“História do PCP” | João Madeira
Assim, se lê, a força do PC
“Das origens ao 25 de Abril”. Ou, traçando um mapa temporal, de 1921 a 1974. É este o sub-título escolhido para “História do PCP” (Tinta da China, 2013), livro do historiador João Madeira que se propõe contar a história do mais antigo partido político português.
Já antes João Madeira havia publicado “Os Engenheiros das Almas”, livro que se debruçava sobre a influência e os conflitos do PCP com os intelectuais, mas este é um trabalho à beira do colossal, não só pelas suas quase 700 páginas mas pela profundidade a que escava.
Nele assistimos à criação da Federação Maximalista Portuguesa, fundada ao sabor dos ventos que sopravam então com a Revolução soviética de Outubro de 1917, mostrando uma veia anarquista até então ausente do ADN comunista à escala planetária. Mesmo não tendo sobrevivido à prisão do seu então dirigente máximo, Manuel Ribeiro, esta Federação veio a constituir a base para a fundação do Partido Comunista Português, nascido a 6 de Março de 1921.
A história do PCP é a de um partido assaz particular que, mesmo tendo assistido em directo à extinção dos regimes que praticavam o socialismo real, sobreviveu para contar a sua história tendo, nos dias que correm – com o suicídio político do Bloco de Esquerda e a indefinição ideológica do Partido Socialista -, a oportunidade de reforçar a sua posição enquanto partido das classes oprimidas (que agora são praticamente todas).
O livro apresenta os momentos mais marcantes que o partido viveu, tais como a reorganização de 1940-41, a cisão maoísta ou a posição perante a guerra colonial.
Acima de tudo, “História do PCP” tira uma radiografia à «única organização a resistir de modo estruturado e permanente ao regime», tornando-se conhecido como o partido anti-fascista por excelência. Resistência essa que, para João Madeira, assentou em quatro factores: «a identificação entre os objectivos da luta e as aspirações profundas do povo português; a existência de um colectivo de homens dispostos a sobrepor esses objectivos à própria vida; a criação de uma organização de matriz leninista como suporte dessa disposição de luta; e, finalmente, a ligação do partido aos trabalhadores e às massas.»
Ex-maoísta e dirigente do Bloco de Esquerda, João Madeira oferece um documento histórico, bem escrito e fundamentado – a que apenas faltará uma componente visual -, sobre um Partido que resistiu ao fazer prevalecer a sua lógica pragmática e economicista em detrimento de uma verdadeira hegemonia ou de um projecto verdadeiramente revolucionário. Ou, dito de outra forma, que se adaptou para sobreviver.
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