Fua
Quem é o Fua?
Já foi promessa do futebol regional, hoje é o rei sem trono da Lovers&Lollypops, promotora, editora e interposto musical de muita música portuguesa e internacional. A RDB apanhou-o à espera de um comboio, enquanto não comia arroz branco e pensava numa boleia. Festão mínimo garantido.
Quem é o Fua?
Acho que as respostas às perguntas seguintes respondem a esta.
Mas chamas-te Joaquim Durães. Fua é um apelido incomum ou alcunha? De onde vem?
Fua é alcunha e segue-me, feliz ou infelizmente, para todo o lado desde uma incarnação anterior como promessa do futebol nacional (regional).
Onde cresceste e estudaste?
Nasci em Salvador do Campo, uma aldeia de Barcelos, onde vivi até aos 18 anos. Depois da primária fui estudar para Barcelos e todo o crescimento surgiu do imenso marasmo que se respira naquela cidade. O tédio como força motriz da criação encontra o seu paradigma na cidade de Barcelos. Só assim se explica a imensidão de bandas que de lá surgem.
Uma vez ouvi alguém dizer que eras “o rei desta merda toda”. É verdade?
Limito-me a promover bandas das quais realmente gosto. Reis somos todos nós; bandas, editoras, promotoras, designers, público. Alimentar um nicho tão diminuto como este é super complicado mas a satisfação de que daí advém compensa todas as dificuldades que surjam.
Se preencheres um daqueles formulários de impostos o que escreves em “actividade”?
Ainda bem que me lembras disso… Suponho que prestação de serviços sirva para não me chatearem muito, ou isso ou toureiro.
Como é que começaste a organizar concertos?
Nos tempos do secundário criei uma fanzine. Chamava-se “Imolação da Mente” e, como o próprio nome indica, dedicava-se a sonoridades extremas. Para promover a coisa decidi fazer um concerto de apresentação. Entretanto, fui tendo cada vez menos tempo para me dedicar à fanzine e a ideia acabou por desvanecer. Uns anos mais tarde, já na faculdade, o Pesadelo Amarelo (a claque do Futebol Clube de Carapeços) fez-me uma proposta irrecusável: a organização do Pesadelo Rock. O acordo era simples. Eles financiavam e eu organizava e se corresse bem ganhávamos todos, se corresse mal corria o risco de levar um enxerto de porrada. O alinhamento contava com os Mata Ratos, os D.U.I., Gustavo Costa + Benjamin Brejon + Jonathan Uliel, Green Machine, Dance Damage e Alison Bentley. Apareceram umas oitocentas pessoas… Um ano mais tarde, e depois de uma experiência com o underground catalão, criava a Lovers&Lollypops com o João Pimenta (Green Machine, ALTO!, Floc de Neu).
Qual é o processo de trazer cá uma banda estrangeira: vais ao MySpace e mandas uma mensagem?
Há diversas formas de se processar isso, umas mais românticas que outras, mas normalmente passa por estar atento às constantes tours, perceber se compensa à banda e à Lovers&Lollypops a viagem até Portugal. Essa informação e know-how surge das horas passadas à frente do computador e à rede de contactos que se estabelece ao longo dos anos.
Fazes mais alguma coisa para além de ser o Ahmet Ertegun da L&L ou dedicas-te em exclusivo?
Para além da Lovers&Lollypops trabalho na produção dos eventos do Plano B.
Tens certamente estórias caricatas e burlescas de vindas de bandas a Portugal. Podes partilhar algumas?
Qualquer concerto é digno de uma estória, mas as mais caricatas aconteceram há uns anos atrás. Bateristas com dedos partidos, teclados perdidos, confusões com donos, problemas com a polícia, etc, etc. No nosso blogue estamos a escrever algumas das estórias do fundo do baú da Lovers&Lollypops por isso o melhor é estarem atentos.
Há alguém que andes para trazer há imenso tempo e ainda não tenhas conseguido? Por outro lado, há alguma banda que tenha vindo e que te arrependas de ter convidado?
Há uma série de bandas mas prefiro não revelar quem porque acredito que mais cedo ou mais tarde as conseguirei trazer. Arrependimento apenas de não ter trazido algumas bandas. Arrependimento de ter trazido não há nenhum…
Algum dia haverá novo Milhões de Festa?
Talvez. O Milhões de Festa funcionou como o fechar de um ciclo. Quando sentir que é necessário fechar mais um capítulo e abrir outro surgirá um novo Milhões de Festa.
O que andas a ouvir?
Pergunta difícil. Neste momento estou à espera de um comboio na Pampilhosa da Serra para apanhar uma boleia em Mangualde para o festival de psicodelia Castell de Guadalest e levo comigo: White Hills, Earthless, Fuck Buttons, The Field, Wavves, Entombed, Black Sabbath, Neil Young, Grouper, Eat Skull e Fucked Up para me acompanharem na viagem de 10 horas que me espera.
Diz-nos três coisas que não sabemos sobre ti.
Na primária, o meu hobbie era a pesca, mas não matava os pobres peixes. Não como arroz branco. E em puto destruí alguns discos do meu pai como “For Those About to Rock…” dos AC/DC ou o “Live in Japan” dos Judas Priest ao utilizá-los como frisbee…
Preferias que esta entrevista tivesse sido um daquelas inquéritos de Verão?
Seria interessante responder a perguntas como qual é o meu destino de férias favorito e que coisas são indispensáveis nas férias. Talvez numa futura entrevista para a Caras.
Foto: Joana Castelo
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