FMM 2023 (27.07.2023)
Na quinta-feira o castelo de Sines arrancou novamente em português, como sucederia aliás em todos os dias da edição de 2023.
Rita Vian, com o seu semblante sempre calmo, trouxe-nos as inquietações das suas canções, com aquele marcante timbre de fado e as sombras escondidas por entre a carga electrónica desenhada e projectada pelo seu comparsa de palco, João Pimenta Gomes. Até Sines, Rita Vian acarretou o bónus de nos brindar com algumas das novas composições que rechearão o trabalho vindouro, que exibiu uns tons mais longínquos da toada vocal fadista, e que aparentaram conter mais balões de oxigénio. Ficámos muito curiosos por mais novidades além da “Animais”, que já domesticámos.
O início do serão, marcado por intermináveis filas que serpentavam por todas as laterais do castelo (algo nada costumeira numa quinta-feira) ficou a cargo dos Gilsons. Foi notório que muita gente acorreu especificamente para assistir ao show da banda canarinha, e mesmo no exterior do castelo era possível testemunhar pessoas embaladas pelo ritmo afável, acompanhando o concerto nos tradicionais ecrãs gigantes disponibilizados pelo FMM. Um actuação bem passada, mas que nunca chegou propriamente a aquecer.
Mais efervescente foi a presença dos interessantes Bab L’Bluz, que abriram sem medos os portões aos blues originários de Marrocos, com uma pitada adequada de psicadelismo. Fazendo juras de amor à música gwana, a banda encabeçada por Yousra Mansour não fica com os pés presos à tradição, e salta para outras correntes com o contentamento de quem ama aquilo que está a ecoar.
Os Tinariwen são um dos nomes mais proeminentes das famigeradas músicas do mundo, e como tal são um nome sobejamente afamado por entre os seres que entram pelo castelo de Sines adentro, sendo, portanto, previsível que fossem uma das bandas mais aguardadas desta 23.ª edição do FMM Sines. Mantêm os ânimos permanentemente acesos ao longo da sua performance, sem exageros nem fogos de artifício, apenas aquele ritmo e aquelas guitarradas que nos conquistaram o coração e os ouvidos ao longo dos anos, até se tornarem perfeitamente familiares. Terão sempre o condão de ter tornado normal aquilo que era longínquo e fora das caixas onde éramos colocados, mesmo sem termos noção disso.
Quem pegou mesmo fogo foi a união de forças Alright Mela Meets Santoo. A emoção e energia que foi ressoando por todo o castelo foi algo de espantoso. O caldeirão onde se misturam o oud e os sintetizadores, por parte da dupla Alright Mela, as vozes poderosas, ofertadas por Shahzad Santoo Khan e seu ensemble, vai entrando em progressiva erupção, levando o público recorrentemente ao êxtase, num verdadeiro transe colectivo ao ritmo das omnipresentes palmas.
Já ao nível da praia, os merecidamente regressados África Negra trocaram de palco (relativamente à presença anterior) mas não deixaram os seus créditos por colunas alheias, e pese embora a recente perda do icónico vocalista João Seria (devidamente homenageado nas paredes do castelo) continuam a manter bem vivas as sonoridades são-tomenses.
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As restantes reportagens podem ser encontradas aqui:
26 de Julho
28 de Julho
29 de Julho
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