Grande Prémio Fundação EDP Arte | Artur Barrio
O artista plástico português, a residir no Brasil, é reconhecido com o Grande Prémio Fundação EDP Arte 2016 pelo interesse e relevância histórica de uma carreira de mais de 40 anos dedicada à prática artística.
A Fundação EDP acaba de consagrar o artista plástico português Artur Barrio com o Grande Prémio Fundação EDP Arte 2016, uma eleição que reuniu unanimidade do júri internacional. “Atitude é um conceito chave no trabalho de Artur Barrio. O que está presente nessa palavra – que ele transformou vezes sem conta nos seus trabalhos, situações e performances – é uma noção do pessoal, da reação individual às circunstâncias, ao nosso tempo”, realça Chus Martinez, curadora e diretora do Institute of Art da FHNW Academy of Art and Design em Basel e um dos membros do júri.
No ADN da obra de Artur Barrio consta a utilização de materiais efémeros e inesperados como café, sangue ou carne, criando experiências que envolvem o público e provocam reações extremas. Exemplo do poder do artista de transformar o espetador em testemunha foi a sua intervenção intitulada Trouxas Ensanguentadas, que se tornou numa referência da arte contemporânea no Brasil e da luta contra a repressão da ditadura brasileira. A intervenção consistiu na colocação de sacos com materiais orgânicos e dejetos dando a impressão de que se tratavam de corpos ensanguentados. Entre outros momentos, Barrio fez esta intervenção durante a coletiva Do Corpo à Terra, no Parque Municipal de Belo Horizonte (Minas Gerais), em 1970, tendo atirado 14 trouxas ao rio Arrudas.
“As atitudes são também a produção de um exílio humilde, uma forma de reagir à impaciência da história, de produzir pensamento através de um gesto de retirada, ceticismo, de desconectar crítico. Esta é uma das mais notáveis contribuições da obra de Artur Barrio. Independentemente do quão longe ele esteve de nós, de ‘casa’, o seu trabalho estava lá para se dirigir a nós, para enriquecer e libertar a própria noção de casa e de identidade. Artur Barrio, por isso, sempre teve um ‘pé’ no futuro”, assinala ainda Chus Martinez.
Com a atribuição do Grande Prémio Fundação EDP Arte 2016, Artur Barrio será homenageado através de uma exposição de caráter retrospetivo e/ou antológico, com a publicação de um catálogo que constitui uma importante referência historiográfica e bibliográfica, bem como com a atribuição do valor pecuniário de 50 mil euros.
O júri foi constituído por António Mexia (Presidente do Conselho de Administração Executivo da EDP e Presidente da Fundação EDP), Pedro Gadanho (Diretor do MAAT), João Pinharanda (Historiador e Crítico de Arte e atual Adido Cultural junto da Embaixada de Portugal em Paris), Hans Ulrich Obrist (Diretor Artístico da londrina Serpentine Galleries), Suzanne Cotter (Diretora do Museu de Arte Contemporânea de Serralves), Chus Martinez (Diretor do Basel Art Institute), Emília Tavares (Conservadora e Curadora para a área da Fotografia e Novos Media, no Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado) e Nuno Crespo (Investigador e Crítico de Arte).
O Grande Prémio Fundação EDP Arte, criado em 2000, é uma iniciativa trienal que pretende consagrar artistas plásticos de nacionalidade portuguesa, com carreira consolidada e historicamente relevante, cujo trabalho contribui para afirmar e fundamentar as tendências estéticas contemporâneas. Na história das suas edições, este prémio já distinguiu grandes nomes da arte contemporânea nacional como Lourdes Castro (2000), Mário Cesariny (2002), Álvaro Lapa (2004), Eduardo Batarda (2007), Jorge Molder (2010) e Ana Jotta (2013).
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