Gyedu-Blay Ambolley @ B.Leza (17.05.2023)

Felizmente têm-se tornado mais recorrentes actuações ao vivo, em nome próprio, de músicos e bandas oriundos de locais menos usuais e comerciais, circuito onde o trabalho da promotora Ao Sul do Mundo merece óbvio destaque. Isto é apenas possível tendo à mercê um público mais atento e interessado, certamente alimentado por certames de renome como o FMM de Sines ou o Festival Med em Loulé (entre outros de menor dimensão mas cuja existência é igualmente preponderante para estes avanços), para além da abertura de portas providenciado pela auto-estrada da informação.

Foi portanto como uma brisa refrescante que recebemos a vinda de Gyedu-Blay Ambolley e sua banda às instalações do B.Leza. E a verdade é que o sentimento de frescura era ainda mais acentuado à saída do concerto. O James Brown do Gana, como é frequentemente denominado, esteve em palco acompanhado por sete músicos, entre bateria, percussão, guitarra, teclados, baixo e um duo de metais. O mestre de cerimónias vai repartindo o seu tempo entre funções de orquestrados, saxofonista e vocalista.

Como é usual no highlife, género musical que a mestre ganês pratica com a sua vasta banda, a fatia de leão da performance focou-se na parte instrumental das suas composições, que vai muitas vezes rodando entre os diversos intérpretes em palco, mas com evidente pendor para os metais. Além da alegria natural dos músicos, a tons emitidos pelo trombone de vara e o trompete espalharam riqueza por toda a sala do B.Leza, colocando simultaneamente um permanente sorriso em todos quantos iam abanando a anca e mexendo os pés. Até porque os ritmos complexos da bateria, coadjuvados pela percussão, impedem qualquer dos presentes de estar absolutamente parado.

Não admira, portanto, que os laços entre Gyedu-Blay Ambolley e comparsas e o público se tenham construído de forma rápida e sólida, num serão que deu direito a dois encores e com o músico ganês a permitir inclusivamente discos pedidos na última faixa interpretada, numa clara demonstração de que ambas as facções desfrutaram bastante do concerto.