FMM Sines 2019 (27.07.2019)
Declarações de José Sócrates, discursos de Marisa Matias, blocos de notícias, tudo foi servindo para abrir os temas que Ikoqwe foi estrear a Sines.
Podem ler os artigos das reportagens dos restantes dias nos seguintes links: dia 23, dia 24, dia 25 e dia 26.
Apostamos que a vidinha dos Virgem Suta melhorou consideravelmente após a passagem pelo palco do castelo, ainda para mais tendo confessado ser visitantes habituais do FMM. A banda de Beja foi conquistando o público com o seu pop, que se move entre uns Humanos e uns Clã, e as letras sempre bastante sui generis. E a tarefa podia não ter sido fácil, tendo em conta que o género musical dos Virgem Suta não é normalmente englobado no FMM, mas o concerto foi sempre em crescendo. A actuação terminou com o inevitável «Tomo Conta Desta Tua Casa», com vários elementos do público em palco, para ajudar à festa, para a qual também contribuiu Carlos Paião, dada versão de «Playback» que os bejenses apresentaram.
A noite começou com as vozes super articuladas dos Ladysmith Black Mambazo, que executam todos os temas a capella, celebrando a liberdade de actuar sem instrumentos, além de cantarem para celebrar os 25.º aniversário da democracia no seu território. O grupo histórico sul-africano, fundado nos anos 60, cujos membros vão passando de geração em geração, agregam aos dotes vocais alguma dança, e também diversas pitadas de humor, que ajudam a tornar tudo ainda mais agradável. Cantando em inglês e zulu, os oito artistas em palco ganharam a admiração e simpatia de todos.
Declarações de José Sócrates, discursos de Marisa Matias, blocos de notícias, tudo foi servindo para abrir os temas que Ikoqwe foi estrear a Sines. O projecto é uma cooperação entre músico e produtor Batida (Pedro Coquenão) e o rapper Ikonoklasta (Luaty Beirão), que surgiram em cena completamente disfarçados, cobertos de ligaduras, entre outros acessórios; o primeiro foi-se ocupando precisamente das batidas e dos motivos electrónicos, rodeado por paletes do Luso e um aquecedor, ao passo que o segundo foi debitando palavras acutilantes e actuais sobre as nossas sociedades. Verdade seja dita que as composições mais valiosas foram aquelas em que o rapper não participou, permitindo apreciar a criatividade de Batida, que claramente se soltava nesses episódios, com especial destaque para o tema que misturou um sample de Bonga a referências a Talking Heads nas vozes. Como satélite, a dupla teve um dançarino/actor que quase sempre se movimentou no fundo do palco, também ele com a sua dose generosa de ligaduras. Nós, terráqueos, apreciámos a visita.
A energia dos Underground System parecia um TGV a tentar chegar a Sines antes do fecho do FMM, e deu azo a um festival de música de dança electrónica, passando por uma miríade de estilos dessa corrente. Foram ao disco, ao house, recorrendo ao mesmo tempo à eurodance, com as congas de Olatunji Tunji sempre a entrar na festa em grande estilo. Em muitas ocasiões o septeto norte-americano, encabeçado pela afro-italiana Domenica Fossati, revelaram uma ambiguidade localizada entre uns LCD Soundsystem e uns Wamdue Project. Os Underground System brindaram ainda a multidão de Sábado com versões de «Bella Ciao» (tornando o tema deveras irreconhecível, à excepção da letra) e culminando a sua passagem pelo FMM com «Blue Monday» emprestada pelos New Order.
Com um ano de atraso, mas cheios de vontade em recompensar pelo percalço, os Inner Circle tomaram a honra de fechar mais um ciclo do FMM no castelo, e ser a banda em acção quando o fogo de artifício sobrevoa o monumento (ainda que este ano tenha sido estranhamente tímido e breve). Com a bagageira repleta de êxitos e muitos anos de estrada, os jamaicanos inflamaram o público com o seu reggae sempre veterano, e usando temas de Beatles para fazer interlúdios nunca deixaram o ritmo afrouxar. Junior Jazz, o actual vocalista, foi distribuindo as palavras de esperança, amor e paz, como é usual ocorrer em espectáculos deste género musical. A festa iria ainda continuar durante algumas horas no palco secundário, localizado na Av. Vasco da Gama, portanto os aventureiros presentes certamente acolheram a bel-prazer este bom espírito e energia oferecidos pelos Inner Circle.
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