FMM 2023 (28.07.2023)
O arranque da sexta-feira, tal como todos os outros dias desta edição, deu-se com talento nacional. Desta feita, um veterano, que já actuou por diversas vezes nos palcos do FMM. Se na edição anterior visitou Sines com o seu Club Makumba, em 2023 Tó Trips deslocou-se ao FMM para apresentar mais um registo discográfico a solo, publicado poucos meses antes. Com a companhia do contrabaixo de António Quintino e o violoncelo de Helena Espvall, Tó Trips foi folheando «Popular Jaguar», o seu mais recente álbum de viagens, que nos vai dando a conhecer com todo o detalhe através das cordas. A sua guitarra logrou ganhar tiques bem característicos, em especial durante a fase Dead Combo, num estilo que o ouvido atento identifica imediatamente, mesmo nos diversos seguidores que se têm aglomerado nos anos recentes. Os manuseamentos luxuosos das cordas em palco contrastam muita vez com as projecções de locais arenosos, meio abandonados, meio decrépitos, meio mal-afamados que as composições de Tó Trips bordam. Um universo transmitido com êxito mesmo perante um cenário que poderia não rimar com a ambiência calma do disco.
Nesta mesma noite, foi coroada no Castelo a auto-proclamada rainha do FMM, Rodrigo Cuevas, que seria manifestamente reconhecida como tal pela multidão que se encontrava intramuralhas. O asturiano proporcionou um concerto arrebatador, que incendiou com relativa facilidade a audiência, super rendida à sua dedicação e à qualidade das suas canções, onde tão bem mistura a tradição com traços de modernidade, que valem como uma brisa fresca. E, se no ano transacto, no festival MED, quebrou em demasia o ritmo do espectáculo com explicações demasiado longas acerca do seu trabalho, Rodrigo Cuevas em Sines foi uma locomotiva que não deixou ninguém apeado.
Existia bastante entusiasmo para receber um naipe de veteranos como Inna De Yard em acção. Propulsionado pelo novo disco, o supergrupo jamaicano embarcou numa tour europeia que os trouxe até ao FMM, onde assinaram uma exibição de altos e baixos, com alguns dos famigerados membros do colectivo em forma bem superior aos demais, o que é até perfeitamente compreensível dada a avançada idade de muitos deles. Winston McAnuff merece o destaque maior, tendo sido evidentemente o mais destacado em termos de performance, num desfile do reggae da velha guarda.
Desfalcados de Arthur ‘Gaps’ Hendrickson, por motivos de saúde, The Selecter tiveram que delegar à emblemática Pauline Black todas as vocalizações do concerto no Castelo de Sines. E, não menorizando a baixa em questão, não foi isso que a festa não foi assegurada, aos pulos e a dançar, ao som do ska britânico que a banda fundada ainda na década de 70 tão bem preconiza. Foi, de facto, um privilégio poder assistir in loco a este género musical interpretado por músicos daquela geração, que ainda faz levantar poeira com o seu cancioneiro.
Alongando a noite à beira, os Tabanka Djazz ofereceram uma performance bem suada, como se quer, quando falamos de musicalidade dos PALOP, mais especificamente da Guiné-Bissau neste caso. Foi muito bom ver, e dançar, que ao fim de quase trinta anos este projecto se mantém numa forma tão elevada. Torna-se fácil driblar o sono e dar uso a todos os músculos do corpo durante mais uma hora quando encontramos música deste calibre e calor num palco próximo de nós.
As restantes reportagens podem ser encontradas aqui:
26 de Julho
27 de Julho
29 de Julho
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