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FMM Sines 2022 (27.07.2022)

Depois de abrilhantar o fim-de-semana anterior em Porto Côvo, o Festival Músicas do Mundo regressava ao seu quartel-general, em formato de castelo, para uma quarta-feira super recheada e que, para muitos, apresentava mesmo o dia mais rico de todo o cartaz de 2022.

As honras de abertura do palco do castelo couberam a Sara Correia, que com o seu à vontade, de quem praticamente nasceu de microfone na mão, aproveitou superiormente a oportunidade. Terá sido particularmente saboroso para alguém que regularmente fez férias em Sines, tal como a fadista confidenciou por entre as suas canções, num espectáculo equilibrado, que foi intercalando temas mais calmos com outro mais movimentados a nível rítmico. Com a confiança e a convicção de quem brilha há muito em casas da especialidade, Sara Correia foi mantendo continuamente a atenção da multidão que foi acorrendo progressivamente ao local.

Sara Correia.

Após a pausa para o público poder jantar, que nesta edição de 2022 foi mais lata do que o costume, o que nos pareceu uma boa medida, a multifacetada Letrux foi a primeira protagonista da noite no Castelo de Sines. Com uma moldura humana diminuta, devido ao necessário controlo de segurança à entrada do recinto, o arranque do concerto deu-se em lume brando, tentando ganhar tempo para angariar mais público. Mas um festival é um comboio que não pode parar, porque há horários a cumprir e artistas para actuar a seguir. A artista brasileira foi-nos brindando com a sua loucura controlada e sã, abordando temas dos seus dois discos, num constante flirt com o público, facto que torna sempre as suas actuações bem intensas.

Letrux.

As guitarradas tuaregues são uma temática bem conhecida do FMM Sines, como tal Mdou Moctar encarava um público conhecedor e apreciador da corrente em que se insere a sua sonoridade. O homem de Agadez soou-nos a uma espécie de Bombino 2.0, dado que segue a sua linhagem, mas apresentou um concerto bem mais abrasivo sonicamente, e também em termos de temática através do seu disco mais recente, «Afrique Victime». Foi um verdadeiro desfile de descargas eléctricas, que manteve a massa humana em constante alvoroço.

Artista com quem o FMM já tem uma profunda amizade é Flávia Coelho, que com o seu sistema de som acorreu de emergência a suprir o lamentável cancelamento de Pongo. Dado o seu notável dinamismo, a artista brasileira integrou-se em pleno no alinhamento, mantendo sempre uma toada bem viva, pese embora as temáticas nem sempre digeríveis que as suas composições abordam. A sua actuação foi derivando para um progressivo entretenimento que apenas enriqueceu o alinhamento que tinha sofrido uma baixa de vulto.

Para encerrar com chave de fogo a primeira noite no Castelo de Sines, mais uns velhos conhecidos do FMM: os Dubioza Kolektiv. A festarola está sempre garantida, bem como a qualidade musical colectiva, quando este grupo de bósnios pisa um palco. Foi um frenesim imparável, sem intervalos a quebrar o ritmo, com variadíssimos momentos envolvendo um português bastante perfeito, e um pedido de ajuda para voltar a colocar a Bósnia no mapa da Eurovisão, onde os Dubioza Kolektiv há vários anos tentam singrar. Por entre rock, folclore balcã, ska, hip-hop, dub, muito pulo e dança, e divertimento a rodos, este colectivo bósnio parece estar cada vez melhor e cada vez mais bem oleado para continuar a saciar a necessidade de alegria de todo (ou quase) o tipo de audiência.

Dubioza Kolektiv.

Podem encontrar aqui as reportagens referentes a Quinta dia 28 de Julho, Sexta 29 e Sábado 30, respectivamente.



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