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FMM Sines 2019 (26.07.2019)

Podem ler os artigos das reportagens dos restantes dias nos seguintes links: dia 23, dia 24, dia 25 e dia 27.

A tarde entre muralhas voltou finalmente a ser “morna” com a presença de Lucibela no palco principal do FMM. A cantora nascida na ilha de S. Nicolau veio endereçar mais um alô de Sines a Cabo Verde, desembrulhando perante um vasto público o seu primeiro álbum, «Laço Umbilical». E foi entre mornas e coladeiras que o fez, diminuindo e aumentando os ritmos consoantes a corrente em que os temas se inseriam.

Para matar saudades dos concertos na praia Vasco da Gama à tardinha, a Orquestra Locomotiva carrilou o sol até ao seu ocaso pelos ramais da música mais clássica. Com um núcleo duro formado por violinos e violoncelos, os jovens que militam na Orquestra Sinfónica do Alentejo Litoral deram cordas aos seus dotes, mostrando que o futuro musical da região, e não só, está mais que assegurado.

A palavra que melhor retrata a actuação de Susheela Raman, que abriu o serão no castelo, é desafiante. É aliás perceptível que a artista multidisciplinar anglo-indiana se desafia constantemente (e, por conseguinte, o público), desenrolando a sua voz e palavras por composições titubeantes, que exigem atenção redobrada a quem escuta para serem compreendidas. Denotando elevado teor de misticismo, as canções foram maioritariamente extraídas do seu registo mais recente, «Ghost Gamelan». De sublinhar a omnipresente liderança da viola de Sam Mills, a nível de instrumentações, e das camadas melodramáticas incutidas múltiplas vezes pelo violinista.

Autor de imensas canções levadas ao estrelato por si ou por outros músicos de gabarito, Chico César fez da sua performance uma sessão de karaoke colectivo. Quer em temas sabidos de cor e salteado pela audiência, como “A Primeira Vista”, ou noutros em que nos ia ensinando, o nordestino requereu sempre uma participação dos presentes. Assim foi desde o primeiro instante em que entrou sozinho em palco, e se exibiu alguns minutos a capella, até ao carimbó final.

No cardápio da noite de sexta-feira seguiam-se os Antibalas, materializando uma vinda que tinha sido cancelada no ano anterior. O colectivo sediado em Nove Iorque faz do afrobeat a sua bandeira, explanando-o até ao tutano em longos exercícios sónicos, muitos destes abrindo espaço para um pendor rock onde entra em acção a dupla de guitarristas. Tudo isto sob a batuta e das profecias do nigeriano Duke Amayo, que vale como a cola que une este projecto constituído por músicos rotativos. Em Sines, a formação contou com dez intervenientes para celebrar os vinte anos de existência.

Da Síria com amor, sempre muito amor, voou Omar Souleyman. O mítico cantor levou-nos a projectar os bailes e as discotecas da região nordeste do seu país, oferecendo-nos uma visão totalmente díspar daquela que as notícias sobre a Síria trazem até nossas casas. Ladeado pelo seu fiel organista, que vai serpenteando as suas teclas por entre as batidas mais tradicionais ou mais electrónicas, Omar provou mais uma vez que a festa é garantida por esta sua fórmula musical mágica, com que pauta o seu show duma ponta à outra.

 

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