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Hanne Hukkelberg

“Os outros países têm muito a aprender com a Noruega”.

Hanne Hukkelberg vem da Noruega, país que, à semelhança das vizinhas Suécia e Finlândia, têm nos últimos anos exportado alguma da mais interessante música da actualidade. Uma brisa de ar fresco, numa altura em que as bandas vindas de terras de Sua Majestade soam todas o mesmo.

É justo afirmar que, logo a seguir ao Reino Unido, são os países nórdicos (Suécia, Noruega e Finlândia) os maiores exportadores de música na Europa. Da Suécia os Cardigans, Mando Diao, Koop, The Hives, Peter, Bjorn & John e The Sounds, só para citar os mais óbvios. Da Finlândia os Apocalyptica, os HIM, os Nightwish e – porque não? – os Lordi, vencedores de um Festival da Eurovisão da Canção. Por fim, vêm da Noruega os Datarock, os Kings of Convenience e inúmeras bandas heavy-metal – nesto área o Norte da Europa é Rei.

Hanna Hukkelberg é norueguesa. Recentemente foi publicado um artigo na imprensa nacional, relativamente ao apoio do governo sueco às bandas nacionais desse país. Os artistas noruegueses também sentem esse tipo de apoio? “Sem dúvida. Acabo de ser nomeada para o prémio “A-ha”, o que é uma garantia de apoio para as bandas norueguesas com alguma actividade internacional. Fui nomeada na mesma categoria de uma banda jazz-metal norueguesa, os Shining. Eles conseguiram ganhar e é fantástico tê-los ajudado, de certa forma, a ganhar. A Noruega é, no geral, muito boa a ajudar os seus artistas. Penso que outros países podem aprender muito com isto.”

Material caseiro

Hukkelberg usa vários instrumentos caseiros em estúdio. Existe alguma curiosidade de ver como estas “experiências” resultam ao vivo. “Não faço instrumentos, mas frequentemente convido pessoas que os fazem para tocar nos meus discos. E é muito frequente usar objectos e instrumentos do dia-a-dia: baldes de água, uma bicicleta, congeladores e fornos, gravo a chuva, uso a minha secretária e outras coisas à minha volta para [fazer] rimas e [criar] atmosferas.” Em relação ao espectáculo ao vivo diz que “é impossível trazer tudo o que está em disco para o palco. Por razões práticas. Trazemos connosco o som, a energia, a nossa musicalidade e as nossas vozes. O que cabe dentro da bagagem, nós trazemos. Receio que isso signifique que não vamos trazer frigoríficos e fornos que, basicamente, eram o kit de bateria de “Blood From a Stone”, o meu último disco. A menos que possas encontrar um para nós em Portugal!”. Não, também por razões logísticas não nos foi possível emprestar um forno ou um frigorifico a Hanne Hukkelberg.

Como escolhe a artista os objectos que usa? “No meu último álbum, para além de frigoríficos e fornos, usei caixas de vaselina, gravei a porta de um comboio, os pássaros a cantar e ainda usei guitarras, baixo e outros instrumentos. A minha música é sempre muito experimental. Como disse, facilmente pego em coisas que estão à volta quando componho e o som dessas coisas faz da música algo especial”.

Influências

Confrontamos Hanne com o seu passado. Pertenceu a uma banda de heavy-metal e é uma fã confessa de rock e jazz. Como podem influências tão dispares influenciar uma carreira a solo que se baseia na folk? “Acho que o que é interessante com a música é a possibilidade de não ter limites e de quebrar regras. Porque haveria de compor música de um só género? Fui inspirada pelo rock, metal, compositores clássicos, new-wave, folk, pop, hardcore e pelo indie. Sinto-me mais focada num género experimental.”

Sabemos também que a norueguesa compôs uma canção para o DVD da adaptação de “Prince Caspian” da série “Crónicas de Narnia”. Sente-se inspirada por este tipo de trabalho? “Foi uma grande oportunidade e foi divertido tomar contacto com o filme, com Hollywood e com a Disney, mesmo pensando que somos bastante diferentes”.

Há uma artista que temos a tendência a associar a Hukkelberg: a islandesa Bjork. “Sim, já conhecia o trabalho dela quando segui a solo. Mas não terei deixado nada para trás quando parti para a carreira a solo? De qualquer forma, respeito muito o trabalho da Bjork.” Para finalizar colocamos a questão ao contrário – encontramos influências de Hukkelberg em novas artistas como Feist, por exemplo. Acha que é, de alguma forma, uma influência para estas artistas que apareceram nos últimos anos, já depois de si? “Acho que toda a gente é influenciada por toda a gente. Frequentemente podemos falar sobre um “Zeitgeist”. O vento sopra e nunca sabemos quem é o primeiro a ser grande em determinada cena. É por isso que me concentro sempre em fazer o que acho que é importante para mim. Vou estar sempre conectada ao Mundo, mas se alimentar e formar a minha própria personalidade vou sempre ter algo especial para dar”.



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