamente no referido álbum, e que contou com as participações vocais ao vivo de Pierre Kwenders e Dino D’Santiago, que repetiu as faixas «Tudo Certo» e «Nôs Funaná», que entraram no seu alinhamento da véspera).  Da habitual África, passando pela América Latina, e cruzando de uma ponta à outra a Nova Lisboa, Branko levou-nos a percorrer o atlas, numa actuação cheia de cor.

Coube aos Kokoroko arrematar o serão dentro das muralhas, fechando-o com sopros de ouro. Balanceando entre jazz, afrobeat e highlife, o colectivo comandado pelos metais de Sheila Maurice-Grey, Cassie Kinoshi, e Richie Seivwright, não teve pejo em reconhecer as suas evidentes referências, tendo aberto a performance com uma interpretação de «Upside Down» de Fela Kuti, e finalizando-a com uma versão de «Gyae Su» de Pat Thomas (num precioso flashback ao maravilhoso concerto que fechou o FMM em 2016). Estas interpretações de temas de outrem é uma forma de dar mais corpo às actuações, tendo em conta que os Kokoroko registam apenas um EP em carteira. Pese embora lamentemos a ausência de Oscar Jerome na guitarra, os restantes músicos em palco foram ajudando à festa, sobressaindo as teclas dominadas por Yohan Kebede e as percussões assinadas por Onome Ighmare.

 

Podem ler os artigos das reportagens dos restantes dias nos seguintes links: dia 23, dia 24, dia 26 e dia 27.



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