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Goodbye, Ölga | Entrevista

10 anos é muito tempo.

Os Goodbye, Ölga, acabaram de lançar um álbum homónimo que marca o fim de um longo período sem editar. A Rua de Baixo aproveitou a ocasião para colocar algumas perguntas a João Hipólito.  O que andaram a fazer durante este período e, naturalmente, sobre o novo disco.

Rua de Baixo (RDB): 10 anos é muito tempo. Por onde “andaram” os (agora) Goodbye, Ölga durante este período?
João Hipólito (JH): Embora o projeto tenha ficado em pausa durante este período, nunca paramos de tocar e dedicámo-nos a outros projetos musicais paralelos como “Michael Nice”, “Yu John”, ou “L Mantra”.

RDB: O que vos passou pela cabeça quando foram ameaçados com um processo devido ao nome da banda? Parece uma história digna de um argumento de um filme…
JH: Quando fomos notificados que teríamos que modificar o nome da banda, porque uma artista americana era detentora dos direitos do nome olga e de todas as suas variantes, pareceu-nos inicialmente um esquema destes fraudulentos da internet, ao qual não ligamos muito. Infelizmente, só quando vimos as nossas contas em redes sociais e em plataformas de distribuição bloqueadas é que nos apercebemos que a situação era mais grave.
Convém contextualizar que tudo isto está relacionado com a edição online e comercialização em formato digital. Obviamente que não tínhamos disponibilidade financeira nem qualquer interesse em entrar numa disputa jurídica, mas sentíamo-nos algo injustiçados pois a artista em questão só tinha edições registadas a partir de 2010 e nós já editamos fisicamente desde 2004, para além de ser noutro continente, de o nome ser diferente, graficamente, foneticamente, etc. Depois de algumas trocas de emails conseguimos manter alguns conteúdos online, mas grande parte foi bloqueado. 

RDB: Foi difícil chegar ao novo nome, Goodbye, Ölga?
JH: Não, nem por isso! Fazia todo o sentido manter o nome Ölga e o “Goodbye” surgiu naturalmente com um toque de ironia devido à obrigatoriedade da mudança de nome.

RDB: Olhando para trás, para os vossos álbuns anteriores, e olhando agora para o novo álbum, o que vos parece que mudou?
JH: Mudou muita coisa, a começar pela introdução de novos membros da banda, Filipe Ferreira na bateria e o Tiago Fonseca no baixo que acrescentam novas influências e energia aos temas. 
Existe um foco maior nas guitarras e procuramos explorar sonoridades mais dentro da estética Rock e do Post-punk. Houve também mais preocupação com a homogeneidade dos temas que compõem o álbum. 

RDB: “Goodbye, Ölga”, o álbum, está dividido em duas partes distintas; o lado vermelho e o lado negro. Foi algo que idealizaram desde o início ou acabou por ser algo resultante daquilo que foi o processo de composição deste álbum?
JH: Não pretendemos que o disco tenha uma ordem para a sua audição. Acabou por ser um pouco o resultado do processo e a forma de esteticamente diferenciar os dois lados.
O lado vermelho, engloba temas mais antigos, um pouco mais diretos e melodiosos. O lado Negro temas mais recentes e estilisticamente mais obscuros e agressivos, dai a opção das cores.

RDB: A Fundação GDA tem tido um papel muito importante no apoio a muitas bandas que, casos contrários teriam sentido dificuldades em conseguir editar e distribuir a sua música, ainda para mais nos tempos que correm, com o setor da cultura a ser um dos mais afectados por tudo o que tem acontecido. Sentiram essas dificuldades na pele?
JH: Claro que sim! Como qualquer banda sem editora sentimos na pele essas dificuldades. Sem o apoio da GDA provavelmente nunca teríamos concretizado este disco duplo. Foi um incentivo bastante improvável, mas que apareceu na altura ideal.

RDB: Gravaram o álbum num período longo de 2021, que apanhou os momentos difíceis do início do ano, e que foi até Setembro. Querem falar um pouco sobre como correu o processo de criação do álbum?
JH: Devido aos constrangimentos provocados pela situação pandémica, o método de composição e de gravação foram alterados. 
Ao contrário do habitual método coletivo de composição na sala de ensaio, grande parte dos temas do álbum foram compostos em casa, de uma forma individual. 
Recorrendo aos recursos tecnológicos, fomos partilhando as ideias e aprimorando os temas. Quando foi possível retornar aos ensaios, já tínhamos uma ideia bem próxima do resultado final. 
Outra grande preocupação no processo de gravação foi tentar captar os temas o mais “live” possível. O álbum foi gravado no nosso estúdio, integralmente pela banda e grande parte dos takes do disco, são takes únicos sem edições ou cortes.

RDB: «Cop’s Delight» é acompanhado por um magnífico vídeo, com realização de João Teotónio e que procura retratar a influência da estética obscura do film noir na vossa banda. Como é que esta estética se materializa nas vossas canções?
JH: Somos amantes de cinema e a estética” film noir” sempre foi algo que apreciamos. Grande parte das nossas composições são influenciadas por estados de espírito que podem ser representadas de diferentes maneiras, neste caso, o preto e branco, o lado mais misterioso e fatalista do” film noir” faziam todo o sentido para este tema.

RDB: Está nos vossos planos apresentarem o novo álbum em palco?
JH: Sim, sempre foi nossa intenção apresentar em palco os temas deste disco.



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