Glenn Jones + Filho da Mãe @ ZDB | 3 de Março
Da América e de Portugal, com amor. Assim se dedilham guitarras.
Por só ter sido abençoada com 1,60 m e os fãs de Glenn Jones e Filho da Mãe me terem parecido particularmente altos, este foi daqueles concertos em que senti e ouvi mais do que vi. O que, tendo em conta os artistas de que falo, não foi totalmente mau, deu até uma dimensão diferente a tudo o que ali se passou.
A verdade é que foi um concerto sem grandes surpresas. Já sabíamos de antemão que tanto Filho da Mãe como Glenn Jones são muito bons músicos, exímios na arte de tocar guitarra e com uma sensibilidade musical extraordinária. O que não sabíamos é que Glenn Jones é um contador de histórias nato. Para além de transformar as paisagens americanas em elementos musicais, ainda nos contou várias histórias sobre a criação das mesmas, a sua amizade com John Fahey (que nos anos 50 criou a editora Takoma Records, que viria a produzir tanto Fahey como Jones, mas também Bukka White, Jack Rose, entre outros grandes nomes da música folk e country americana), entre outras. Aliás, as histórias foram tantas que a certa altura já só pedíamos que voltasse a dar-nos música. Fazendo-se acompanhar tanto da guitarra como do banjo, instrumento que começou a tocar recentemente, tocou não só várias músicas da sua autoria, mas também algumas versões como, por exemplo, de «Redwood Ramble», originalmente tocada por Robbie Basho. Senhor de uma grande serenidade e calma, mostrou-se simpático e divertido, pontuando todo o concerto com pequenas observações e piadas, para além das tais histórias de que já falei.
Quanto a Filho da Mãe, que assegurou a primeira parte, já muito se disse por essa internet fora e tudo o que aqui escrever será praticamente uma repetição, mas a verdade é que há coisas que devem ser ditas mais do que uma vez. Tocando grande parte do repertório do seu álbum “Palácio” e algumas surpresas, como uma colaboração com a banda Linda Martini, Rui de Carvalho, assim se chama este Filho da Mãe, mostrou aquilo que lhe granjeou tão boas críticas, tocando com alma e, segundo me disseram, de olhos fechados e sorriso na cara atacou a guitarra como se não houvesse amanhã e transportou-nos a todos para outro lugar. Bem-humorado e falador, foi falando das vezes que já passou pelo palco da ZDB com as suas bandas anteriores e da importância que teve para ele estar ali a fazer a abertura para um artista como Glenn Jones.
A sala, que estava bem cheia, recebeu-os a ambos de braços abertos, pés prontos a acompanhar o ritmo e vontade de ser transportada para as noites mais quentes e menos chuvosas que o som da guitarra acústica assim dedilhada nos faz lembrar.
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