FMM Sines 2022 (30.07.2022)
No derradeiro final de tarde do FMM 2022, aguardava-nos Pedro Mafama, pronto para nos convidar a embarcar nas canções do seu longa-duração de estreia, «Por Este Rio Abaixo». E foi com toda a dedicação que Mafama o fez, fazendo uso do seu maior à vontade em palco nos dias que corre, provavelmente por culpa da companhia que agora tem em palco. Porém, estranhamente, o variado público que sempre desagua no castelo não pareceu corresponder à garra que o artista da Graça foi demonstrando em palco, à excepção da facção mais à boca do palco. Foi pena.
Ao serão, a usual multidão de Sábado à noite derreteu ao escutar a (ainda) maravilhosa voz de Omara Portuondo, que vincou o cliché de que quem sabe nunca esquece. Com uma energia espantosa para a sua avançada idade, desfilou graciosamente (sentada no seu cadeirão) pelo cancioneiro cubano, bastante admirado e conhecido pelo público nacional (e não só, claro está). Foi notável como Omara era quem ainda puxava pela imensidão de pessoas, que se deleitavam num silêncio respeitador, absorvendo cada sílaba que a diva cubana emitia. Assinalando a derradeira digressão da sua longa e cintilante carreira, Omara Portuondo foi merecidamente distinguida em palco pela Embaixada de Cuba em Portugal, que não deixou passar em claro a sua presença em Sines.
A dupla Ladaniva abordou seguidamente o palco do castelo com a sua mistura de Leste e dos Balcãs e tudo o resto que o multi-instrumentista Louis Thomas vai decidindo agregar à límpida voz de Jacqueline Baghdasaryan. Foi uma actuação sóbria, com uma simpática presença de Jacqueline em palco, e que permitiu facilmente denotar quem traz que influências para o universo de Ladaniva.
A meia-noite aproximava-se, e o momento de fogo de artifício também, daqui fosse altura de chamar Seun Kuti & Egypt 80 para ofertar a última animação ao castelo no FMM 2022. O cocktail do esperado afrobeat com muitas outras ramificações igualmente originários do continente africano não soaram demasiado festivas ou celebratórias para o final de festa que o festival de Sines nos acostumou ao longo das décadas. Foi obviamente uma performance de altíssimo nível de execução, como não poderia deixar de ser vinda das entradas do filho mais novo de Fela Kuti e da antiga banda do mesmo (com alguns elementos originais), mas que não deixou de ecoar uma amálgama de sons já familiares aos ouvidos habitualmente à escuta no FMM, mas sem grande distinção.
Podem encontrar aqui as reportagens referentes a Quarta dia 27 de Julho, Quinta 28 e Sexta 29, respectivamente.
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